Parte VI - 31/10/2014

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Um....o que mesmo???

Sentei no pufe de couro e olhei hipnotizada para o rosto de Lucian por trás da chama da vela. Mesmo nervosa com o que ele poderia me dizer, acabei desviando do assunto:

-       Seus olhos ardem?

Foi muito difícil me manter focada enquanto eu fitava duas íris negras com círculos vermelhos de fogo. Aquilo era surreal demais. Acho que eu poderia passar anos olhando fixamente e continuaria duvidando do que via.

-       Você é a primeira pessoa a me perguntar isso – ele sorriu. - Espera aí, você vê mesmo o círculo?

-       Não deveria?

Lucian reagiu como Dukian. Ficou tenso, suspirou e crispou o cenho.

-       É pior do que eu imaginava, então. Dessa vez, ela acertou.

-       Lucian, sério. Me conte logo tudo o que puder. Por favor, não me deixe mais confusa ainda senão eu vou surtar. Ela quem? Acertou o que? Quem quer me fazer mal? E por que? O que há de errado com a mansão? Por que não consigo sair daqui? Por que seu olho é desse jeito? Por que eu não deveria enxergar isso?

Cuspi as perguntas e abracei os joelhos. Lucian pousou o castiçal no chão e acariciou minhas costas. O perfume dele me trouxe conforto, não sei porquê.

-       Calma, Hannah Banana. Acho que você já está surtando.

-       Me chamou de que?

-       Você que falou, lembra? Noiva do frankestein... Hannah Banana...

-       Ah, mudei de ideia. Só Hannah.

-       Banana – ele riu e fez uma cara irresistível de menino levado.

-       Para com isso, Lucian.

-       O que? Você que permitiu, banana.

-       Sério, chega de me distrair – acabei rindo. - Vamos, me conte. Já estou mais calma.

-       Agora sim, já valeu porque consegui ver o seu primeiro sorriso.

Sorri de novo. Lucian era encantador demais. Mas como conseguia ficar tão calmo diante da ameaça à espreita?

-       Diz logo Lucian. O que há de errado comigo?

-       Absolutamente nada, banana. O erro, é você ser certa. Você é procurada por elas há séculos. Porque você é a Genuína. Elas farão de tudo para te levar. Mas fique tranquila, eu não vou deixar.

-       A Genuína?

-       Calma, vou te explicar tudo, mas preciso que confie em mim. Elas não vão colocar as mãos em você.

-       Você parece muito confiante.

-       E isso é ruim?

-       Como pode ter certeza, que irá impedi-las?

-       Minha mãe cometeu o grande erro, de me ensinar tudo o que ela sabe.

-       Quem são elas?

-       O Coven.

-       Por favor, Lucian. Seja mais detalhista, antes que eu enfarte.

-       Você não sabe o que é um Coven?

Meneei a cabeça para os lados em resposta. Eu já tinha escutado falar de seitas, grupos, clãs, mas nunca me aprofundei no assunto.

-       Eu preciso de tempo para lhe explicar isso com calma e nós não temos quase nenhum agora, Hannah. Elas virão a qualquer momento. Eu tenho um papel no ritual e preciso despistá-las.

Lucian se levantou de sobressalto do pufe e me entregou o castiçal.

-       O que você vai fazer?

-       Confia em mim? Preciso que fique aqui em silêncio. Eu já volto.

Senti minhas entranhas se revirarem de medo.

-       Não, não me deixe aqui sozinha.

-       Shhhh, fique calma – ele acariciou meu rosto. - Respire fundo e conte até dez. Quando terminar, já terei voltado, prometo.

 Em um segundo, seus dedos fazendo carícias em minha pele me acalmavam e no outro, eu estava sozinha naquele breu. A única coisa visível, era o fogo bruxuleando no castiçal. Puxei todo o ar que podia para os pulmões e deitei no pufe de couro. Uma crise de pânico brigava para se instalar em mim. Meu coração martelava no peito.

Eu sou A Genuína? Elas me procuram há séculos? O Coven?

Não ter resposta para nada, me fez arranhar os braços. Sentei de novo. Meu estômago ficou embrulhado. Varri todos os cantos da minha cabeça em busca de algum significado para aquilo.

Coven, Coven, Coven...Onde já ouvi isso antes?

Lucian disse que precisava fazer sua parte no ritual. De repente, minha cabeça deu um estalo.

Eram bruxas que me procuravam há séculos?

Levantei do pufe e andei de um lado para o outro.

Isso existia de verdade?

Acorda Hannah, você está presa em uma sala escura, dentro de uma mansão da qual não consegue sair, conheceu gêmeos com olhar de fogo que escutam o que você pensa e se movem como o vento.

Mas eles não pareciam bruxos, eu não entendia nada dessas coisas, no entanto achei difícil crer que olhos de fogo fossem algo comum entre Covens.

Cocei a cabeça. A ansiedade me deixava com vontade de correr dali, mas não havia para onde fugir.

Por que Lucian demorava tanto? Pelos meus cálculos, eu já poderia ter contado até cem.

E se fosse uma armação? E se em vez de me ajudar, ele tivesse ido buscá-las para me entregar de bandeja?

A escuridão me deixava cada vez mais nervosa. Sentei no pufe de novo e fiz o que ele pediu. Confiaria nele até ter a chance de fugir, era minha única opção. Somente assim eu conseguiria conter o grito de desespero que ameaçava soltar.

Passados alguns minutos em silêncio, cheguei a acreditar em Lucian. Pensei mesmo que tudo ficaria bem. 

Foi quando comecei a ouvir vozes murmuradas do lado de fora e me assustei. O tom foi subindo até que eu pudesse compreender o que diziam. Várias pessoas recitavam as mesmas palavras, como uma espécie de mantra:

“Fogo, fogo, ela veio. Fogo, fogo, ela está aqui. Leve a oferenda. Leve a oferenda. Fogo, fogo, ela chegou. Fogo, fogo, ela é sua. Leve a oferenda. Leve a oferenda. Oh, Fantasma Profano.”

Algo bateu com força na porta da sala. Aproximei o castiçal da porta e vi que era a maçaneta que tremia ruidosamente. Perdi o ar.  Elas tentavam arrombar a sala, e pela força, estavam prestes a conseguir.

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Oláááa, se gostaram não esqueçam de dar estrelinha e comentar! =) E aí, o que estão achando?

Beijossss e até sábado

TOMEM MUITO CUIDADO COM SEUS OLHOS...

Olhar de FogoWhere stories live. Discover now