Restauração

9 1 0
                                    

Estávamos voltando ao território dos Decaídos para encontrar peças e restaurar a habilidade de viagem interplanetária de nossa nave. Isso abriria novos destinos e missões para nós e, consequentemente, o equilíbrio de tudo.

— Sobrou tão pouca coisa aqui. — começou Fantasma, preocupado — Os Decaídos estão saqueando tudo. Tivemos sorte em encontrar essa nave. Um Guardião não pode fazer muito em defesa da Cidade sem uma, mas ela precisa de um Motor de Dobra se quisermos lutar além da Terra. E aquele Cosmódromo é o único lugar que conheço no qual podemos encontrar um. Sobrevivemos aos Decaídos uma vez. Podemos sobreviver outra.

— E vamos.

Aterrissamos na Estepe, Antiga Rússia novamente. Uma proximidade do Cosmódromo. Era uma tarde de se admirar. O céu se mesclando no azul e laranja próximo ao sol, deixando feixes de luz entre as poucas árvores que haviam. Dali dava pra ver grandes foguetes desativados atrás de altos muros, plataformas pela metade destruídas pelo tempo, ou Decaídos. Algumas trilhas muito usadas viraram estradas demarcadas em várias direções. Terra, pedras, e um leve tom de outono.

— Uma nave Guardiã foi derrubada recentemente aqui. Se os Decaídos não chegarem nela, deve ter peças que possamos recuperar. Vamos por ali.

Comecei a correr na direção que Fantasma me apontou, em uma das estradas. Havia algo branco como a neve por todo o lugar, misturando-se com a terra, e de tempos em tempos o vento forte levava um pouco consigo.

Passando por um casebre avistamos a nave, já sendo guardada por dois Vândalos e duas Sentinelas. Hora de estrear a arma nova. O silêncio do vento foi cortado por nossa troca de tiros. Foi uma ótima escolha não querer desperdiçar tanta munição pela distância, o que já não foi o caso deles.

Eliminados, nos aproximamos. Fantasma foi inspecionar tudo, como fez com a nossa nave.

— O sistema de aviônica da nave está completamente catatônico, mas posso recuperar as últimas transmissões. — ruídos de um diálogo começaram a surgir. Não consegui entender nada. — Eles conseguiram restaurar uma central de comunicações aqui. Descendo pelos túneis abaixo. Deveríamos dar uma olhada.

Ótimo, túneis.

— Certo, vamos lá!

O sinal nos direcionava para o casebre, onde por acaso haviam vários receptores, dessa vez, rebaixados imprevisíveis. Haviam contêineres espalhados na entrada, o que daria uma boa cobertura para mim, e para eles.

— Você têm granada, jogue — Agora que ele me diz? Isso encurtaria o assunto por ali. Joguei no meio de três, e um chegou a sair do chão. Outro que estava próximo ficou atordoado, levou a mão do rosto e fez um som como se chorasse, quase dando pena. Finalizei sua dor com um tiro na cabeça.

Parecia mais uma grande garagem com escada para o subterrâneo. Toda gasta e bagunçada por tudo o que passou por ali, e descendo só piorava. Prateleiras, barris, grandes geradores e nenhuma iluminação, exceto a que vinha do início da escada. Um curto corredor nos mostrou um baú com espólios. Alguém sempre quer guardar algo para mais tarde, ou nunca. Nele havia lúmen, um material que vim a conhecer como girometal, e uma manopla, aparentemente melhor do que a minha.

— Temos tempo para uma troca?

— Se isso vai te ajudar a enfrentar os inquilinos, com certeza!

De fato ela era mais robusta e mais confortável do que a que eu estava usando, e sim, mais bonita. Claro que eu penso nessas coisas, ainda mais depois de ver tantos Guardiões com armaduras incríveis na Torre. Eu estava como pano que eles podiam pisar em cima.

Do lado oposto da sala havia uma porta dupla de metal com uma parte aberta. Ela dava para mais uma leva de escadas, nos levando cada vez mais abaixo da terra. Concreto e sujeira acumulados pelos cantos dava a impressão de que o prédio tinha tentado desmoronar algumas vezes, e o corredor que pegamos a seguir tinha luzes fracas e falhas, gastando a última força que tinham.

A Luz de KhivaWhere stories live. Discover now