Capítulo 17 - Ano Dezesseis

9 1 0
                                    


Espaço. Guerra do Tempo.

O Doutor viajava tentando ao máximo escapar da Guerra. Enquanto ele mexia no console da Tardis, a procura de outro destino, alguém chamou a sua atenção.

- De todos os seus rostos, você era quem eu achava o menos covarde. Até agora! - Disse River Song, sentada em uma poltrona, atrás do console, com o livro A Máquina do Tempo aberto em suas mãos.

- Você! - Ele virou e olhou para ela sem nenhum traço de surpresa.

- Você lembra de mim?

- Eu passei essa encarnação quase toda tendo momentos de amnésia, acho que criei algum tipo de imunidade.

- Bobinho! - River sussurrou, sorrindo, escondendo o rosto atrás do livro.

- O que?

- Nada! Onde você pretende ir?

- O mais longe da Guerra do Tempo o possível!

- Mas o que aconteceu com a promessa de nunca ser covarde?

- É uma guerra! Se você quiser sobreviver, você a evita!

- E quem não puder evitar?

Ele ficou pensativo por alguns segundos, ela continuou:

- Você é o Doutor! Você salva pessoas e qualquer ser existente que estiver em perigo.

- Como posso salvar alguém quando até o meu povo está fazendo genocídios?

- Seja diferente! Dê o exemplo!

- Você não deve conhecer os Senhores do Tempo. Muitos ali tão muito longe de ter uma consciência! 

- Eu não pedi para você ser o exemplo do Alto Conselho, mas do povo. Afinal, você é um renegado!

- Quando convém a eles!

- Eu sei! É desesperador ver a sua própria espécie tomando decisões estúpidas e levando os seus a morte, mas ainda há esperança! Tem que existir!

Ele apenas a olhou em silêncio. Ela continuou.

- Só por hoje! Faça a diferença! Salve uma vida! Apenas uma! O que me diz?

- Você tem alguma ideia?

Ela se aproximou do console, apertou uns botões e apontou para a tela.

- Aqui! Uma espaçonave danificada à beira de um colapso. 

- E se não aceitarem a minha ajuda por eu ser um Senhor do Tempo?

- Diga que é um dos bonzinhos. Pelo menos, você não é um Dalek! Boa sorte, Doutor!

- Obrigado, River!

Ela o beijou e desapareceu na sua frente.


Mês Três.

O Doutor ainda estava em seu trabalho na oficina, quando recebeu outra visita de Nardole. O Doutor virou sua cabeça para trás, olhou para Nardole e perguntou:

- Me responda, Nardole, o que aconteceu com Ramone? Faz tempo que eu não o vejo!

- O Ramone?

- Sim, o outro marido de River.

- É... Ele está de folga, senhor!

- Então, você vem aqui sempre nas folgas dele?

- Sim!

- E o que ele faz nas suas folgas?

- É...

- Só trabalho nessa... – Disse a voz dentro de Hydroflax.

- Aham! – Nardole coçou a garganta a tempo de silenciar Ramone.

O Doutor olhou o robô de cima a baixo com muita curiosidade.

- Eu nunca perguntei para vocês dois, mas como é está nesse corpo robótico com revezamento entre os dois?

- Não é tão bom quanto parece! – Respondeu Nardole com certa ironia.

- Por isso estou fazendo um corpo para você. Mas e o Ramone? Também não quer ter um corpo novo?

- E você iria construir, seu velho filho de...

O Doutor olhou assustado para Hydroflax enquanto Nardole fazia o possível para silenciar Ramone mais uma vez.

- É... Acho que já vou me retirar!

- Já?

- Sim, senhor!

Nardole saiu da vista do Doutor o mais rápido que pôde.


Projeto Pharos, Sussex, Inglaterra. 1981.

O Doutor caiu de um cavalete inclinado. O Mestre havia acabado de escapar. Nyssa, Tegan e Adric corriam na direção do Doutor, seguidos pelos guardas do Projeto Pharos. Nos poucos minutos que ele ficou sozinho no chão da instalação, alguém foi visitá-lo. River Song.

- Olá, docinho! Foi uma queda e tanto, não? - Perguntou ela, enquanto sentava ao lado dele.

- Quem é você?

- A sua esposa. Ou futura esposa. Enfim... Vim aqui para acalma-lo.

- Oh! Para me acalmar? Oh, querida, não precisa! Eu já me preparei! - Ele apontou para o Vigia, uma figura fantasmagórica com rosto e corpo brancos, inexpressivos e sem forma. Ele usava túnicas brancas.

- Quem é ele?

- É o Vigia! Uma manifestação do meu futuro que aprendi a fazer com o meu guru, K'anpo Rimpoche, mas não ficou muito perfeito, como pode ver.

Os dois riram. Ela parou por um instante e olhou para ele com uma expressão de curiosidade.

- Fico impressionada com o quanto você se sente a vontade comigo, sem me conhecer ou lembrar de mim.

- É que sinto que temos uma forte ligação. Mas também pode ser que eu lembre de você, de alguma forma. Quem sabe? - Disse ele, tocando o próprio nariz com o seu dedo indicador.

Ela sorriu, passou a mão sobre o cabelo dele e acariciou o seu rosto.

- Seus amigos estão chegando! Bem jovens, não?

- Sim, sim! Espero ter uma aparência e disposição de jovem também. Digo, depois do processo, você sabe?

- Sim, eu sei! Fique bem querido! - Ela o beijou na testa. - Você teve uma ótima jornada até aqui!

- Eu irei te ver de novo?

- Quem sabe? - Disse ela, sorrindo e tocando o próprio nariz com o seu dedo indicador.

Ela beijou os lábios dele, acionou seu manipulador de vórtice e desapareceu antes que pudesse ser vista pelos companheiros do Doutor.


Doctor Who: Ultimum Vale Pt. 2 - A Longa Noite de NatalWhere stories live. Discover now