QUATORZE

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Na manhã seguinte, acordei sentindo meu rosto queimar com a luz do sol. Gemi e pisquei relutante contra a luz forte vindo da janela no alto e me levantei num salto. Havia dormido no galpão, não voltara à tenda. No mesmo instante que estiquei meu corpo senti minhas costas protestando, doendo por ter dormido no chão duro. Meu cabelo estava cheio de feno e ao me virar para checar as costas o mesmo estava com montes de feno espalhados do chão.

— Acho que não foi uma boa ideia ter dormido aqui — eu disse enquanto batia a palma das mãos contra o tecido sujo, tentando limpar inutilmente.

Meu celular começou a tocar indicando o despertador em algum lugar entre o edredom. Após achá-lo e desativá-lo dobrei a coberta e a enfiei entre os braços com um bocejo.

— Bom dia Kishan — disse enquanto ia para a saída e o tigre me acompanhou com os olhinhos dourados. Tive a impressão de que já estava acordado fazia algum tempo pois estava em alerta e tomando água do recipiente. — Nos vemos mais tarde.

Saí do galpão correndo até a tenda para trocar de roupa e começar mais um dia de trabalho. As demais mulheres já estavam começando a levantar da cama também. Algumas me olhavam diretamente no cabelo bagunçado, provavelmente se perguntando onde diabos eu estava, mas não me questionaram.

Após trocar de roupa e passar uns 15 minutos tentando pentear o cabelo, o amarrei em um rapo de cavalo frouxo e me dirigi para o café da manhã antes de ir ao encontro do Sr. Davis para levar os cães ao passeio.

Minha rotina era exatamente assim. Tomar café da manhã, passear com os cães, dar comida a Kishan, ajudar Matt na barraca de souvenirs, jantar e dormir.

Naquele dia e no seguinte não passei no galpão de Kishan, exceto para providenciar suas refeições. Os dias tivera sido puxados e queria descansar melhor na cama. Minhas costas doloridas protestavam a cada movimento brusco que eu fizesse, como arredar caixas, levantar algo do chão... como se me alertasse para dormir em um lugar mais aconchegante. Porém, na noite do terceiro dia seguinte, quando as coisas estavam mais amenas, peguei o edredom e caminhei até o galpão fechando a pesada porta ao passar.

Ouvi um ruído atrás de mim como se alguém estivesse abrindo a jaula — a fechadura rangendo —, e antes que eu pudesse me virar para saber o que estava acontecendo, ouvi uma voz grave e melódica dizer em tom audível:

— Finalmente a sós.

Em alerta, virando-me devagar, deparei-me com um rapaz alto e muito bonito parado à minha frente me olhando com um sorriso de tirar o fôlego. Sua vestimenta preta muito familiares, seu tom de pele bem bronzeado e seus olhos dourados me deram a dica de quem era aquele estranho.

A maldição do tigre - FANFICWhere stories live. Discover now