A Cidade

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Em nossa viagem, passamos por paisagens belas, outras porém nem tanto. Montanhas de pedra com picos cobertos por neve, isolados de sua base por cortinas de nuvens espessas. Tempestades escuras, com trovões gritantes e ventos violentos. Após atravessar tudo isso, nós o avistamos.

— O que é aquilo?

— "Aquilo" é o Viajante — disse o Fantasma com uma voz risonha. Olhei pra ele esperando uma explicação complexa. — Certo. Vamos lá. Alguns especulam que o Viajante é uma grande nave; outros acreditam que é um ser sensível ou inteligência artificial ou até mesmo uma divindade, mas a natureza verdadeira dele é desconhecida. Ele leva o crédito pela sobrevivência da humanidade durante o Colapso da Era Dourada. Depois de ter sacrificado a si mesmo para salvar a humanidade, ele permaneceu em órbita baixa na Terra. A Cidade foi construída na sua sombra e sob a sua proteção, enquanto os seus habitantes estão protegidos temporariamente da ameaça da Escuridão. Nós, os Fantasmas, fomos criados em seu último suspiro, para buscar e resgatar os guardiões perdidos, como você.

Eu não sabia nem o que comentar sobre isso. O viajante a primeira vista, parecia apenas um mini planeta, pairando sobre a Terra como se fosse um intruso. Mas estava apenas ali, e parecia ter paz, segurança...

O entardecer parecia lindo. As nuvens dividiam o céu azul do pôr do sol, refletindo uma luz vermelha na parte inferior delas. Aproximávamos de uma torre, notavelmente alta, propositalmente inclinada em um design futurista, mesmo que suas partes estivessem corroídas pelo tempo. Sua grande coluna central suspendia no topo a área social principal, enquanto alguns metros abaixo começa o restante do prédio.

Nossa nave nos posicionou em um dos postos do lugar. Haviam grandes bandeiras vermelhas representando um grande compromisso com a causa, seja ela qual for.

— Bem vinda à última cidade segura da Terra, o único lugar que o Viajante ainda consegue proteger. Levou séculos para ser construída. Agora, contamos cada dia que aguenta. — dei uma olhada agora de sua beirada. Mesmo com as possíveis dificuldades, parecia grandiosa. E então ele se voltou para dentro —E essa Torre é onde vivem os Guardiões.

Diversos tipos de Guardiões circulavam pela Torre. Alguns tinham armaduras belíssimas e exóticas, outros pareciam ter acabado de chegar, como eu. Alguns simpáticos robôs ficavam posicionados em lugares estratégicos, para ajudar e auxiliar aqueles que tinham pressa. Escadarias dividiam algumas áreas de assuntos específicos. Vi aqueles que depositavam seus pertences em alguma espécie de cofre, e outros que não poupavam nas compras de novos. E ainda havia aqueles que organizavam grupos para não saírem sozinhos. Devia ser uma missão bem perigosa.

— Venha, vamos conhecer a sua mentora e comprar algumas coisas antes de ir.
— Comprar? Com o quê? — nem prestei atenção sobre a parte da mentora. Acabei de reviver? Que recurso eu teria conseguido entre abrir os olhos após anos morta e confrontos contra Decaídos?

— No momento, Lúmen! Conseguimos alguns durante os abates de alguns Decaídos. Baús perdidos pelo Cosmódromo e outras partes do universo também nos darão recursos valiosos. Com a quantidade certa de fontes de energia e absorção, Lúmen pode transmutar em praticamente qualquer coisa. Isso o faz precioso para as indústrias da Cidade e seus artesãos. Este valor faz do Lúmen uma moeda valiosa de troca, especialmente para aqueles que se aventuram além das muralhas da Cidade.

— Interessante. — essa forma de comércio.

Fantasma deu uma leve olhada para mim.

— Novos Guardiões muitas vezes reclamam que deveriam receber equipamentos de alta qualidade gratuitamente já que eles estão lutando pelo futuro da Cidade. Infelizmente, equipamentos necessitam de recursos para ser fabricados. Guardiões devem trazer Lúmen e outros materiais como girometal ou ferro de relíquia para manter os motores da economia da Cidade girando. Se uma época boa gerar um "bum" de recursos, isso pode ajudar a produzir equipamentos avançados em massa!

A Luz de KhivaWhere stories live. Discover now