Dor psicológica

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Narrado por Flor;

É muito estranho saber que posso machucar as pessoas mais forte do mundo com um simples abraço, como eu poderia segurar meu bebê, meus planos foram por água a baixo. Quando Lua entrou e o cheiro do que ela trazia vez minha boca salivar, e essa saliva parecia queimar minha boca, eu preciso do que ela tem ali.

-Flor, tranque a respiração por alguns minutos, só até Lua ficar segura!-disse meu papa.

Assenti, ele pegou as bolsas de sangue.

-Lua peça a Andrey para hipnotizar quem nos viu entrando, quem viu o bebê e apague as câmeras de segurança, peça também que ele leve Logan e o bebê pra casa e que ajude a protege-la quando chegarmos em casa!

-Está bem, vou fazer uns exames no bebê e já os libero, boa sorte Flor!

-Obrigado Lua, por tudo!

Ela se retirou jogando-me um beijo e meu pai me entregou a primeira bolsa de sangue, mordi o saco e bebi aquele líquido frio, ajudou um pouco com a queimação, mas não era tão bom quanto o cheiro.

-Sei que não vai te saciar, é só até sairmos daqui, você precisa trancar a respiração assim que sairmos da sala!-disse minha maman.

-Tá bem! -esvaziei a segunda bolsa.

Meu papa colocou as bolsas vazias no lixo, juntou os lençóis com sangue, eu sei que ele se movia rápido, mas desta vez eu conseguia acompanhar seus movimentos, depois de deixar a sala intacta ele me pegou no colo.

-Vá na frente amor!-disse ele a minha mãe.-Filha tranque a respiração!

Eu o fiz e ele saiu comigo da sala, as poucas pessoas que tinham aposto que viram um vulto, e eu via como em câmera lenta cada movimento de cada uma delas, o piscar dos olhos, e elas olhavam para o lado de onde viemos, ou seja não viram nada, era incrível, era assim que eu via meus pais antes, não vi Logan nem Andrey... nem meu bebê, já estávamos bem distante em uma mata, meu pai falou um pouco comigo enquanto corriam.

-Deu filha já pode respirar!-disse papa.

Respirei fundo e o cheiro de tudo o que tinha dentro daquela mata eu conseguia sentir, da terra, das árvores, os animais pequenos e minúsculos insetos, tudo era audível para mim, girei olhando para tudo que eu ouvia ao meu redor, minha mãe pegou meu pulso.

-Eu sei tudo o que você está passando agora!

-Estou frustrada, dá para ouvir tudo!

-Sim, mas agora precisamos caçar alguém pra você beber!-disse ela.

-Vamos sair da cidade, vamos caçar fora daqui, acha que consegue nos acompanhar ou prefere que te carregue?-perguntou papa.

-Vou tentar ir com vocês!

-Não largue nossa mão, se sentir algum cheiro de que goste tranque a respiração!-disse minha maman.

-Ok... o que é isso?

Senti cheiro de sangue humano, era delicioso, dois corações batendo acelerado e um terceiro que não parecia igual, eu ouvi um som de uma arma engatilhando e corri em direção ao meio da floresta, senti meus pais atrás.

-Flor!

-Não é temporada de caça!-falei.

-Não!

Ouvi o som do disparo e corri mais rápido ainda, era um urso, ele morreu na hora, os caçadores comemoraram.

-Esse pele vale uma fortuna nessa época!

-E eu não sei, quero a cabeça dele de troféu do lado dos outros na minha sala!

Enquanto eles discutiam, passei entre os dois arrancando-lhes as armas das mãos. Eles usavam óculos de visão noturna.

-O que foi isso?-perguntou um ao outro.

-Não consegui ver!

Voltei devagar depois de quebrar as armas.

-É um anjo?

-Sabem que não é temporada de caça não é?

-Si-Sim!

-O que vai fazer ?

-Ué, o mesmo quê vocês!

Eu queria me testar, saber o quanto um humano era quebradiço, saber o quanto eu poderia resistir ao sangue deles.

-Veio caçar ursos?

-Vim caçar sim, mas não ursos!-passei lentamente pelos dois, passei um dedo no braço de um deles, seus corações entregavam o medo.-Por que estão com medo?

-Você é tão linda e está sem armas...

-Não preciso de armas para caçar, tenho dentes!

-Vo-Você é um demônio?

-Hummm não sei, o quê você acha que eu sou?-estendi a mão para pegar a dele, em minha mente eu não estava apertando, mas ele se contorceu.

-Au, ai, por favor não nos castigue tenho família!-ele estava mentindo, de alguma forma eu conseguia saber.-Eu tenho filhos!

-É, em que vida?-tentei afrouxar mais sua mão para saber a intensidade certa que eu podia usar para não machuca-lo.-Não minta para mim, será pior pra você!

O outro começou a correr, ele era lerdo, mas mesmo assim eu não vou dar a chance dele escapar, peguei o rosto deste em minhas mãos com aquela intensidade que peguei sua mão por último, seus olhos estavam hipnotizados nos meus, sorri e torci seu pescoço sem fazer o menor esforço, o som dos ossos foi alto, mordi no local onde havia uma veia grossa e suguei tudo o que pude, larguei seu corpo e segui o outro, incrível como eu conseguia sentir o cheiro dele, do medo, e ouvia seu coração também, subi em uma árvore com muita facilidade, a ponta dos meus dedos cravava como se o tronco fosse massinha de modelar.

-Não adianta fugir de mim!-falei perto dele.

-O quê faz com meu amigo? Por que está fazendo isso?

-Já Já vai se encontrar com ele e ao contrário de você, eu não caço pelo dinheiro, eu caço para me alimentar!

-Você é um vampiro?

-Talvez!

Pulei em sua frente e seu coração ficou insuportavelmente molhado.

-Você parece delicioso!-falei cravando os dentes em seu pescoço.

Ele tentou gritar e eu cobri sua boca, ele tentou cravar uma faca em minha barriga mas o metal se torceu e caiu, bebi até seu corpo parar de se contorcer e a fonte secar, mesmo estando empanzinada eu fiquei frustrada quando acabou, o carreguei até o outro em meu ombro para não deixar marcas nas mata, o larguei quase em cima do outro, peguei o pobre urso e o joguei por cima deles.

Senti o cheiro dos meus pais.

-Você se saiu bem!-disse meu papa.-Mas tem que pensar na cena do crime melhor!

Ele pegou a garra do urso e passou por os corpos, passou principalmente no pescoço dos dois, exatamente onde minha mordida sutil e arroxeada estava, minha mãe trouxe as armas mesmo quebradas e as colocou nas mãos deles antes do meu papa voltar a largar o urso em cima.

-Pronto!

meu anjo mauWhere stories live. Discover now