A Última Matriz

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Voltamos pra casa orgulhosos. Pelo menos eu, já que cada um estava em sua nave. Meu sentimento era de realização, e até mesmo agradecimento. Foi revigorante e desafiador e, por mais que eu não queira admitir, gostei de trabalhar em equipe. Seria sorte essa ter funcionado tão bem logo de início? Não sei, e vou me deixar sem saber. Eu estava radiante e queria dividir isso com alguém.

— Fantasma.

— Sim. Você foi ótima!

— Você lê pensamentos também é?

— Não, mas devido eu saber tudo sobre seu sistema nervoso, bom, é quase a mesma coisa. O que achou do seu esquadrão?

— Divergentes, mas incríveis. O poder deles... O que era aquilo que eles fizeram?

— Ashra usou a Arma Dourada. No caminho do Pistoleiro, tudo o que importa é o tiro perfeito. Precisando apenas de três tiros absolutos para causar um dano incalculável. E falando em absoluto, Titãs Defensores são âncoras inquebráveis, treinados para absorver dano e controlar o fluxo da batalha. A parede contra a qual a Treva se depara. Mesmo que muitos aprendam essas habilidades, poucos tem tal sincronia em combate como vocês tiveram. E como indivíduos?

— Para resumir, Tyler é um palhaço, e Ashra me assusta.

Fantasma riu.

— Dizem que os Despertos nasceram durante o Colapso, descendendo daqueles que tentaram escapar da sua fúria. Algo lhes aconteceu muito além, na beira da escuridão, e eles foram mudados para sempre. Hoje muitos Despertos vivem no distante Arrecife, indiferentes e misteriosos. Mas outros retornaram à Terra, aonde seus descendentes agora lutam pela Cidade.

— O mistério dessa mudança sobressai aos olhos deles então. Mas não me senti intimidada por Zavala.

— Digamos que ele tem um perfil acolhedor. Já Ashra pode ter passado por algo além da história dos seus antepassados. Dê uma chance a ela.

Consenti. Além do mais, pra mim, o pior de lidar com estranhos em batalha já tinha passado.

A Torre parecia cada vez mais familiar, e receptiva. Era como saber que ali eu não precisava ter um olho na nuca. Olhei toda aquela calmaria e respirei fundo.

— Aha! — Tyler gritou do meu lado, e meu coração foi na boca.

— O que foi? — perguntei.

— Hora da recompensa. — respondeu Ashra ou, Ash.

— Não achou que um assalto desses ia passar em branco achou? A Cidade está agradecida, aproveita! —disse ele, saltitando até o Correio.

— Que tipo de recompensa? — perguntei a Ash enquanto ficávamos para trás.

— Qualquer coisa... tipo armas, armaduras... geralmente é algo bem útil e, caso não seja, você pode extrair materiais para investir em algo melhor.

— Kadi-55-30 recebe Guardiões de volta da fronteira, transmite mensagens urgentes e rastreia itens perdidos. Ela adotou réplicas coloquiais com os Guardiões que frequentam a Torre. Não se sabe se isso é uma função de sua sub-programação ou se é um comportamento adquirido. — me informou Fantasma. — Ela foi muito útil guardando seu fuzil automático não acha?

— Sem dúvida. — concordei.

Kadi era uma simpática robô de cabeça achatada, com peças azul e amarelo. Tinha apenas um olho central, também azul, e muita proatividade. Quando chegamos, Tyler estava batendo os pés rapidamente, como uma criança impaciente.

— Kadi, cadê meu presente? — Reclamou ele.

— Checando, checando. Soro da Verdade AR760. — Ele pegou o fuzil automático e nos encarou com um olhar maléfico.

A Luz de KhivaWhere stories live. Discover now