37- Sombras da alma.

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(2207 palavras)

A visão não era das melhores, Helena presa dentro de uma das barreiras de seu tio, enquanto o mesmo se encontrava seriamente machucado, seu oponente, contudo, permanecia intacto e nem um pouco abalado.

- Luz como aquela que você vive? O que isso deveria significar? Não. Esquece. É trivial.- O general estalou seus dedos e outro feixe de luz voou na direção do homem, imediatamente James levantou sua barreira, dessa vez ela conseguiu defender o ataque. Lorde V'huluver encarou confuso por um instante, reparando que, dessa vez, a barreira não era transparente, mas densamente verde.- Hm... pensou rápido.

- Sim, seus ataques são luz pelo que entendi, o motivo pelo qual eles atravessam minhas barreiras é por causa da transparência dela e, portanto, a luz pode passar tranquilamente. Por isso eu fiz com que minhas barreiras bloqueassem até mesmo os raios de luzes.

- Na vida, para cada vitória, há uma derrota. Mesmo que defenda meus ataques, você não consegue me ver com uma barreira dessas entre nós. Como pode reagir a um ataque vindo do nada? Não me diga que vai usar a mesma estratégia de antes e se trancar em um domo?

Que outra escolha teria? V'huluver era rápido e destrutivo demais para que James se arriscasse a ficar em aberto por muito tempo, então, ignorando os protestos de Helena, James se cercou com sua barreira verde enquanto retirava a transparência ao redor da sobrinha.

- O que eu posso fazer contra esse homem?- Se perguntava em meio a escuridão de seu domo, perdido do resto de tudo que existia, se esquecendo que no meio do vazio da escuridão, é quando a mente mais se perturba. O único meio de fugir da luz, é se isolando no breu. Um breu onde não há nada, além de seus pensamentos.

Na luz, V'huluver resplandece. Na escuridão, V'hatred remói.

Um grito quebrou a concentração do homem, um grito jovem, um grito feminino, grito de Helena. Mas ela estava protegida em sua barreira, sem falar que ela não gritaria assim, não poderia ser ela.

- Você tem certeza que não é ela?- Alguém lhe respondeu do breu, mas aquela voz... era a voz do próprio James. Claro que era sua voz, na escuridão é só você e você. Lembra?- Você sempre suspeitou que, mesmo se mostrando casca grossa, ela fosse uma menina completamente insegura. Agora então, após descobrir o monstro que era, aquela idiota deveria estar perdendo completamente o controle agora.

- Pode parar por aí.- Rebateu James.- Eu não sei o que você está tentando fazer com minha cabeça, enganado. Mas eu nunca falaria de minha sobrinha assim.

- Você não falaria, mas pensa. Não tente esconder de si mesmo a raiva que você sente da impulsividade dela, sabe que se não fosse você limpando a bagunça dela, ela não sobreviveria por dois dias. Você é um tio tão compreensivo, tão protetor, e aquela idiota continua reclamando e brigando contigo. Continua sendo uma besta.

-... Você está certo.- Talvez para alguém ignorante sobre si, esse tipo de ataque psicológico funcionaria, mas James era autoconsciente do que pensava e sentia. Apenas isso não o faria se descontrolar.- Ela realmente me irrita e cansa as vezes, mas não é como se nenhum humano fosse maravilhoso o tempo todo, principalmente alguém com tantas cargas quanto Helena.

- Mas você é obrigado a ter que ficar se preocupando com ela? Só porque ela é filha do seu irmão, isso lhe obriga a ser guardião dela? Seu irmão era como ela e conseguia ser mais decente que você, pelo menos era como você via e como todos insistiam em lhe lembrar, o quanto seu irmão era responsável e você um lixo. Você não conseguia manter sua vida nos trilhos e agora precisa?

- Já basta dessa perturbação!- Exclamou o homem seriamente cogitando em sair do meio daquele breu, a voz ficava mais alta a medida que ele permanecia lá. Era como se destacasse e se aproximasse, como se holofotes sonoros fossem colocados sobre ela.- Eu não vou ficar ouvindo essas coisas...

As Vinte VirtudesWhere stories live. Discover now