Roma, 1º de julho de 1962

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Vai relaxando quando vê o termômetro abaixando de 40 para 39 graus. E depois uma febrezinha de 38 graus. O alívio, no entanto, só vem quando Piper abre os olhos e ele percebe que ela, depois de muitos delírios, frases sem sentido e muita confusão, estava consciente.

— Jay, o quê... — Ela tenta se mover. Piper ainda sentia o corpo todo dolorido, como se algo muito pesado tivesse passado por cima dela. Ela percebe que estava deitada nos braços de Jason e que ele parecia estar em uma posição desconfortável só para deixá-la confortável. Os olhos azuis se encontram com os olhos coloridos dela. Ele abre um sorriso genuinamente bonito e ela sente o coração dar um solavanco. — Quanto tempo eu estou... apagada?

— Quase três dias, Pipes. — Ele responde, pegando o termômetro novamente. Ela não apresenta nenhum empecilho e só o deixa tirar sua temperatura - parecia que ele tinha feito aquilo bastante, pensa, notando a naturalidade do movimento. Ele entrega um copo de água a ela. — Como você está se sentindo?

— Meu corpo dói e minha cabeça está pesada. — Ela suspira, mas depois abre um sorriso ainda um pouco fraco. — Você ficou aqui? Comigo?

Sabia que provavelmente não deveria estar colocando este assunto em pauta agora. Ela tinha estragado toda a estratégia de evasão quando não conseguiu chegar ao aeroporto e ficou perdida, também sem conseguir chegar na pensão, que era o esconderijo de segurança caso algo saísse do controle. Ela devia estar perguntando se eles estavam seguros ali, se a polícia tinha provas ou se estava procurando por eles - ela mal tinha certeza que tinha entregado a bolsa certa para que Jason finalizasse o roubo. Mas o que ocupava sua mente agora era a presença do lindo homem dos cabelos loiros e olhos azuis. Jason poderia estar seguro em Londres ou em qualquer lugar do mundo, afinal, estar longe de onde aparecia notícias sobre um crime era o melhor álibi. Mas ali ainda estava ele. Tinha ficado em Roma por causa dela. Ele tinha se importado o bastante para ficar com ela, tomar conta dela e cuidar dela, enquanto ela delirava de febre.

— É claro que eu fiquei, Piper. — Ele diz, depositando um beijo na testa dela. Estava tão aliviado em vê-la desperta, coerente e sorrindo. Nem todo o dinheiro do mundo compraria aquela sensação terna de alívio. — Pra onde mais eu iria? — Ele olha para ela, indignado. — Achei que, nessa altura do campeonato, você já teria sacado que eu não consigo ficar longe de você.

O carinho que ele faz no rosto dela deixa sua pele quente e, dessa vez, por um bom motivo. Ela quase conseguia sentir as bochechas queimando e seu estômago revira de um jeito que... bem, nunca tinha sentido aquilo antes, mas tinha certeza que não era ruim.

— Por que, Jason? — Ela ainda não tinha muita certeza de que aquilo ali não era mais um delírio causado pela febre. — Você poderia estar em qualquer lugar.

— Eu poderia estar em qualquer lugar, mas estaria sem você. — Ele a ajeita em seu colo, ainda acariciando seu rosto. Ele não pensa muito antes de continuar, porque depois desse susto todo, não queria mais ter que esconder isso. — E eu amo você. — Diz, colocando uma mecha dos cabelos escuros dela atrás da orelha. — Eu demorei tanto para perceber, mas... eu amo você. — Ele repete, sorrindo. — E vou escolher você, sempre.

Piper prende a respiração por alguns segundos. Ele realmente tinha dito que a amava? Porque ela... bem, o coração dela estava tão acelerado que não tinha como negar que ela também sentia algo muito forte por ele. E também achava que não era de hoje. Lembrava um pouco dos delírios dos últimos dias e os bons... todos tinham a ver com Jason Grace.

Piper se lembrava dos momentos que tinham tido juntos, em várias ocasiões. Eles dançando em Madri, tomando vinho e comendo creme brûlée em Paris, o passeio em uma das gôndolas em Veneza... se conheciam há um tempo já e viviam nessa cama de gato, onde um tentava passar o outro para trás, amigavelmente, mas... ela gostava de esbarrar com ele. Gostava da sensação de encontrá-lo, de ouvir as cantadas baratas que ele reservava só para ela. Gostava daquele olhar, que ia de inocente para extremamente sedutor em questão de segundos. E da chama ardente e sexy que aparecia nos olhos dele sempre que eles estavam próximos demais. E gostava de saber que aquele corpo era dela. O jeito que ele olhava para ela... Piper achava que ele sabia. Sabia o que ele fazia com ela. Com o corpo dela. Com as reações. E sabia que ela também teria ficado para trás por causa dele.

East Side Story - JasiperWhere stories live. Discover now