sou má!

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Depois do nosso delicioso jantar, sem sangue escorrendo pela roupa ou mãos, ficamos andando de mãos pela cidade.

-É estranho saber que o mundo tem tantos seres mágicos, é como viver em um conto de fadas só que do lado do "mau" da história, como se esse lado fosse o melhor!

Ele riu.

-Você se enrolou toda, mas entendi o que quis dizer!

-Você disse que já tinha visto bruxas, o que mais você já viu?

-Humm eu conheci uma caçadora de sombras!

-O que é?

-Na verdade a moça que conheci se chama Jasmin ela é uma Deusa, que foi meio que condenada pôr não poder ter sido concebida, alguns dos irmãos dela se irritaram pois há uma lei entre os Deuses para que eles não possam mais ter filhos e Cernunos e Diana a tiveram, ela é a última filha deles, ela vaga entre os humanos caçando sombras!

-O que são essas sombras?

-São digamos que demônios, eles atormentam pessoas com a mente fraca, algumas pessoas são boas, mas, essa doença chamada depressão faz com que a mente delas fique vulnerável e as sombras invadem seus corpos, elas saem a noite para matar outras pessoas e depois se matam!

-Nossa, então talvez essas pessoas que nos alimentamos talvez elas possam estar possuídas?

-Não, essas já nascem assim!

-Meu padrasto não tem cara de ser possuído!

-Falando nisso o que pretende fazer com ele?

-Ainda não sei!-confessei.- mas a morte seria um presente pra ele!

-Se você quiser eu...

-Não, não quero o sangue dele no seu organismo, nem no meu!

-Tudo bem então!

...

Passou-se alguns meses e estávamos em frente aquela casa que por anos foi meu cárcere, meu martírio...

-Quer ir sozinha?

-Quero!

Ele não estava em casa, mas ouvi um choro, se meu coração ainda batesse ele estaria acelerado, era puro medo, medo aquele que senti por anos. A casa estava escura, e onde era meu quarto era o único lugar com luz, não fiz nenhum som, olhei pôr tudo e não tinha ninguém além daquele coração pequeno e apertado, ainda bem que eu tinha me alimentado ontem, se não talvez eu não me conte-se, girei a maçaneta lentamente para não fazer barulho, mas aquela maçaneta enferrujada soou e o choro foi cortado, o coração acelerou mais ainda, o cheiro do medo invadiu minha narina e era forte.

-E-eu não fiz na-nada...

Era como um dejavu onde eu estava me vendo a anos atrás, era uma menina de uns 8 anos mais ou menos, encolhida em cima da cama que um dia foi minha, ela estava visivelmente suja, os cabelos emaranhados, era como um pesadelo.

-Q-quem é você?-perguntou ela.

Eu não conseguia responder, eu me sentia sem voz para responder.

-Você é o anjo que eu rezei pra me salvar?-perguntou ela.

Assenti, tirei minha jaqueta e coloquei nela, ela tremia de frio, com uma regata e um short sujos, não havia nem lençóis na cama, o quarto imundo, a porta da frente foi aberta com brutalidade pelo barulho, ela se encolheu sobre minhas mãos que a ajudavam a pôr a jaqueta, ela se escondeu atrás de mim.

-Joaninhaaa...-falou com uma voz macia e repugnante.

Ela passou as mãos em minhas costas na parte de cima, onde minhas asas tatuadas estavam a mostra na minha blusa.

meu anjo mauWhere stories live. Discover now