02/11/2014 - 00:18h

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Um momento errado, um adeus...

 

Lucian reconheceu o ambiente para onde foi arrastado pelo Coven. As marcas de fogo subiam do chão de pedras e deixavam suas manchas negras pela parede. A ausência do Sacerdote Lefrève em sua própria casa era uma prova irrevogável de que haviam falhado. Imaginou o que teriam feito ao padre.

Vislumbrou uma chama azul terrivelmente familiar e antes que pudesse reagir, foi atingido no pescoço. A ardência do fogo do submundo se alastrou pelo tórax. Lucian caiu de joelhos.

Os mantos negros se aproveitaram de sua fraqueza e amarraram seus pulsos para trás.

Lucian recebeu um chute no rosto, e seu corpo tombou.

-        Onde ela foi enterrada? – Sibilou uma das mulheres malditas do Coven.

-        Não sei do que vocês estão falando. – Lucian rosnou mas não era mentira. E se ele soubesse onde estava o corpo dela, as mulheres do Coven seriam as últimas a saber.

-        Você não conseguirá esconder por muito tempo. O espirito do Fantasma Profano já está entre nós. E bem perto da Genuína. Nós abriremos o caixão, e o príncipe enfim voltará.

-        Boa sorte em abrir o caixão sem a chave. Hannah jamais a entregará de boa vontade à vocês.

Lucian zombou e urrou em seguida, quando a labareda azul do chicote voltou a atingir sua pele. Dessa vez, no ombro.

-        Deixem o garoto em paz. A chave está comigo.

-        Ora ora. Vejam se não é o nosso querido padre. O grande exorcista do século – disse um dos mantos negros.

Lucian fitou a escada em espiral e suspirou de alívio ao ver Lefrève aparentemente intacto. Apesar do bigode bagunçado e da batina rasgada, pela mentira do padre ao dizer que possuía a chave, Lucian soube que ao menos ele teria algum plano.

-        Não desperdice nosso tempo Lefrève. Dê-nos a chave. Dê-nos o que é nosso.

-        Foi pra isso que voltei aqui senhoritas. Mas primeiro, libertem o garoto.

-        Sem negociações Lefrève. Entregue a chave.

-        Bom, se preferem assim, terão que se explicar a Acássia, quando disserem a ela que perderam a oportunidade de abrir o túmulo do Fantasma Profano. – Ele ameaçou dar as costas.

-        Esqueceu que podemos obrigar você, padre?

-        E como pretendem fazer isso? Me possuindo?

O padre soltou um riso forçado. A gargalhada era um contraste nítido as suas feições cansadas. Lucian se moveu para ficar de pé, mas ao apoiar um joelho no chão, outra chibatada o fez cair de lado. A raiva fazia seu sangue ferver. Lucian queria queimar uma a uma. Reduzir a chamas a casa do Sacerdote e torturar o Coven maldito. Mas sabia que seria necessário mais do que isso para matá-las.

O silêncio pesou o ar.

Como se elas considerassem o pedido do padre. Se havia algo que poderiam temer mais que o Fantasma Profano, era Acássia.

Lucian aguardou a dor dilacerante da queimação se dispersar, e conseguiu ficar de pé.

-        Nós soltamos o filho de Acássia, padre. Depois que você mesmo abrir o caixão.

O Sacerdote Lefrève encarou Lucian enquanto descia os degraus. Lucian praguejou mentalmente por não poder ler os pensamentos de ninguém dali. Todos do Coven protegiam suas mentes com feitiços, obviamente o Sacerdote havia feito o mesmo.

Olhar de FogoWhere stories live. Discover now