O Jardim Sombrio

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Às vezes minha curiosidade e anseios parecem corroer a minha mente. Lá do alto da Torre eu olhava para a cidade, para o Viajante, e questionava meu propósito. Fantasma, que estava sempre comigo é claro, ficava em silêncio ao meu lado. Ele sabia que esse era o meu momento de reflexão, e sabia que se eu tivesse alguma pergunta a fazer, com certeza o faria.

— Então é hoje.

— Sim — ele respondeu — Daqui a pouco na verdade.

— Sim. Acha que temos chance?

— Não acho que vamos ter uma segunda chance nisso. Se conseguirmos, podemos salvar o Viajante. Se não, os Vex tomarão nossos mundos. Aconteça o que for, se não voltarmos pra casa, não terei arrependimentos. — disse ele.

— Você é tão otimista.

— Isso é ser realista.

— Claro. Gosto assim também.

Se não voltarmos pra casa.

Então esse poderia ser o fim da minha jornada? Nosso maior desafio desde então, com tanta coisa em jogo dependendo da nossa vitória. Não seria mais fácil juntar um esquadrão imenso e ir todos juntos? Ah sim, e se der errado, todos morrerão juntos. Alguém deve ficar para lutar, sempre.

— Pronta para morrer? — Ashra surgiu atrás de mim.

— Definitivamente?... — ela olhou sem resposta — Não sei. É uma sensação estranha, e não é boa.

— Nunca é. Mas quanto mais cedo aceitar o que pode acontecer, melhor lutará, pois sua mente estará aberta apenas para o combate. — ela sentou, e olhou para o Viajante. — Será que ele nos observa? Será que ele vê o que todos fazemos e sentimos?

— Não sou a pessoa certa para responder isso. Quanto ao Viajante, não quero ofendê-lo dizendo em voz alta que questiono sua existência e objetivos, ou se valoriza aqueles que morrem pela sua causa.

— A causa não é só dele. — disse Tyler, caminhou até meu lado, mas permaneceu de pé. — Nós lutamos para não perder a única coisa que temos — seus olhos foram de encontro à Cidade, e logo em seguida aos meus — Independente do Viajante. Ele está aqui para nos dar uma chance de vencermos. Sem ele, não haveriam Guardiões, e sem Guardiões, tudo estaria perdido. — nada disso foi dito com humor. Ele já teria aceitado sua provável morte final?

— Sim, você tem razão. — ele quase fez com que eu me sentisse envergonhada comigo mesma.

— Parou pra pensar que essa luta já pode estar perdida e estamos perdendo tempo? — Ashra pelo visto estava aberta a debates — Acha que se vencermos hoje a paz reinará eternamente? E se morrermos virão outros e mais outros tentando mudar um destino inevitável. — sua voz estava cada vez mais frustrada. — Isso cansa, e sinceramente, não pedi pra ser uma Guardiã. O Viajante só gosta de juntar soldadinhos e brincar de Deus.

— Pelo o que você luta? — Tyler havia feito sua pergunta definitiva, e não obteve resposta.

— Então, vamos? — mudei de assunto, o clima estava pesando.

— Vamos. — responderam, e seguimos para o Hangar.

O Deserto permanecia o mesmo, um nada. E era triste pensar que aquele lugar poderia ser a última coisa que eu veria em vida. Eu precisava lembrar a mim mesma que tudo era por um bem maior. E claro, eu estava curiosa para conhecer o tal Jardim Sombrio.

— Ok. O Olho do Senhor do Portal ainda está carregado. Vamos para o Portal.

— Certo, pessoal, peguem seus Pardais e vamos atravessar essas areias marcianas malditas.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 20, 2020 ⏰

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