O Túmulo do Mundo

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Tudo parecia mais claro agora, inclusive o constante otimismo de Tyler. Nesse momento eu achava que nenhuma missão seria pior do que o Crisol, e por isso eu estava feliz. Mas no fundo eu sabia que isso era temporário. Além do mais, se essa jornada fosse tão simples, Cayde, Zavala e minha mentora Ikora já teria livrado toda a Cidade e honrado o Viajante eliminando toda a Treva. O que me leva a pensar que se Ikora já foi uma lenda no Crisol, o que de pior ela já enfrentou? Sem que eu notasse, meu sorriso tinha ido embora.

— Choque de realidade? — Ashra apareceu ao meu lado. Não sabia há quanto tempo estaria ali, observando a Cidade comigo.

— Talvez. Sei que não é tão fácil quanto parece. — meu olhar se perdia no horizonte, procurando enxergar um futuro aceitável.

— Nunca é. Mas você se saiu bem hoje, isso serve pra alguma coisa, não acha? — olhei pra ela e vi um rosto quase meigo. Apesar do seu jeito misterioso, fez com que eu me sentisse melhor novamente.

— E você? Qual o seu segredo para manter o controle?

— Pra ser sincera, eu nunca espero nada. De nada, nem de ninguém. Vivo um dia após o outro. Também não ligo se eu morrer. Pra mim o dia da minha última morte seria libertador. Essa luta nunca vai acabar.

— Por que pensa isso?

— Basta olhar em volta. Está tudo tão fora de controle que já morremos uma vez, e fomos ressuscitadas, de novo e de novo. E mesmo assim Guardiões são perdidos, e os inimigos só aumentam.

Eu não sabia o que dizer. Ela também encarava algo além do presente, porém não era a espera por um futuro promissor. Seu olhar era triste, rancoroso.

— Pelo menos estamos juntos. Então enfrentaremos o que for, juntos. O que acha? — procurei chamar sua atenção, entrando em sua linha de visão. Ela levantou uma sobrancelha e deu um meio sorriso.

— Até que tem sido interessante.

— Interessante não, divertido!

E demos as risadas mais discretas que alguém poderia ouvir.

— Ei, madames. Vamos ou não vamos? — Tyler se aproximava a passos dançantes.

— Quem está chamando de madame, pirralho? — Ash tinha voltado ao normal. Era o momento que eu mais gostava. Assistir os dois discutindo.

— Vocês ficam aí conversando sobre o próximo tonalizador que está na moda e eu aqui esperando.

— Não há conversa pra isso. Preto é a moda. Sempre vai ser. Não é a toa que é mais difícil de achar. Todos querem, poucos têm.— dizia Ashra de queixo empinado.

— Branco é moda. — implica Tyler.

— Branco suja. — rebate Ash.

— Tonalizador? — Parei nessa parte da conversa.

— Tonalizadores podem mudar a cor de sua armadura. Podem ser encontrados pelo sistema. Ou comprados com Eva Levante. — disse Fantasma — Ela forneceu serviços à Torre muito antes de se instalar por aqui. Guardiões requisitavam o seu trabalho sempre, procurando por marcas distintas, novas e velhas. Então, ela começou a criar emblemas e tonalizadores para os mais ousados e os que desejavam se diferenciar. Hoje em dia ela tem sua própria loja na Torre, orgulhosa dos Guardiões que treinam, lutam e caem sob os seus símbolos.

— É bom para... — as mãos de Tyler dançavam em minha direção — dar uma padronizada nisso aí. — concluiu, apontando para minhas vestimentas. Manto azul, luvas cinzas, botas marrons e o capacete era verde. Naquele momento, me senti nua, e envergonhada. Minha vontade era de encontrar Eva agora mesmo.

A Luz de KhivaWhere stories live. Discover now