As Vinte Virtudes

10- O Híbrido

(3346 palavras)

Essa história que vocês lerão, veio do nada, mais especificamente, eu posso dizer que era como ela se passasse no nada, irônico não? Dada a situação atual da Terra. Essa história se inicia no meio de uma floresta, em uma cabana. Onde um homem vivia sozinho com seu filho. A mãe do garoto morrera no parto, e ele então foi fadado a viver com seu pai.

O pai da criança havia levado ela a esta cabana quando era apenas um bebê, e a criança cresceu ali, apenas ela e seu pai, e a natureza. Era uma rotina comum, eles comiam, bebiam, brincavam, dormiam, e era só isso.

Os dois não conversavam muito, pois após um tempo fora como se os assuntos que tivessem haviam esgotado, apenas os secos comentários de sempre. Seu pai havia cortado completamente comunicação com a sociedade, então o menino nunca havia visto outro ser humano. Tinha uma vontade de conhecer eles, mas não sabia onde estavam, ou o quão longe estavam. Certo dia, quando tinha em torno de uns 15 anos, em um dia ensolarado, o menino lhe perguntou.

- Pai, por que vivemos sozinhos?- O homem pareceu travar por um momento após ouvir a pergunta do filho, mas rapidamente se recompôs e continuou a voltar a esfolar o jantar.

- Você considera que vivemos sozinhos?

-Bem... só temos nós dois aqui...

- Filho, abra seus olhos...- Seu pai disse colocando suas coisas de lado e se virando para olhar diretamente para Leo.-... o que você vê ao olhar pela janela?

- Árvores. Animais. Terra. Céu.

- Exato, vê como estamos em uma Terra perfeita? Enorme equilíbrio. Tudo por uma razão, e não termina ali, estou falando sobre o próprio universo, todos os elementos naturais, como podemos estar sozinhos quando fazemos parte de algo tão vasto? Os outros simplesmente quebram isso, querendo tomar conta de tudo e se mostrar superior, mas nós somos iguais a natureza, até mesmo inferiores, não podemos tentar dominá-la.

- As pessoas são tão arrogantes assim?

- Você não faz ideia meu filho, escute você está bem melhor sem nunca viver no meio daqueles idiotas, é por isso que eu te trouxe aqui. Acredite, você é muito mais livre que vários deles.

- Eu sou livre?

- Mas é claro filho, foi por isso que eu te trouxe aqui, porque eu sei que esta é uma vida melhor para você.- Isto fora o bastante para acalmar o coração do menino, por hora. Eles voltaram a sua rotina, Leo se tornou um exímio caçador, era mais forte que um leão e mais rápido que um lobo. Ele e seu pai viviam unidos, comendo juntos, dormindo juntos, mas na maior parte do tempo, os dois não conversavam, aprenderam a se comunicar apenas com seus movimentos, palavras não se eram necessárias.

Mas, meses após a última conversa que tiveram, a curiosidade de Leo retornou em dobro, continuava querendo saber mais sobre as outras pessoas, continuava querendo ver mais alguém em algum momento de sua vida. Então em um dia nublado:

- Pai, por que vivemos sozinhos?

- Eu já lhe falei o porque.

- Mas assim, nós somos humanos, se nós somos bons isso quer dizer que nem todos são ruins.

- Mas você vai se tornar alguém ruim se ficar no meio dos ruins Leo. Ouça seu pai, eu sei o que falo... Eu vi acontecendo...

- Pai? Como assim? Isso aconteceu com quem?

-..... Não importa garoto, vá pegar lenha na floresta vá.- Vendo que não adiantaria mais falar com seu pai naquele estado, Leo obedeceu, com um machado ele se aventurou pela mata, cortando madeira, indo mais a fundo. Se aventurando, o jovem Leo seguiu por um pedaço da floresta no qual não conhecia, a mata ficara mais densa, e a escuridão assumia, era tão difícil andar por aqueles galhos que chegava a ser estressante.