𝔙𝔦𝔫𝔱𝔢 𝔘𝔪

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- Acorde, sua desgraçada.

O encantador continuou pressionando, socando levemente os ombros inertes, até que se abaixou e levou a mão ao queixo dela, e como se soubesse o que ia acontecer, Nesta Archeron, é claro, abriu os olhos, estapeando - talvez a única com coragem o suficiente para fazê-lo - as mãos destroçadas do macho a poucos centímetros, e maldita que fosse, Azriel a abraçou. Tão firme, que sentiu todas as partes quebradas dela junto de si, como se agora fossem suas também, pouco antes de murmurar, tão baixo, que somente ela seria capaz de ouvir.

- Nunca..

Ela maneou com a cabeça, a única resposta que conseguiria dar até então. Era um começo. E então ele desviou o olhar para o horizonte, onde as ondas batiam e retornavam, e a única luz era a fraca iluminação sobre a névoa da lua, que parecia virar as costas para ambos, pouco interessada no que se passava ali. E apesar das questões em sua mente, que invadiam como um turbilhão, o illyriano apenas retirou a camisa, torceu-a em suas mãos e pigarreou, sinalizando para que a féerica erguesse os seus braços. Ela então, pareceu finalmente se dar conta do corpo exposto, se vestindo tão rapidamente como nem ele mesmo acreditava que fosse capaz. Com isso, Azriel apenas a encarou, firme e profundamente, nos olhos azuis acizentados, vazios como o oceano em dias nublados. Ela estava quebrada, completamente quebrada, depois de Feyre, a guerra, seu pai, Hybern, e então o que o círculo fizera..

Azriel acreditava que, uma parte sua, que ele escondia profundamente, jamais seria capaz de perdoar seus amigos por isso.

E o golpe final, protagonizado por Elain.

Como se lesse - e talvez estivesse - invadindo sua mente, embora mais fosse uma companhia silenciosa que uma invasora, já que o encantador já havia se abituado, e pelo caldeirão, gostava da sua presença ali. o fazia se sentir menos.. só.

Azriel não se lembrava quando abraçara alguém - féerico ou humano - pela última vez, mas surpreendeu a si mesmo quando seus braços envolveram o corpo dela, como um escudo, pronto para protegê-la. E pra sua surpresa, as mãos gélidas deslizaram até suas costas, e apesar dos tremores, ela não soltou, nem por um segundo. Nem mesmo quando Azriel a ergueu em seus braços, e sem dar uma explicação, avançou pelos céus sem dizer uma palavra.

Tudo que Nesta conseguiu pronunciar, ao chegarem a casa do espião - Até então desconhecida pelo próprio grão senhor - fora o nome de seu parceiro, que lhe assolara junto ao sentimento de culpa, dor e angústia

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Tudo que Nesta conseguiu pronunciar, ao chegarem a casa do espião - Até então desconhecida pelo próprio grão senhor - fora o nome de seu parceiro, que lhe assolara junto ao sentimento de culpa, dor e angústia. como pudera ser tão estúpida?

A verdade é que amava Cassian, mesmo. Mas apesar disso, ele não conseguia ajudá-la, e ela se odiava por isso. Não depois de Elain, não depois de morrer e voltar, mesmo que por ele. e Quando Morrigan declarara a ameaça final, ela desabou. Ao seu próprio mérito, acreditava que havia suportado a situação por bastante tempo. E então, sua conexão com o illyriano só se fortalecia, cada vez mais e mais. E ela começara não somente a sentir por ele, mas sonhar com ele. Sonhar com todos os terrores que o assolaram, e que ainda o assolavam. e naquela noite, quando despertara, sacudindo o próprio corpo em busca de apagar as chamas inexistentes em suas mãos, os gritos do jovem Azriel ainda emanavam em sua cabeça. Ela não disse uma palavra a Cassian, apenas que daria uma volta. Uma maldita volta, era o que sempre dizia. E talvez fosse a exaustão, ou a culpa a destruindo de dentro pra fora, mas a féerica jurou ter avistado uma chama entre seus dedos. Nesta Archeron piscou, encolhendo o próprio corpo em puro terror, antes de sacudir a mão. E antes que se desse conta, as chamas se mutiplicaram, mais e mais, até que ela correu. correu até o penhasco, até que os galhos lascerassem seu belo e imortal rosto, até que o ar exaurisse de seus pulmões. e quando chegou a ponta, dentro de si, ela sabia o que fazer.

𝑨 𝑪𝒐𝒖𝒓𝒕 𝒐𝒇 𝑰𝒄𝒆 𝒂𝒏𝒅 𝑩𝒍𝒐𝒐𝒅Where stories live. Discover now