41|uncanny

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uncanny(adjective): having or seeming to have a supernatural or inexplicable basis; beyond the ordinary or normal

                                                        /CAPÍTULO 41/

As minhas pernas pareciam movimentar-se involutariamente para a frente e para trás, parecia uma reação imediata aos nervos e ao medo. Enfiei as minhas mãos nos bolsos largos das calças enquanto tentava acalmar-me. Não haveria grande forma de o fazer, não ia
conseguir estar completamente descansada enquanto o Harry estava numa cama de hospital.

Depois de ele desmaiar nos meus braços, Louis não perdera tempo em chamar uma ambulância. Felizmente ela não se atrasara e em breves minutos um bando de enfermeiros equipados entrou no dormitório. Levaram-no para o hospital e depois de eu os seguir com Louis para o mesmo sítio, uma das enfermeiras apenas nos assegurou que fariam os possíveis para o manter vivo.

Já se passaram cinco horas desde essa promessa. Continuamos sem notícias e com enormes dores de cabeça de todo o choro que eu e Louis havíamos produzido. Consegui assim perceber a grande amizade que aqueles dois rapazes tinham, é nestes momentos que se vê realmente quem se importa com o Harry.

Aproximei-me do rapaz e sentei-me na cadeira ao seu lado. Louis tinha as mãos na cara enquanto os cotovelos estavam pressionados nos joelhos, apoiando a sua cabeça latejante. As suas pernas tremiam a uma velocidade inacreditável e percebi o quão nervoso ele realmente estava.

"Louis." eu murmurei, passei as minhas mãos pelo seu cabelo tentando acalma-lo.

As minhas lágrimas tinham secado e depois desta noite de drama sinto que não vou chorar pelo menos durante meses. Pelo menos tinha a garantia que estavam a cuidar de Harry da melhor forma possível. Não podia dizer o mesmo de Louis, este continuava a chorar silenciosamente e duvidava que fosse possível pará-lo. Pousei a minha não no sei joelho tentando acalma-lo minimamente, talvez se Olivia estivesse aqui conseguisse fazer um trabalho mais eficaz. Mas neste momento só estamos nós os dois nesta maldita sala de espera às 09:30h da manhã.

"Isto é tudo culpa minha." a sua voz soava arrastada. "Isto é culpa."

"O quê?" eu olhei-o com uma sobrancelha erguida. "Louis, nada do que aconteceu é culpa tua."

Louis abanou a cabeça como se as palavras que eu havia dito fossem algo desastroso. Ele largou a sua cara e olhou para o teto luminoso do hospital; fungou umas quantas vezes e voltou a encarar o chão. 

"Sim, Blue. A culpa é minha." ele teimou.

Peguei na cara de Louis e fiz com que ele me encarasse; encarei as suas brilhantes íris azuis e limpei com as pontas dos meus polegares as pequenas lágrimas que ainda escorriam pela sua cara, tentando com isso cessar o seu choro. 

"Como é que pode ser tua culpa?" eu insisti. "Louis, o que se passou?"

Ele afastou-se novamente de mim e abanou novamente a cabeça. As suas pernas começaram a tremer novamente e os seus dedos combatearam uns contra os outros. Fixei-me nesse ponto assim que ouvi as palavras de Louis. 

"Eu levei-o a um bar, ontem." ele fungou e conti o impulso de o repreender. Sabia que na situação em que ele estava apenas se sentiria mais culpado. "Nós tomámos umas bebidas. Com cocaína pelo meio--"

A sua voz falhou. Fechei os olhos com força e respirei fundo ao imaginar o sucedido. Desviei o meu olhar das mãos de Louis e fixei-a na parede à minha frente, uma enfermeira passava por lá com um senhor com bastante idade. Ambos pareciam ter dificuldade a caminhar. Foquei novamente a minha atenção na voz do melhor amigo de Harry. 

DARK JEANSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora