Capítulo 11: POV Charles Regen

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Estava andando de um lado para o outro no meu quarto quando ouvi baterem à minha porta

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Estava andando de um lado para o outro no meu quarto quando ouvi baterem à minha porta.

"Entra," falei, esperando que fosse Sebastian.

E era.

"E aí?" Perguntei e fui até ele, mas ele só sorriu e de a volta em mim, andando até a varanda.

"O que, não vai me contar?" Andei atrás dele.

Ele se apoiou na grade e contemplou o jardim que estava vazio. "Eu achei que já fosse estar mais frio agora," ele disse.

Revirei os olhos, apesar de ele não conseguir me ver. "É, está demorando para chegar o inverno. Bom, o nosso inverno, pelo menos."

"Estava pensando em ir viajar com papai para a França," ele disse, se virando para olhar para mim. "Estou com saudades de neve."

"Se alguém for com ele, vai ter que ser eu," falei, chegando mais perto dele. "Você conhece neve, eu não! Não é justo."

"Fazer o quê, né?" Ele deu de ombros. "Você tem que ficar aqui, cuidando das suas selecionadas."

"E você falou com elas?" Perguntei sem nem parar para pensar na viagem.

Ele ficou pensativo e não falou nada por um tempo. Enquanto eu esperava que ele me contasse alguma coisa, ouvi a porta do meu quarto abrindo. Chequei meu relógio rapidamente para ver que estava mesmo na hora das criadas virem arrumar minha cama.

"Me fala de uma vez," pedi.

"Está bem. Mas não tem muito o que falar. Eu não consegui ver direito, Charles," ele falou, com um sorriso triste no rosto. "Silvia não me deixou trocar mais de duas palavras com todas elas. Mas eu posso te falar o que eu consegui ver."

Ele levantou as sobrancelhas para me dar uma ideia do que estava por vir e me deixar curioso. Não que tivesse necessidade, já estava nervoso sozinho.

"Não sei se vai ajudar muito," eu disse, só para tentar fingir que não estava interessado no que ele estava guardando. "Eu precisava saber de alguma coisa que fosse ajudar nas entrevistas amanhã."

Ele respirou fundo e se virou de volta para olhar o jardim. Eu me apoiei na grade do seu lado.

"Bom, eu posso te adiantar que você vai ter um ataque," ele falou, rindo para si mesmo.

"Por que um ataque, Sebastian?" Perguntei, um pouco ofendido.

"Elas são lindas!" Ele gesticulava. "Muito lindas, você não tem ideia! E todas de uma vez," ele riu de novo. "Sério, não sei como você vai sobreviver."

"Que bom que você está se divertindo com o meu desespero," eu disse, lhe dando um empurrão e suspirando.

"Não, sério agora," ele disse, se recuperando. "Você se preocupa à toa. Sim, elas são todas maravilhosas e bonitas demais para você. Sim, elas estão mais no meu nível do que no seu," eu revirei meus olhos, fazendo o sorriso no seu rosto crescer. "Mas elas estão aqui para você. Pensa, você nem precisa impressionar nenhuma. Elas já estão impressionadas. Elas já te escolheram. Agora você só tem que escolher uma delas."

Deixei suas palavras se assentarem na minha cabeça. Ele estava certo. Elas praticamente já tinham assinado um contrato de intenção. Eu sabia o que elas queriam. Elas ME queriam. Eu não tinha que fazer quase nada.

"Ah," ele falou, cortando meu pensamento, "mas eu preciso te avisar uma coisa. Tem gêmeas."

"Como assim, tem gêmeas?"

"Tem duas irmãs gêmeas participando," ele explicou. "Ambas loiras de pele clara e olhos azuis. Quem sabe a gente podia dividi-las," ele falou, se acabando de rir assim que a frase tinha terminado de sair da sua boca. Eu só fiz cara de impaciência. "Brincadeira, brincadeira. Todas suas," ele completou, me dando um tapinha no ombro.

"Duas irmãs competindo, é?" Perguntei, ainda tentando entender como aquilo poderia acontecer.

Ouvi uma das criadas chegando perto da varanda e fiz um aceno com a cabeça para Sebastian entrar comigo.

"Senhoritas," falei quando entramos.

Emily e Lily nos fizeram uma reverência e a nova criada as imitou.

"Alteza, podemos voltar outra hora se preferir," Emily me disse.

Sebastian foi se sentar na poltrona que praticamente já tinha seu nome, mas eu fiquei de pé, perto da varanda.

"Não precisa, Emily," eu disse. "Mas se vocês pudessem nos trazer um café, ficaria agradecido," sorri para ela, tentando não parecer que estava mandando nela.

O que eu estava, na verdade. Mas eu odiava estar nesse papel, exigindo que alguém me fizesse uma coisa que eu seria muito capaz de fazer sozinho.

"Claro, Alteza," ela me respondeu, um sorriso grande no rosto. "Scarlet, você pode buscar o café para os príncipes?" Ela perguntou para a criada nova que estava ao meu lado.

Eu me virei para ela e esperei que respondesse. Ela tinha olhos grandes e castanhos, que me olhavam de cima a baixo. Seu rosto corou levemente quando voltou seus olhos para meu rosto e percebeu que eu também a olhava.

"Claro," ela falou, assustada.

Seu jeito me deixou lisonjeado e quis aquela adoração dela mais um pouco em mim.

"Você é a nova criada?" Perguntei, apesar de claramente já saber a resposta.

"Sim, Alteza," ela disse com um sotaque diferente, colocando as mãos atrás de suas costas.

"É daqui?" Perguntei.

"Perdão?" Ela balançou a cabeça, não esperando minha pergunta.

"Seu sotaque," expliquei dando um passo em sua direção. "Não parece de Illéa."

Ela olhou para mim com uma mistura de apreensão e diversão nos olhos.

"Sou nascida aqui," falou. "Mas cresci na França. Meus pais são franceses."

Francesa, pensei. Só a ideia já era interessante.

"É um sotaque muito bonito," disse sorrindo, meus olhos grudados nos dela.

"Muito obrigada, Alteza," ela me agradeceu, olhando para baixo.

"Scarlet, pode ir pegar o café agora, por favor?" Emily pediu.

"Claro," ela levantou os olhos para encontrar os meus e fez uma reverência.

Enquanto andava para fora do quarto, fui me sentir ao lado de Sebastian.

"Preciso mesmo fazer uma seleção?" Perguntei, abrindo o botão do meu blazer. "Não posso simplesmente sair com alguém como ela?"

Sebastian riu, jogando a cabeça para trás. "Ah, como eu ia adorar ver você contando para papai que quer sair com ela."

"Ei, nossa mãe era uma cinco. Eu tenho certeza de que ele entenderia. Ainda mais agora."

"Cinco ou não, castas ou não, Charles, você já começou com todo esse negócio de seleção. Vai ter que continuar agora," ele sorria, divertido. "Engraçado como você procura o tempo todo um jeito de não ter que passar por isso. Qualquer desculpa é válida. Qualquer menina que não esteja na seleção te parece bem melhor do que as que estão. E você nem as conhece."

"Acho que vai demorar um pouco para eu me acostumar com a ideia de que eu já fui escolhido," eu disse, estudando minhas mãos. "De que não preciso impressioná-las."

"Bom, se precisar que eu tire alguma dos seus ombros, é só me falar," levantei os olhos para ele e ele piscou para mim. "Eu farei esse sacrifício por você."

"Vai sonhando."

Quando a Chuva Encontra o Mar [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora