Vigésimo Segundo Capítulo: Bianca

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Eu sei que se dermos tempo ao tempo
Isso só vai nos aproximar do amor que queremos encontrar
Nunca foi tão real
Não, nunca me senti tão bem

Just a Kiss – Lady Antebellum


— Parte mesmo para Goiânia? — Perguntei a minha amiga, terminando de fechar a mala.

Após uma série de reuniões sobre a comentada festa, o grupo Variedades finalmente escolhera uma data. Contudo, a decisão havia afetado de uma maneira desastrosa meus planos, pois Álvaro decretou nosso Natal em terra paulista.

Inicialmente, eu tentei defender meus princípios, gostaria de passar ao lado de vovó, mas não podíamos fazer uma desfeita com os avós de Maraísa. Além disso, meu tio Samuel e família estariam ali. No entanto, o grande problema seria passar o ano novo em Santa Glória quando eu desejava estar em Leotie.

— Nathan me convidou para a ceia, mas estou com tanta saudade dos meus goianos e todos os parentes confirmaram presença — Priscila respondeu — Acho que só volto para a colação, estou curiosa sobre seu discurso, Bianca.

Eu tinha a obrigação de compartilhar de suas emoções, contudo, depois de ter aceitado essa responsabilidade perdi as inúmeras folhas rasuradas e rasgadas. Nada do que escrevia parecia transmitir os sentimentos dessa etapa finda. Recordava o mês em que prestei o vestibular, a aflição enquanto meus concorrentes tomavam suas carteiras e confesso que aliviada ficava com a ausência de um ou outro. Chorei de felicidade quando meu nome constatou na lista de aprovados e logo na primeira aula soube que havia feito a melhor escolha. Da mesma forma que a apresentação do meu trabalho de conclusão. Mal acreditava no término do curso.

Suspirei aliviada quando minha apresentação recebeu uma ótima nota e meu sorriso era dividido entre meu amor-próprio e a presença de Guilherme. Talvez a ansiedade fosse motivada pela sua opinião.

 A cada dia ele se tornava mais importante e eu ainda não sabia se encontraria um bom senso.

— Você parece chateada — ela comentou, pegando meu violão — O touro marrento não quis te acompanhar.

— O touro apaixonante terá que dar atenção aos nossos sobrinhos — retruquei, sentando-me na cama.

— Apaixonante e nossos? Pelo visto a coisa é séria.

Acompanhei sua risada, jogando meu corpo para trás, descansando o braço sobre a testa.

— Pode falar que estou agindo como uma tola, mas Guilherme esconde uma personalidade linda. Ele não é do tipo de cara que vive falando um eu te amo, só me surpreende com gestos e mais gestos. 

Ouvimos a campainha, eu deveria pegar o avião. Na verdade, eu adiei ao máximo até meu pai ameaçar me buscar.

Coloquei-me novamente de pé, enquanto Priscila corria para atender a porta.

Guilherme e eu havíamos chegado a um acordo e como não poderíamos comemorar juntos essas duas datas, resolvemos descontar nas próximas. Seria bom voltar ao nosso paraíso. Fechei meus olhos, recordando-me do quanto arrepiada estava, me contive sobre a areia saboreando os raios do sol que ultrapassavam a barreira da mata. Sentia a mão de Guilherme afastar os fios pregados em minha testa e naquele instante fui tomada por uma intensa felicidade. Ele me olhava com amor e o que importava era admitir em voz alta.

— Espero que eu seja a razão.

Abri os olhos, ampliando meu sorriso, Guilherme a minha frente pegava as malas.

Em Um GestoOnde histórias criam vida. Descubra agora