Precipício da Convocação

2 0 0
                                    

As idas e vindas da Torre costumavam ser cheias de energia e otimismo. Talvez fosse por Tyler sempre estar por perto saltitando, contando suas façanhas, e agora, ele estava se arrastando.

— A realidade não cai bem pra ele. — comentou Ash.

— Esse nível de humor é seu. — observei, rindo.

— Exatamente.

— Do que estão falando? — Tyler olhou pra nós de repente.

— Sobre a missão, vai ser moleza. — fingi ser ele e mostrei o polegar em sinal positivo.

— Vai mesmo! — Em um piscar de olhos ele se ergueu e pareceu até ser mais alto. Bateu no peito em sua armadura — Eu serei a ruína desse bicho. Está decidido!

E o nosso Titã estava de volta. Encontramos com os mentores para saber mais detalhes sobre o assalto. A abominação da Colmeia, chamado Phogoth. A presença dele no Precipício da Convocação revela mais um dos projetos da Colmeia: um ritual de renascimento onde a fome e violência vorazes de um Ogro são aperfeiçoadas e recebem um propósito. Tínhamos de derrotá-lo, e rápido.

— Tudo bem, vamos acabar logo com isso. Reabasteçam-se, nos encontramos na órbita. — orientei.

— Ok. — responderam.

Sem tempo para relaxar dessa vez. Dava pra sentir o clima mais pesado e sombrio. Estávamos voltando para a Boca do Inferno para um desafio ainda maior e, sendo realista, poderia ser o nosso último.

Quando entramos novamente na fortaleza, parecia que haviam brotado novos Cavaleiros para a guarda do local. Era como se nunca estivéssemos estado ali, há pouco tempo atrás, destruindo a Espada de Crota. Eu já me sentia cansada emocionalmente ao ver que entraria no mesmo lugar duas vezes seguidas, com um provável dobro de inimigos.

— Fantasma. Localização?

— Não temos como saber até onde vamos ter que ir para encontrar o Precipício da Convocação.

— É sério? — meu desânimo só aumentava.

— Vamos descendo toda vida, que uma hora acaba. — e essa foi a sugestão de Tyler.

Descemos até a câmara onde encontramos a Espada. O que não havíamos notado antes é que tinha uma grande porta bloqueada. A partir dali, tudo seria novidade.

— Precisamos passar. Vou tentar abrir aquele Portal. — prontamente, Fantasma começou a decodificar as trancas. — Um tríptico de runas da Colmeia. Dizem ser indecifrável. — um segundo após ele mexer, e ruídos de Escravos já ecoavam de todos os cantos. — Eles sabem que estamos aqui. Vou botar a mão na massa.

— Fiquem juntos. Vamos fazer uma linha de defesa aqui. — orientei Ash e Tyler, e de costas para as runas, aguardamos por nossos anfitriões.

Uma leva de Escravos e Cavaleiros tentava nos cercar, vinda dos flancos da parte inferior e superior da câmara. Eles pulavam ferozmente das plataformas para tentar nos surpreender.

— Está reconfigurando! Aguenta.

Acólitos comuns e Sagrados, acompanhados de Feiticeiras foram os próximos a tentarem nos impedir. Tyler já se sentia confiante o suficiente para percorrer o perímetro de escopeta. Ele foi pela direita, e Ashra pela esquerda com canhão de mão. Eu optei por permanecer em meu posto para proteger meu Fantasma.

— Estou começando a ver um padrão! Não deve demorar!

— Já é muito bom pra quem disse que isso costuma ser indecifrável. Está tudo sob controle aqui. Vá em frente. — incentivei.

A Luz de KhivaWhere stories live. Discover now