Parte I.IV - 31/10/2014

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Uma vez que entrou...nunca mais saiu...

Enfiei o rosto entre a grade de ferro negra e olhei. Devo ter feito cara de idiota.

Como eles conseguiram fazer isso?

A frente da mansão estava completamente decorada em tema de Halloween. Morcegos, abóboras iluminadas, teias de aranha, caldeirões fumegantes, esqueletos, mortos vivos... Parecia um cenário hollywoodiano de filme de terror.

O estranho foi que não havia uma alma viva ali. Eles dariam, a julgar pela decoração, uma mega festa de halloween, para nenhum convidado?

Tive a impressão de que alguém me observava da porta e dei um leve pulo para trás. Perdi o ar quando subi os olhos para conferir de quem era aquele vulto.

Lucian me olhou dos pés a cabeça e lambeu os lábios. Quase desfaleci com a visão. Ele vestia uma fantasia de anjo negro. Asas enormes saiam de suas costas, a calça e a blusa pretas, somadas aquelas tatuagens tribais nos braços e no pescoço, fizeram meu coração disparar. Do nariz para cima, o rosto dele, estava pintado de negro. Seria uma fantasia de anjo ou de corvo? Os olhos de fogo brilhavam ainda mais agora que havia anoitecido. Lucian riu com ar debochado, ergueu o indicador e me convidou a entrar na mansão. Antes que eu respondesse, ele me deu as costas e desapareceu no breu dentro da casa.

Claro, ele quer que eu o siga. Quer que eu entre sozinha na mansão dos vizinhos assassinos. Como se eu confiasse muito nele. O invasor e ladrão de beijos.

Mas por que minhas pernas sentem tanta vontade de correr até lá? De onde vem essa necessidade absurda de socá-lo, xingá-lo pela brincadeira idiota que estava fazendo comigo e morder com força aquele lábio carnudo?

Tudo nele gritava perigo. O problema, é que nunca deixei o medo me servir de conselheiro.

Empurrei a grade de ferro e cruzei o pátio decorado da mansão. Da porta, pude ouvir a música que vinha lá de dentro. Suspirei aliviada. Se havia mesmo uma festa e outras pessoas ali, então, talvez eu não corresse perigo.

Antes que eu tocasse a campainha, Lucian abriu a janela da porta e estranhei o rosto dele. Os olhos não pareciam mais pintados de negro e o círculo de fogo estava vermelho de novo:

-       Você não devia estar aqui – ele rosnou e arrastou a janelinha da porta.

Fiquei como uma estátua ali. Demorei para digerir a informação. Só podia ser louco mesmo.

Não foi ele que acabou de me chamar? E até me deu um colar de pérolas! Que palhaçada é essa?

Chutei a porta furiosa. O mínimo que ele iria fazer agora, seria responder minhas perguntas. Eu ia encerrar aquela brincadeira de uma vez por todas.

Chutei pela segunda vez e nada aconteceu. Preparei o terceiro chute, a porta abriu e meu pé acertou a perna de alguém.

-       Até que você é bem forte para uma garotinha.

Lucian riu com deboche mas me olhou muito sério. O círculo hipnotizante, voltara a ficar amarelo. Como se uma força sobrenatural me atraísse para ele, não esperei o convite. Dei um passo para dentro da casa. Ele lambeu os lábios.

-       Você está perfeita.

-       Vim aqui esclarecer algumas coisas – meu sorriso lutava para sair.

-       Sou todo ouvidos... mãos e bocas.

Ele se inclinou e sussurrou em meu pescoço. Esqueci toda a lista de perguntas que eu havia organizado. O estado febril já me invadia, fechei os olhos involuntariamente. Lucian mordeu minha clavícula suavemente:

Olhar de FogoWhere stories live. Discover now