11- A Casca Vazia e a Alcateia Solitária.

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(3966 palavras)

Pedro estava estático, não conseguia compreender aquilo que via em sua frente, havia matado Leo, tomara todo cuidado do mundo para acabar com ele em apenas um golpe certeiro, então por que? Por que haviam dois Leos em sua frente? Por que ainda estava vivo? Mas o pior é que agora o lobo estava furioso, rosnava como nunca:

- Você não vai arrancar minha liberdade que eu ralei tanto para conseguir. Não mesmo.- Os dois animais avançaram ao mesmo tempo, e ambos eram mais rápidos do que antes. Pedro ainda conseguia os acompanhar, mas pela surpresa de serem bem mais velozes, ele acabou por sofrer um delay em sua reação. Tentara se proteger, controlando a araucária que acabara de criar, fazendo com que as raízes tentassem formar uma parede entre si e seu oponente.- NÃO, parede nenhuma vai me segurar.

Os lobos então se separaram, cada um correndo para uma direção, fugindo para o breu. E isso era ruim, Pedro sabia muito bem que lobos são criaturas que caçam em bando, principalmente utilizando o escuro, eles observam a presa esperando uma abertura, eles rondam e rondam a cansando, até não haver mais força nenhuma para resistência. De vez em quando, dando uns ataques corajosos.

E assim como ele previra, um dos lobos surgiu em meio a sombra e avançou na direção dele pelas costas, o jovem teve reflexos rápidos e mandara as raízes de árvores contra a criatura, elas avançaram como serpentes de madeira, prontas para o bote, mas a agilidade e destreza do lobo lhe permitiam desviar facilmente do ataque e retornar para a escuridão. Preocupado demais com o lobo em sua frente, Pedro não avistara o segundo animal que veio se esgueirando com total cuidado atrás.

Mas a árvore viu, e balançando suas folhas, avisara ao jovem sobre a armadilha. O sacerdote se esquivara do ataque a tempo, o segundo lobo se esquivou dos ataques com cuidado e voltou a sombra.

- Eles são bem lisos e silenciosos... droga, como esse cara ainda está vivo? De toda forma, eu tenho que tentar cobrir a maior área que eu conseguir.- Ele pegara mais daquilo que tinha em seu bolso, eram sementes, o jovem colecionava sementes de árvores há muito tempo, era seu jeito de tentar aprender sobre suas amigas, sua coleção era vasta, tendo sementes de árvores que nem existiam no país em que vivia.

Isso fora uma ideia que o jovem teve a um bom tempo, não apenas falava com as plantas, ele também poderia controlar elas, e assim como avançar em seu desenvolvimento. Essa era uma técnica que havia desenvolvido após várias tentativas, mas uma que usaria muito de sua energia se não se controlasse. No local onde estava não havia sol, oxigênio, muito menos nutrientes para cuidar da planta, a árvore só era capaz de se manter viva graças ao poder de Pedro, se demorasse demais iria começar a ficar fraco fisicamente e exausto mentalmente. Mas contra aquele oponente não havia escolha, ele era ardiloso e sagaz, até que pudesse entender mais sobre o inimigo, não poderia abaixar sua guarda de maneira alguma. Ele então lançara mais sementes ao chão, criando uma cerejeira, bambus dentre várias outras.

- É o seguinte meninas...- Dissera Pedro sem escarneio, antes que começasse a sentir qualquer tipo de limite chegando, deveria tentar acabar com aquela luta logo.-... Fiquem atentas a todo ataque desses lobos, peguem eles o mais rápido possível.

O jovem subiu em uma das raízes da araucária e se tentou se elevar ao topo da árvore mais alta que produzira, contudo o topo dela já estava fora do alcance dos cristais e se tornara um completo breu, Pedro não conseguia ver vantagem nenhuma de se manter lá em cima, então optou por se colocar no galho mais alto e bem iluminado que achasse.

Enquanto isso lá embaixo, Leo observava pela sombra, aquele cara estava reconstruindo a floresta de novo... o jovem já começava a se arrepiar, pensando na sensação dos galhos arranhando seu corpo, a dor dos cortes, e o frio, e o medo. Haviam boas quantias de plantas agora pelo local, e elas começariam a persegui-lo assim que se movimentasse, o lobo espreitava com calma, cada um estava em um lado oposto da beirada da floresta, rondavam procurando uma abertura dentre as plantas, uma forma de avançar e derrotar o sacerdote.

As Vinte VirtudesWhere stories live. Discover now