Capítulo 61: POV Charles Regen

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Eu não sabia bem o que estava acontecendo

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Eu não sabia bem o que estava acontecendo. Tinha passado o jantar inteiro trocando olhares com Gabrielle que ria toda vez que eu fazia uma careta. Era como se nós tivéssemos um segredo. Apesar de que todos ali já pareciam saber.

Depois de terminar de comer, eu fui andar com o Bradley. Fazia muito tempo que eu não o levava para passear, sempre deixando um criado ou outro fazer isso por mim. Mas eu sentia falta dele e estava precisando ficar um tempo sozinho.

Não consigo ficar muito tempo só eu e ele. Depois de poucos minutos, ouvi alguém rindo atrás de mim. Me virei para encontrar Beatriz apoiada na porta.

"Ele é uma graça," ela disse, seus olhos em Bradley.

"Ele é," falei orgulhoso e andei até lá, dando-lhe um beijo no rosto quando cheguei do seu lado. "Como você está?"

Ela suspirou, desanimada. "Bem, até," disse, dando de ombros.

"Tem alguma coisa te incomodando?" Perguntei, passando de leve meu indicador pelo seu braço, que estava cruzado.

Ela deu de ombros de novo, olhando para cima, como se estivesse pensando no que falar. Depois se voltou de novo para mim.

"Nada demais," disse, deixando claro que tinha alguma coisa sim. Eu só precisava fazê-la falar.

"Pode me contar, o que quer que seja," falei, do jeito mais compreensivo que pude.

Para falar a verdade, não estava muito afim daquela brincadeira dela fingir que estava tudo bem e eu insistir para ela me falar o que não estava. Ela bem que poderia ter falado de uma vez, para eu voltar a brincar com o Bradley.

"Mesmo?" Ela perguntou, com olhos grandes e carentes.

"Mesmo," repeti, prestes a chacoalhá-la para fazê-la parar de enrolar.

Ela suspirou uma vez antes de falar. "Ah, é que incomoda ver você se dando tão bem com outras meninas."

Recuei minha cabeça um ponto. Se eu me lembrava bem, era ela mesma que tinha me dito uma semana antes que não se importava. Ela tinha mudado de ideia só porque eu não tinha dado tanta prioridade para ela ou isso era apenas um jogo?

"Eu achei que conseguia no começo," ela continuou, respondendo a minha pergunta. "Mas você está cada vez mais próximo da Melissa e da Gabrielle," ela falou o nome dela com um pouco de raiva e a única coisa que eu consegui pensar era que a sua pronúncia não era tão bonita quanto a dela mesma.

"Eu preciso tentar conhecer o máximo que posso de cada menina," expliquei, já cansado daquele assunto. "E acho que a gente podia se concentrar em nós dois e esquecer todas as outras."

Isso a fez abrir um sorriso e se inclinar para frente. Eu acabei com os últimos centímetros entre a gente e lhe dei um selinho rápido.

"Vem," disse, dando uns passos para trás. "Beatriz, esse é o Bradley," falei, pegando dele o seu taco de mastigar e usando-o para apontar para ele.

Sua atenção ficou mais no taco do que nela, mas a minha intenção era boa.

"Prazer, Bradley," ela disse andando até nós.

Eu percebi que estava se preparando para ir me abraçar e aproveitei para começar a correr com o taco na mão, fazendo Bradley me seguir e deixando-a para trás.

Não me entenda mal, eu gostava dela. Mas aquele era o tempo que eu tinha reservado para ele. E tinha alguma coisa na nossa interação que me parecia bem errada. Culpada, até. Não sabia se era por causa da Gabrielle, mas era verdade.

E se fosse por ela, eu teria muito que parar para pensar naquilo e não me deixar levar assim. Só fazia duas semanas quase que as meninas estavam ali. E eu estava me perdendo pela primeira garota que tinha visto, sem nem conseguir olhar para os lados.

Pensei nisso quando estava tentando desviar de Bradley, fingindo atacá-lo, fazendo-o correr de mim. Já estava sem ar quase, quando olhei por cima do ombro e vi Beatriz ali, nos observando. Eu precisava dar uma chance maior para ela.

Joguei o taco para o Bradley buscar algumas vezes, pensando no que eu poderia fazer com ela. Que tipo de encontro. Mas toda vez que eu tinha alguma ideia que parecia ótima, eu pensava que deveria guardá-la para fazer com Gabrielle.

Até que me veio uma ideia.

"Bradley, vem cá," chamei, me agachando.

Quando ele foi até mim, tirei o taco dele e me levantei, deixando-o louco para pegá-lo de novo. Mas nossa brincadeira tinha acabado.

"Ei, tive uma ideia," falei para Beatriz, quando cheguei perto dela, lhe oferecendo minha mão para ela ir comigo.

"Qual ideia?" Ela perguntou, apreensiva, mas segurou na minha mão e eu a levei para dentro do castelo.

Deixei o taco de Bradley com um criado, que conseguiu sua atenção só por isso. E depois continuei guiando Beatriz pelos corredores até encontrarmos um lugar já familiar a nós dois.

A Sala de Música.

"Você sabe que já me mostrou essa sala, não é?" Ela perguntou, quando viu onde estávamos.

"Ah, é?" Eu perguntei, fingindo que era uma surpresa. "Eu não te trouxe aqui para te mostrar a sala," expliquei. "Te trouxe aqui para te perguntar se você não quer escrever uma música comigo."

Seus olhos começaram a brilhar e eu soube que tinha escolhido o encontro perfeito para ela.

Sem contar que Gabrielle não tocava nenhum instrumento, então nem pude pensar que seria melhor guardar essa ideia para ela. Apesar de que me ocorreu que faria até ser ainda mais legal. Mas eu bloqueei esse pensamento e tentei me focar em Beatriz.

Nós dois pegamos um violão e fomos nos sentar no meio da sala.

"Que tipo de música você está pensando?" Ela perguntou.

"Que estilo ou sobre o quê?"

"Que estilo," respondeu. "Porque eu já sei sobre o quê."

"Ah, é?" Perguntei, mas já sabia do que estava falando.

"Sim, sobre amor," disse, rindo consigo mesma. "Já até sei o começo."

Fiquei impressionado com aquilo, mas também bem incrédulo.

"Vá em frente," disse e ela foi.

Posicionou o violão, marcou o primeiro acorde, respirou fundo e começou a passar os dedos pelas cordas. Devagar, o ritmo foi se criando e chegou na hora de cantar a letra.

"Você está sentado do meu lado," ela cantou, "nossos braços se tocando, você me fala sobre alguma coisa que eu não conheço. Eu juro que estou ouvindo o que você está me dizendo, mas eu estou contando as sardas no seu nariz"

Eu fiquei completamente surpreso e ela deixou as notas morrerem e olhou para mim.

"Desculpa, não rima," ela falou, "é que eu escrevi em inglês. Só estava tentando traduzir para você entender."

"É uma música sua?" Perguntei.

"Não é uma música, na verdade," falou, dando de ombros. "É só esse começo. Eu escrevi depois do dia em que você me mostrou o piano."

Ela falava como se aquilo não fosse nada, enquanto eu pensava que ninguém nunca tinha feito nada daquele jeito para mim.

"Me canta em inglês?" Eu pedi e ela concordou com a cabeça.

O violão voltou a posição inicial e seus dedos encontraram seu caminho de volta, começando a música de novo.

"You're sitting next to me/ Arms touching," ela cantou, "You're telling me something I don't know. I swear I'm listening/ To what you're saying/ But I'm counting the freckles on your nose." 

Quando a Chuva Encontra o Mar [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora