30- A mais temível das feras.

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(8654 palavras)

Helena, Pedro, Emily e Clark ainda se encontravam tentando encontrar coragem para enfrentar a aberração em sua frente, Ordep lhes encarava com completa curiosidade, não se aproximava, apenas ficava ali, parado e lhes encarando com completo fascínio.

- Kihihihihi, ora ora, se não estou de frente com pessoas tão perigosas, mas o tamanho de seu poder não é nada se comparado ao que você teme. Pois o medo não vem daquilo que você vence, mas daquilo que você não controla, daquilo que você desconhece, o medo vem de seu desejo, de sua expectativa, ao não ter essas coisas. Você não terá medo.

Nenhum deles falava nada, nem ao menos tentavam se mover. Apenas olhavam para aquela criatura, sua atenção em particular se direcionava para a ausência de olhos, para aquelas crateras negras e escuras que viam onde deveria estar o espelho de sua alma... Mas talvez estivesse lá, e aquela fosse o reflexo da alma dele, apenas escuridão.

Não... olhem um pouco mais e verão, de pouco em pouco verão. Ainda não entenderam? Esse ser em sua frente só tem um desejo, se você busca ver o que ele procura, você verá. Ao olhar naquilo que deveriam ser seus olhos, você sente como se estivesse entrando lá dentro daquela escuridão. Lá você verá o que ele procura, ele procura aquilo que você foge, então olhando para lá, você se encontrará com aquilo que tenta desesperadamente fugir...

Pedro

- Uh?- Pedro piscou e estava sozinho em uma floresta, que estranho, podia jurar que estava em escombros de um castelo destruído.- Cadê todo mundo? HELENA? EMILY? CLARK? Ah, na verdade, se você ouviu Clark fique onde está por favor.

Mas nada respondeu, estava tão quieto. Silencioso demais. Nem as árvores estavam falando algo, apenas se mantinham caladas. Um mau pressentimento pairava no ar. Mas não se preocupe, o silêncio não dura para sempre, em instantes o ressoar de risadas lavam e purificam toda a solidão. Como é bom apenas ouvir as pessoas felizes.

Espera... a risada está perto, siga ela um pouco. Você quer rir também, quer fazer parte daquela alegria. Então você começa a andar em direção as risadas, em direção a alegria.

- Não vá.- Sussurrara uma voz na floresta, uma voz que você reconhece Pedro, uma doce e venenosa voz, uma dama que nunca, jamais ele poderia se esquecer. Ele olhou para trás e lá estava ela, tão bela e tão perigosa, a jovem tinha longos cabelos negros, uma pele caucasiana mais rosada, um pedaço de Wisteria repousava em seu cabelo, e ela escondia parte de seu rosto com um leque.

- M-Margaret?- Não, ela não podia estar ali. Qualquer um menos ela, tire ela daqui. Por favor, matem ele mas não deixe ele sozinho com ela. Pedro queria correr mas suas pernas não se moviam, ele queria sair correndo dali o mais rápido que pudesse, mas... era ela. Era realmente ela. Ela estava de volta, com seus olhos resplandecentemente escuros. Ela repetiu o que disse.

- Esquisito...- Não chame ele assim.-...não vá em direção as risadas.

Pedro sabia o que vinha agora, viveu com ela por quase um ano, ele sabia o que iria vir. Rápido Pedro, tampe seus ouvidos, não escute o que ela diz. Mas por que? Por que mesmo com os ouvidos tampados, você consegue escutar ela como se não fosse nada?

- Se você for lá, só vai causar destruição Pedro. Sua maldição só vai piorar as coisas.

Corra Pedro! Se tampar os ouvidos não adianta, saía de perto dessa mulher. Fuja, por tudo o que conhece, não escute a voz dela, você sabe o veneno que ela emana. Ela está errada, ela mente, ela distorce, ela machuca, ela zomba. Mas não importa o quanto você corra em direção as risadas alegres, elas parecem ficarem mais abafadas, mais longe, e outra cobre a voz delas. A risada de uma bruxa que facilmente poderia passar pela canção de uma ninfa. E você não para de ouvir ela.

As Vinte VirtudesWhere stories live. Discover now