11|feel

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feel(verb): to have a sensation of (something), other than by sight, hearing, taste or smell

                                                           /CAPÍTULO 11/

 Eu sentia o calor do seu corpo queimar contra o meu. Sentia a respiração dele na minha cara e a sua mão na minha anca. Sentia a pressão que ele fazia para nos esconder; como se quisesse colocar-nos dentro da parede para que ninguém nos descobrisse. Os seus longos caracóis faziam cocigas na minha testa e por mais que tivesse vontade de os afastar de mim, mantive-me no lugar, intacta. De alguma forma saboreando este pequeno momento, que talvez nunca fosse voltar a acontecer.

A luz branca desapareceu no canto e deixei sair um suspiro, abafado pela mão dele. Harry esperou minutos até retirar a sua mão da minha boca, provavelmente verificando se o guarda voltaria a aparecer; conseguia sentir o tremor que os seus dedos tinham deixado nos meus lábios. O meu coração batia furiosamente e tenho a certeza que ele o conseguia ouvir; nunca tinha estado tão próxima de um rapaz, pelo menos não desta maneira. Ele virou a sua cara, que antes procurava vestígios do porteiro, e aí percebi o quão perto realmente estavamos. O seu nariz quase raspava no meu e por mais que me quisesse afastar; não tinha espaço para me mexer.

Um sentimento intenso subiu pelo meu corpo. Aqueceu todos os cantos dele, percorreu cada veia e cada músculo. E juro, que nunca senti algo tão bom na minha vida. Como se uma chama quente nos estivesse a rodear; e de alguma forma estava a sentir-me sufocada. Voltei à realidade assim que percebi que os nossos narizes se estavam a tocar; esbugalhei os meus olhos azuis. E percebi que os dele estavam fechados. Ele estava a aproximar-se tão vagarosamente, que parecia tortura. Como se estivesse a sentir e inalar cada sentido meu.

Ele vai beijar-te! a minha deusa interior gritou, lançando fogo de artíficio pelo ar.

A realidade do que ela disse caiu em mim. Eu nunca tinha beijado ninguém, porra, eu nunca tinha falado tão abertamente com um rapaz desde à quase um mês atrás; eu não estava preparada para isto. Eu não sabia o que fazer para além de estar estática, o seu nariz continuava a raspar no meu. A sua mão esquerda continuava firmemente pressionada contra a minha anca e a direita apoiava-o sobre a parede. Desviei o meu olhar para a sua boca e reparei no seu piercing que reluzia-a com a luz da lua; ele parecia um deus grego, demasiado bonito para ser real. A sua testa franzida, por cima dos seus olhos pressionados, como se estivesse a pensar profundamente; os seus lábios entreabertos que pareciam mais vermelhos que o sangue.

"Harry." eu respirei, não aguentando a tensão.

O meu peito subia e descia pesadamente; as minhas mãos tremiam junto do meu corpo. Os seus olhos abriram-se lentamente e eu tomei consciência das suas esmeraldas que conjugavam estranhamente com as minhas irís azuis. E assim que vi a tristeza, a vulnerabilidade e o desespero por detrás daquele olhar, percebi, que eu realmente queria que ele me beijasse. Queria sentir os seus lábios nos meus, a sua pele na minha. Queria afastar qualquer tipo de pensamento obscuro que estivesse a atravessar pela sua mente cada vez que a sua testa franzia e as rugas que por cima dos seus olhos apareciam. Eu queria-o a ele. E não sabia exatamente o porquê. O porquê de querer algo tão perturbador e estranho; mas tão incrivelmente perfeito.

Mas assim que os seus lábios rasparam nos meus, por um milionésimo de segundo ele afastou-se; como se alguma coisa o tivesse impedido de continuar as suas ações, deixando-me completamente desamparada e fria. Conseguia sentir todo o ar ser arrancado dos meus pulmões e por momentos tive a sensação de que ia cair ao chão. Lágrimas ameaçavam cair dos meus olhos, mas não sabia exatamente o porquê. Talvez pela intensidade do momento; a grande intensidade do momento. O fantasma dos seus lábios ainda prevalecia nos meus e podia jurar que sentia o metal da argola ainda pressionado contra eles. Aquilo não tinha sido um beijo, mas com certeza foi mais intenso do que qualquer coisa que tinha testemunhado antes. Fechei os olhos e respirei um segundo antes de me recompor.

DARK JEANSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora