Capítulo 6

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Mexo em minha comida, mas não a colocava na boca, minha mente estava em Jisung.

O Jisung da vida real.

A imagem dele no corredor passava em minha cabeça em um loop infinito. Eu ainda estava em choque, não conseguia acreditar, podia dizer a mim mesmo que é coisa da minha cabeça mas eu ouvi claramente o nome do garoto saindo da boca de Donghyuck, o que quer dizer que ele de verdade estava no corredor com seus amigos.

– Chenle?

Levantei a cabeça murmurando um hum?, os três garotos me encaravam e eu olhei para cada um com a expressão confusa.

– O que foi? Por que estão me encarando?

– Você não colocou uma colher na boca, não para de mexer na comida e tá com a cabeça longe daqui, é a quinta vez que te chamo.

– Ah, é mesmo? Foi mal...

Mordi meu lábio, sorrindo pequeno, queria desviar do assunto, mas já percebi que Donghyuck é daqueles que gostam de persistir.

– Ele tá é pensando no Jisung, ele paralisou no meio do corredor, ele é bonitinho, mas para o Chenle deve ser o garoto mais lindo do mundo pra ficar assim.

Disse com aquela expressão, se é que me entendem, expressão essa que tomou o rosto do Tom e Jerry também, eles estavam insinuando coisas de mais.

– Que? Jisung? Ah, aquele garoto de cabelos azuis? Não, claro que não, você tá vendo coisas, quem disse que eu 'tava olhando pra ele? Puff.

Eu disse meio desconcertado e as provocações continuaram mais um pouco, mas estava me sentindo confortável com eles, são aquelas pessoa que fazem você sentir que os conhece há tempos.

Em algum momento disse que ia ao banheiro, caminhei alheio a tudo até o local, na verdade eu só queria um tempo em silêncio, já que ainda estava chocado e o refeitório é uma bagunça. Então apenas lavei minha mão e joguei água no rosto, mas como uma assombração, quando eu levanto a cabeça vejo Jisung pelo espelho, saindo de uma das cabines, então veio lavar as mãos na pia ao meu lado, engoli o nervosismo por estar ao lado da cópia real do meu sonho e fui pegar papel para secar as mãos e o rosto.

– Cabelo legal.

Soltei sem perceber, com uma calmaria falsa, aquele tipo de comentário de quem não quer nada, pensei que seria ignorado, pois ele demora a responder.

– Valeu.

Novamente o olhei por tempo de mais, será que até no jeitinho tímido ele vai se igualar ao Jisung dos meus sonhos?

Pisco algumas vezes, voltando a realidade e jogo o papel amassado no lixo, passo por Jisung em direção a porta, pronto para sair, sentia que a qualquer momento minhas pernas pudessem vacilar, mas a voz baixa e acanhada, grossa e levemente rouca me fez parar, então ele fez uma pergunta.

– Qual é o seu nome?

Me virei ainda nervosos, mas sem demonstrar isso, apenas sorri e respondi sua pergunta.

– Chenle. Zhong Chenle.

...

Deito sobre a cama e solto um suspiro cansado, não estava cansado fisicamente, mas minha mente estava um turbilhão de pensamentos, questionamentos, dúvidas, não parava sequer um minuto.

Depois da minha resposta a pergunta de Jisung um silêncio estranho se estabeleceu no banheiro, até eu falar a gente se vê por ai e sair, precisava respirar, estava me sentindo sufocado com a situação, não parava de me perguntar como isso é possível acontecer.

Demorei a pegar no sono, o que estava sendo uma droga, eu sempre dormia fácil, ansioso por estar ao lado de Jisung.

O Jisung dos meus sonhos, o primeiro Jisung que eu conheci. Quando finalmente apaguei, estou correndo, no meio de uma floresta, entre tantas árvores. Está claro, mas depois de um piscar de olhos tudo ficou escuro, não vejo nada, tropeço no toco de uma árvore, o que me fez cair, felizmente não me machuquei, pois cai em um colchão, a luz de uma fogueira se acendeu, entrando no meu campo de visão, revelando atrás dela Jisung com dois espetinhos de marshmallow, um em cada mão.

– Lele! Venha cá, está frio longe da fogueira.

Só bastou ele falar pra eu sentir uma onda de frio me atingir, junto com um vento de rachar a boca, olhei em volta e me dei conta do pequeno acampamento montado ali, esse é o lugar de hoje. Um estalo de dedos me fez sair do transe, olhei para cima e Jisung estava com a destra estendida para me ajudar a levantar, assim feito fomos mais próximo da fogueira, sentamos no tronco derrubado de uma árvore e sem dizer nada beijei Jisung, simples e pouco duradouro, mas que no começo aparentou ser um pouco desesperado. Na verdade eu estou realmente em desespero.

– Que saudade, Jisung! Você não imagina o quanto eu estava com saudades.

Sorri, um tanto aliviado, eu estava estranho e não precisava ele me dizer para eu mesmo perceber isso.

– Eu também estava, sempre sinto. Mas o que você tem? 'Tá estranho e demorou pra chegar hoje.

– Eu não estava conseguindo pegar no sono e... você não vai acreditar!

Contei sobre o primeiro dia de aula, sobre o outro Jisung, em como eu estava confuso, ele estava sério, não aparentava ter gostado do que eu disse.

– Você vai ficar com ele? Digo, me trocar por ele? O Jisung sou eu, eu sou o verdadeiro, você me conheceu primeiro. Vai amar ele ao invés de me amar?

Minha reação foi espanto, nunca vi Jisung tão sério e nunca ouvi palavras tão carregadas de ciúmes e talvez uma pitada de raiva.

– Afinal, eu sou só um sonho e ele é real.

Não sabia o que dizer, perdi as palavras totalmente, demorou um pouco para eu assimilar o que ele disse, realmente me surpreendeu.

– O que?... Não, não, claro que não, só porque coincidentemente ele é igualzinho você não quer dizer que ele é você, ele pode ser o contrário de você, eu não conheço ele.

Mas o jeitinho dele agir mais cedo era idêntico, mas é só isso, não é? Eles não podem ser 100% iguais!

– Não vamos falar sobre isso, não temos muito tempo e temos que aproveitar o que temos para estar juntos falando sobre coisas boas ou apenas curtir a companhia um do outro e--

– Então você promete não me deixar? — Me interrompe. – Assim como eu prometi anos atrás nunca deixar você? Vai sempre sonhar comigo? Estará comigo todas as noites?

Não é algo que eu posso controlar, sonhar ou não sonhar, não está no poder das minhas mãos, como já conversamos um dia, qualquer dia desses eu posso simplesmente dormir e acordar sem ter sonhado com ele, eu não quero isso, mas não é uma promessa que eu posso assegurar que vai ser cumprida.

– Eu prometo.

Promessas foram feitas para serem cumpridas, não quebradas... Certo?

💭

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My Sweet Dream - chensung/chenjiTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon