01/11/2014 - 19:30h

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Uma tentativa...

O Sacerdote Lefrève apertava meus ombros. Sacudi a maçaneta de novo e a porta não abriu. Gritei mais alto:

-        Mãe!

-        A chave Hannah! Onde está a maldita chave?!

-        Onde está minha mãe?! Ela não devia estar aqui? O que o senhor está escondendo de mim?!

O sacerdote Lefrève me obrigou a girar o corpo quando puxou meu braço rispidamente.

Por que essa obsessão com a chave que abriria o túmulo do Fantasma Profano?

-        Anda garota, dê-me o que é meu!

Abri a boca. “Dê-me o que é meu”. Foi exatamente o que uma das mulheres do Coven disse quando me prendeu no chão desse mesmo quarto horas atrás, no momento em que voltei ao passado. Arregalei os olhos para ele. Havia um sorriso presunçoso no canto dos lábios dele. A compreensão chegou até mim.

Quem quer que fosse o sacerdote Lefrève, definitivamente não era o homem que pensamos que nos ajudaria. E eu estava sozinha. Presa com ele dentro do meu quarto, sem saber o que haviam feito com minha mãe, e sem nenhuma arma para me defender. Engoli em seco. Minhas pernas tremeram como se houvesse um terremoto abaixo de mim.

-        O que você fez com ela? Pra onde levaram minha mãe?!

-        A maldita chave Hannah, onde está? Responda!

O Sacerdote ergueu a mão no alto, e a desceu com toda a força em meu rosto. O som do tapa ecoou no quarto vazio. Apesar da ardência na pele, da raiva que fazia meu sangue ferver e do medo, consegui soar firme ao responder:

-        Só entrego a chave, quando disser para onde levou Cordélia Winslet.

-        Você sabe quem eu sou, garotinha? É melhor não me provocar.

Ele puxou meus cabelos pela nuca até que eu caísse no chão.

Tentei me desvencilhar mas ele possuía uma força descomunal. Pensei que arrancaria meu couro cabeludo. Se eu ainda estivesse com a adaga, teria cravado nele naquele momento. Ergui o braço com a esperança de acertá-lo no rosto, mas errei. Girei o pescoço para o lado e usei a única arma que eu tinha. Mordi o braço dele com toda a força que pude reunir. Ele me soltou e levantou praguejando:

-        Maldita! Você vai pagar por isso!

O sacerdote Lefrève preparou um chute. Consegui desviar quando me arrastei para perto da cabeceira ao lado da cama. Eu precisava dar um jeito de pegar aquela chave sem que ele percebesse. Ele veio de novo para cima de mim. Os punhos fechados, prontos para me acertar em cheio.

Encolhi o corpo em posição fetal e fechei os olhos esperando pelo golpe. Mas não veio.

Quando ergui as pálpebras, ele me fitava com um sorriso diabólico.

-        A chave. Eu posso vê-la, está abaixo da cabeceira. Pegue-a Hannah. Pegue e me entregue de boa vontade.

-        Não.

-        Pegue sua maldita! Só uma Winslet pode me entregar a chave. Sua mamãezinha garantiu que ninguém seria capaz de abrir o túmulo, se não recebesse a chave diretamente de uma Winslet.

-        Por que está fazendo isso? Você não é um padre? Não deveria nos ajudar?

Ele gargalhou. Uma risada alta, presunçosa, irritante. Percebi que ele sentiria prazer em me torturar enquanto eu não lhe entregasse a chave. Mas era o único trunfo que eu possuía para salvar minha mãe.

-        O padre está aqui, Hannah. Posso ouvir o lamento de sua consciência dentro desse corpo. E isso é por culpa sua! Eu deveria estar hospedando o corpo de seu namoradinho, mas você me atrapalhou sua maldita. Quando você tentou me enviar de volta para o submundo e o padre percebeu que não estava conseguindo, ele tentou me exorcizar e eu invadi a consciência dele. Velho idiota. Achou que poderia se livrar de mim. Quanto a você, deixa eu te mostrar uma coisa, garotinha.

Ele pousou a mão em meu rosto e pensamentos imundos me acometeram. Rituais macabros, mulheres se entregando a ele, pessoas morrendo. Observei uma espécie de sombra sentada em um trono, rindo do lamento de dezenas de homens e mulheres sendo torturados ao seu redor. Ouvi o nome de minha mãe na voz dele, e em seguida escutei o nome de Acássia. Senti que mergulhava em um túnel de fogo. Minha pele ardeu em febre. Então compreendi. Era ele. O Fantasma Profano. O portador da desesperança. E ele queria o seu corpo de volta. Enterrado no túmulo que somente abriria, se eu lhe entregasse a chave de boa vontade. Mas se eu fizesse isso, o que aquele ser faria quando tivesse seu corpo?

-        Entendeu agora, menininha? Deixa eu te explicar uma outra coisa. Sua mãezinha querida, está com o Coven. E se nos próximos três minutos, você não fizer o que eu ordenar, ela morre.

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Olááá, se gostaram não esqueçam de votar e comentar! Ficou curtinho, mas amanhã tem mais um! =)

Beijossss

E TOMEM CUIDADO, PORQUE ESTAMOS NA PARTE DA DESESPERANÇA...

Olhar de FogoWhere stories live. Discover now