Capítulo 3: POV Arya Noleira

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Fiz uma reverência enquanto as pessoas do salão aplaudiam

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Fiz uma reverência enquanto as pessoas do salão aplaudiam. Mais uma apresentação feita. Mais uma festa de Dois. Mais uma chance para atacar o bolo.

Assim que as palmas começaram a desaparecer, comecei a enrolar o cabo do microfone, apressada.

"Vai com calma, Ary, se você estourar o fio, a gente vai ter que comprar outro," minha irmã falou enquanto colocava seu teclado na capa. Ela era tão pequena, nunca entendia como conseguia carregá-lo para todos os lados, sempre recusando ajuda.

"Estou tendo cuidado, Lua, mas o bolo está quase acabando e você não comeu nada o dia inteiro!" Eu falei.

Coloquei o microfone e o fio dentro da minha maleta e a fechei.

"Pode deixar que eu pego," ela falou.

"Não, estou pronta, estou indo lá. Ajuda a mamãe com o violão."

Desci do palco discretamente, apesar de desnecessário. Ninguém naquelas festas parava o que estava fazendo para olhar para quem estava trabalhando.

Duas meninas conversavam perto do bolo, despejando vinho em suas taças, rindo alto de alguma piada interna. Não queria problemas, então esperei que elas se distanciassem para me aproximar. Cortei um dos últimos pedaços do bolo colorido que enfeitava a mesa e coloquei em um dos pratinhos que estava por perto.

"Com tanta fome assim, é?" Ouvi uma voz de homem falar atrás de mim.

Me virei para encontrar um garoto que mal parecia ter saído da escola me olhando. Ele tinha cabelos pretos um pouco mais compridos na frente, e alguns fios caíam aos seus olhos. O sorriso convencido que me dava me distraiu um pouco, mas logo voltei a mim.

"Desculpa, o que você disse?" Perguntei, não conseguindo lembrar o que ele tinha falado.

"Que você parece estar mesmo com fome," ele repetiu, apontando para o bolo com a mão que segurava uma taça de vinho. "Ninguém aqui consegue comer um pedaço desse tamanho."

"Oh," soltei sem pensar. Fiz um movimento para esconder o pedaço, mas não tinha porquê. Ele tinha visto e eu já era a esquisita que roubava bolos. "É para a minha irmã," disse, envergonhada. "Se ela não come, ela fica mal-humorada e fraca."

"Você é próxima da sua irmã?" Ele perguntou.

"Ah, muito! Ela é, tipo, o amor da minha vida! Uma vez, ela caiu de bicicleta, não foi nada muito complicado, nem nada grave, mas só de ver ela machucada, me deixou muito mal, sabe? Eu acho às vezes que talvez me importe mais com ela do que comigo! Mas também, é normal, não? Ela é minha irmãzinha, se eu não cuidar dela, quem cuida? E se depender de mim, ela vai ser a menina mais-" parei de falar quando percebi a cara que ele fazia. "Estou falando demais, né? Desculpa."

Ele ria, me observando.

"Não, tudo bem. É legal ver que você gosta da sua irmã assim," ele sorriu para mim, divertido. "Eu sou Jack," ele disse, me oferecendo a mão para apertar.

"Arya," disse e apertei sua mão. "Prazer."

"Você é a mais velha então," ele olhou rapidamente para o palco e depois de volta pra mim. "Desculpa perguntar, mas quantos anos você tem?"

"Dezessete," olhei por cima do ombro dele e encontrei os olhos da minha irmã. Fiz um mini aceno para ela vir até mim, mas ela só balançou a cabeça, um sorriso no rosto.

"Você vai se inscrever pra seleção lá?" Jack me perguntou, me fazendo voltar os olhos para ele. "Para a seleção do príncipe?"

"Já me inscrevi," disse, torcendo um pouco o nariz. "Mas duvido que vão me escolher. Eu sou uma Cinco, eles só escolhem da minha casta para encher mesmo. Sem contar que tem tanta menina mais bonita do que eu. Olha em volta."

"Aposto que escolherão você," ele disse, dando um passo em minha direção. "Já andei pela festa inteira e não vi nenhuma mais bonita que você."

Comecei a sentir minhas bochechas esquentarem. Queria olhar para outro lado, tentar sair dali. Mas tinha alguma coisa nos olhos dele que me prendia.

"Tenho certeza de que será selecionada, mas espero que não ganhe."

"Por que não?" Perguntei, minha voz um pouco mais baixa do que antes.

Outro sorriso invadiu seu rosto, mas antes que ele pudesse me responder, minha mãe se aproximou da gente.

"Está pronta para ir, Arya?" Ela perguntou para mim, segurando seu violão com uma mão e minha maleta do microfone na outra. "Ah, oi, eu sou a mãe da Arya, como vai?" Ela disse, se virando para Jack.

Ele deu um passo atrás e sorriu para ela. Percebendo que o momento já tinha sido arruinado, minha irmã se juntou a nós, pegando o bolo da minha mão.

"Vamos indo então?" Minha mãe perguntou, já começando a andar em direção à porta.

"Tchau, Arya," Jack disse quando comecei a me afastar dele. "Espero te ver de novo algum dia."

Eu só sorri para ele, mas uma vozinha dentro da minha cabeça me disse que também esperava ver ele de novo.

Quando a Chuva Encontra o Mar [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora