Capítulo 112: POV Nina Marshall

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Não foi fácil para mim deixar a Gabrielle

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Não foi fácil para mim deixar a Gabrielle. Não só por ela, não só porque eu não queria que ela ficasse sozinha. Não só porque eu queria ter certeza de que ela estava segura, de que estava bem. Mas também porque eu tinha medo de não ter aquela distração do meu lado. Eu tinha medo de ter que pensar no que eu não queria. Já era ruim o suficiente ter que sonhar com aquilo todo dia, quando eu estava mais vulnerável. Eu não queria deixar que os pensamentos me consumissem. Eu precisava da companhia para me salvar de mim mesma.

Mas Gabrielle juntou suas sobrancelhas e me pediu por favor para deixá-la um pouco sozinha. Eu podia ver que ela estava tentando não me deixar ofendida, mas que realmente queria que eu fosse embora, pelo menos por um tempo. Eu a entendia, eu também já estaria de saco cheio de mim. E vê-la assim, me pedindo desse jeito, com tanta culpa, quando era ela que precisava da minha ajuda, era tudo que precisava para me convencer.

Então eu a deixei com um beijo no rosto e fui direto para o meu quarto. Eu nem levantei o rosto enquanto andava pelo corredor, eu tinha medo de ver quem eu não queria.

Eu entrei correndo no meu quarto, fechando a porta atrás de mim. Minhas criadas não estavam por ali, eu as tinha dispensado, deixando claro que eu ficaria sempre com a Gabrielle. Mas a única garantia que eu tinha de não ser perturbada era trancar a porta. Eu não queria ficar sozinha, mas tinha mais medo ainda de alguém entrar.

De alguém entrar.

Eu queria me manter ocupada, mas meu quarto estava impecável. Eu tentei ajeitar a cama, como se desse para ela ficar ainda melhor arrumada, depois eu fui até minha mesa. Eu troquei a ordem dos livros, eu arrumei as folhas que eu tinha soltas, separando meus desenhos. Depois me sentei, pensando que talvez desenhar fosse exatamente do que eu precisava. Eu ocuparia a minha mente, eu me preocuparia em criar coisas novas. Eu não pararia nem um segundo para pensar.

Porque se eu parasse para pensar, eu parava para sentir. Eu não conseguia respirar, eu sentia um peso enorme me apertando o peito, que me dava vontade de gritar, mas me tirava a força para isso. Se eu parasse para pensar, eu me afogava em um monte de perguntas que eu não conseguia responder. Se eu me atrevesse a pensar, eu poderia me perder. E eu precisava ficar de pé, eu precisava não me deixar levar.

Mas não pensar também não estava ajudando. Eu não era muito boa em guardar esse tipo de coisa dentro de mim. Eu estava confusa demais, eu não sabia o que pensar de tudo aquilo, não sabia o que acreditar.

Eu nem estava conseguindo segurar direito no lápis para desenhar, então acabei desistindo. Eu estava juntando todos os meus papéis de novo, quando me lembrei da carta que tinha escrito para Sebastian. Eu queria reler para lembrar o que eu pensava, o momento em que estava. Eu era tão diferente, tudo estava tão melhor!

Mas eu não conseguia achá-la em lugar nenhum! Em nenhum livro, nem na minha mala. Eu procurei embaixo da cama, no meio das minhas roupas, mas não estava em lugar nenhum. Acabei desistindo. Eu me deixei deitar no chão, cansada daquela pequena euforia que tinha me tomado. Eu respirei fundo algumas vezes, olhando para o teto, tentando bloquear qualquer pensamento da minha cabeça.

Quando a Chuva Encontra o Mar [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora