42|beseech

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beseech(verb): to implore urgently; to beg eagerly for; solicit.

                                        /CAPÍTULO 42/  

O sangue congelou nas minhas veias ao ouvir as palavras da enfermeira. Era como se agulhas estivessem a ser espetadas em cada ângulo do meu coração, deixando-me sem fôlego e com vontade de morrer. O alarido que se formou depois daquela frase causou-me ainda mais dor, todos os gritos e os berros dos médicos tentando chamar a atenção uns dos outros eram o suficiente para eu saber que alguma coisa estava mal. Esse pensamento, trouxe lágrimas aos meus olhos.

Levantei-me rapidamente do meu lugar na cadeira. Niall, Louis e Olivia fizeram o mesmo e olharam fixamente para mim. Sem pensar duas vezes, e com as lágrimas já a derramarem pelos meus olhos, corri em direação da enfermeira mais próxima.

"Por favor!" eu falei. "Por favor, o que se passa?! O Harry? Ele e-está bem--"

"Saiam todos da frente!" ela ignorou-me e esbracejou, indicando para que deixassemos o corredor livre.

"O quê?" eu saltei para a frente dela, as lágrimas eram a única coisa que me faziam sentir viva. "O que se passa?! Por favor, diga-me--"

Soltei um guincho quando o braço dela entrou em contacto com o meu tronco empurrando-me contra a parede, afastando-me do meio do corredor. Do outro lado vi Niall deitar-me um olhar, avisando-me para me manter quieta. Não conseguia entender o que se passava, todas as pessoas que passavam por lá eram brutalmente encostadas a uma parede fazendo com que a passagem ficasse quase livre. 

Levei as mãos à boca, tentando conter um soluço, assim que uma maca entrou no meu campo de visão. Arregalei os olhos ao ver dezenas de médicos empurrarem a cama pelo corredor fora, dois deles pressionavam um desfibrilhador contra o peito do paciente gritando várias obscenidades quando este não correspondia. Outros enchiam seringas com líquidos que jamais saberia o nome. Enfermeiras continuavam a afastar todas as pessoas do caminho. 

Soltei um grito sufocado assim que observei a cara do paciente. Os seus brilhantes olhos verdes estavam agora tapados pelas pálidas pálpebras, cobertas pelas grandes pestanas que fariam inveja a qualquer rapariga. As suas bochechas sempre rosadas estavam agora sem cor e da forma mais relaxada possível. O mesmo se aplicava aos seus lábios cor-de-cereja, totalmente cerrados e com os cantos apoiados para baixo. Todos os seus piercings tinham sido retirados, dando-lhe estranhamente um olhar de paz. Todo ele estava branco, sem cor. Todo ele parecia sem vida. 

"Harry!" eu gritei repetindo o seu nome ínumeras vezes. 

As lágrimas eram salgadas e teimavam em escorregar até à minha língua, deixando-me com o sabor horrível da minha dor. As minhas pernas moveram-se sem o consentimento da minha mente e quando dei por mim estava a correr em direção dos médicos, que empurravam a maca contra uma porta fazendo-a abrir para trás. Não consegui dar mais do que dois passos. Uns braços fortes rodearam a minha cintura, puxando-me com facilidade para trás. Sabia que não adiantava lutar, estava demasiado fraca para conseguir fazer alguma coisa. Ainda assim, esperneei e guinchei o nome de Harry vezes sem conta.

"Blue, para!" Niall avisou no meu ouvido. "Tens de parar!"

"A menina tem de parar!" ouvi uma enfermeira dizer. "Existem pacientes neste hospital que precisam de silêncio!"

A única coisa em que me conseguia focar era em Harry e na forma como a sua cara me mostrava a falha do seu coração; em como ela mostrava a palidez e a fraqueza do momento. O seu coração parou de bater. Como é suposto eu lidar com isso? O coração da pessoa que eu amo parou de bater. As lágrimas teimavam em escorrer pela minha cara ofuscando-me a visão. Não tinha maneira de saber se o seu coração começara a bater novamente, ele poderia estar morto neste momento. O meu menino poderia estar morto. 

DARK JEANSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora