Parte V - 31/10/2014

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Um, uns, alguns?

Em vez da fantasia de anjo negro e do rosto estar metade pintado de preto. Do nariz para cima, Lucian tinha a face pintada como uma caveira mexicana. Seu olhar de fogo havia voltado ao vermelho e a roupa que ele vestia... Quase tive um troço ao analisar. Lucian usava apenas uma calça jeans e um manto vermelho até os pés, aberto na frente, revelando seu corpo definido. Os tribais em forma de labaredas negras, cobriam também o abdômen e o peitoral. Sobre o cabelo castanho, havia um par de chifres vermelhos, e na mão esquerda, ele segurava um tridente.

Onde foi parar a fantasia de anjo negro? Como ele trocou tão rápido assim?

 -       Por que você está fazendo isso comigo? - gemi.

-       O que foi que eu fiz?

Lucian agia de forma diferente também? Só para acabar de vez com meu raciocínio?

Sua voz soava mais doce e ele parecia menos atrevido, mais suave.

Eu estava cansada de acontecimentos bizarros num só dia. Aquela altura, já havia desistido de curtir qualquer festa. Só precisava dormir e esquecer esse dia de terror.

-       Quero ir embora daqui. Abre essa porta.

-       Desculpa, não vou poder te ajudar com isso agora. Eu te avisei, lembra? Te disse na porta, que você não devia estar aqui.

-       Mas que piada é essa? Essa mansão por acaso é mal assombrada? Tenho que rezar pra sair, ou o quê?

Ele suspirou parecendo cansado e me fitou com o cenho franzido. Aquele olhar de fogo vermelho disse tudo.

Eu acertei? Tem alguma maldição que me prende aqui? Ah, que palhaçada!

E o que aconteceu com Lucian, que de repente ficou todo sério?

-       Calma Hannah, eu vou te explicar. Mas primeiro, que acha de nos apresentarmos oficialmente? Prazer, me chamo Lucian – ele estendeu a mão para que eu apertasse.

-       Jura? Prazer, sou a noiva do Frankestein, mas pode me chamar de Hannah Banana se quiser.

-       Você parece ter raiva de mim e eu não faço a menor ideia do motivo.

-       Tem alguma droga no ponche, Lucian? Ou você realmente esqueceu que invadiu meu quarto duas vezes e me agarrou igualmente, na mesma proporção?

Lucian de repente pareceu atormentado. Cerrou os dentes e falou muito sério, cheguei a me encolher na porta. As chamas vermelhas de seus olhos se moveram rapidamente.

-       A única coisa que eu fiz, Hannah, foi segurar você, quando estava prestes a cair do balanço.

-       Mas.... como....

-       E eu detesto, ser acusado de coisas que não fiz.

Ele se virou e entrou na sala a direita. Saiu a passos rápidos se desviando das pessoas dançando amontoadas. Zumbis, múmias, bruxas, fadas... Todos se moviam como se estivessem curtindo a melhor noite de suas vidas, cheguei a ter inveja, eu parecia ser a única vivendo um pesadelo.

Apesar de não fazer o menor sentido, acreditei em Lucian, mas agora eu precisava desesperadamente entender o que havia de errado comigo.

Por que eu ando sofrendo de alucinações?

Dei umas três cotoveladas nos vampiros e monstros que tentaram me agarrar e alcancei Lucian no meio de um corredor escuro. O puxei pelo braço.

-       Ei, me espera Lucian. Desculpa.

-       Hannah! Você não devia ter me seguido!

Seu tom ríspido me repeliu, dei um passo para trás. As lágrimas quiseram aparecer de novo, senti meus lábios tremerem. E apesar de todo o meu esforço, elas desceram.

-       Merda! – Lucian esbravejou e aninhou minha cabeça em seu peito. – Desculpa, eu não queria gritar.

-       Só me explica, Lucian, por favor. Eu não quero pirar, me ajuda. – Insisti. O ouvi soltar o ar com força por cima da minha cabeça. Ele me apertou com mais força.

-       Era isso o que eu temia desde que olhei pra você, Hannah. Eu sabia que se eu te segurasse, nunca mais ia querer soltar.

Senti que derretia nos braços quentes dele, mas sua afirmação só me deixou mais confusa.

-       Lucian? – ergui a cabeça e fitei seu olhar de fogo vermelho. – Me explica?

Ele assentiu.

-       Você conheceu o babaca do meu irmão gêmeo, Dukian. Ainda não acredito que ele se apresentou com o meu nome. Muito menos que tenha agarrado você. Eu devia quebrar a cara dele.

-       Não, não faça nada. Sério, eu não quero mais problemas. E ele não me disse que se chamava Lucian, fui eu que deduzi quando ele apareceu na minha casa.

-       Ele foi um babaca. Mas não vou deixar que chegue perto de você novamente. Confia em mim, Hannah?

-       Deveria? Ou não tenho escolha?

-       Acho que a essa altura, você já deve ter percebido que eu sou sua melhor opção.

Lucian sorriu e encaixou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Ele me pareceu alguém em quem eu poderia confiar. Como se existisse uma aura boa em volta dele. Infelizmente, eu não tinha muitas opções. Eu não conseguiria deixar a mansão e definitivamente não iria perambular por ali sozinha.

Ou eu confiava em Lucian ou voltava para a porta para aguardar Dukian. Será que ele teria voltado até a porta para me procurar? Obviamente ele saberia que eu continuava na mansão, uma vez que eu não podia sair.

Entrei em conflito, se Dukian quisesse me machucar, acho que já o teria feito, mas meus instintos gritaram para acreditar no olhar de fogo vermelho. Olhei dos chifres dele para o tridente e sorri.

-       Acho que você não é nenhum demônio.

-       Isso, você acertou pequena. Agora venha, não podemos ficar aqui.

Entramos em uma sala ao final do corredor. Fiquei cega assim que ele fechou a porta. Era puro breu.

-       Acende a luz, Lucian.

-       Não podemos. Elas não devem saber onde estamos. Vamos ter que nos esconder até a meia noite. Não vai ser fácil Hannah, mas eu prometo, elas não farão mal a você.

Meu corpo inteiro se arrepiou. Eu, aprisionada em uma mansão, a voz rouca dele anunciando que o terror estava a caminho, nós dois escondidos em uma sala escura...

E o pior de tudo, a mãe dele era uma assassina. Eu não podia esquecer disso, mas a informação se dissolvia com frequência na minha cabeça. Quase como se eu estivesse enfeitiçada. E se tudo aquilo fosse uma encenação? Não passasse de uma armadilha?

O som de um fósforo sendo riscado me distraiu. A luz amarelada de uma vela iluminou o rosto de Lucian. Com aqueles olhos de fogo vermelho vivo e naquela escuridão, a chama acesa da vela me pareceu totalmente desnecessária.

Lucian segurou minha mão e me levou até um pufe de couro no meio da sala. Pelo visto ele era tão quente quanto o irmão. O simples toque de sua mão, me aqueceu como uma lareira.

-       Senta aqui, Hannah. Vou te contar o que eu sei.

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