Heroína ou vilã?

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-Você precisa se alimentar!-Insistia Adam pela milésima vez.

-Me recuso a matar pessoas, e se elas forem boas?

-Meu anjo, se você não se alimentar vai sofrer!

-Vou sofrer mais se me alimentar de uma mãe de família, de um jovem com futuro promissor...

-Ok, eu mato então!

-Não!-me sobressaltei.-Eu dou um jeito, posso me alimentar de animais!

-Vida, não somos vampiros da saga crepúsculo, o sangue animal não faz nem cosquinha em nosso organismo, precisamos de sangue humano!

-Está bem, vou dar um jeito!

Eu estava me sentindo fraca, mas ao mesmo tempo forte como um cavalo.

-Vamos esperar a noite chegar, pessoas boas não andam a noite!

-Tudo bem!

Tinhamos saido da fazenda a algumas horas, estavamos na autoestrada, eu olhava para as coisas com mais visibilidade, conseguia ver as imperfeições do parabrisa, eu olhava focada naquilo, Adam pegou minha mão e a beijou.

-Pode compartilhar de seus pensamentos comigo?!

-Estou vendo umas imperfeições aqui!- fui rápida de mais com o dedo ao parabrisa e o trinquei, olhei assustada para ele.

-Fique tranquila, isso vai acontecer com frequência agora no início!

-Vou quebrar coisas?

-Não só coisas... -Ele ia dizer algo que eu não queria ouvir, mas ele parou.- É que você é muito forte agora e até se acostumar a ser mais delicada vai levar um tempo!

Cobri meu rosto, eu estava feliz por ter salvado Adam e pela minha imortalidade, mas não havia pensado no preço que isso custaria, a noite caiu faltava uma hora para chegar a uma cidade, eu procuraria alguma pessoa mau intencionada para me alimentar.

-Vou abastecer, daqui a pouco chegamos ao centro!

Esperei no carro enquanto ele abastecia, abri a janela com a maior delicadeza que consegui, coloquei o rosto pra fora para adimirar Adam que deu uma piscadela com um de seus melhores sorrisos, senti um cheiro que me lembrava medo, que estranho isso, abri a porta do carro e desci.

-O que foi amor?

-Sinto cheiro de . . . medo!

-Como assim cheiro, medo é um sentimento?

-Não sei explicar, preciso verificar!

-Espere...

Eu corri em direção a escuridão para o oeste do posto, onde havia um matagal, o cheiro estava ficando mais forte, ouvi um choro abafado, estava escuro para um humano, mas não para mim, eu via pequenos roedores e conseguia ouvir até o som do coração deles, e dois corações maiores e muito acelerados, bem molhados, fiquei salivando com o cheiro e o som, diminui os passos. O cheiro do medo era maior, um grito de dor abafado e vi um homem enorme em cima de uma moça, eles não me viram, eu não emitia nenhum som, então, aquela sensação horrível me pegou, era como se eu estivesse vendo meu padrasto em cima de mim, peguei o homem pelo pescoço, mas nesse segundo o sangue do pescoço dela jorou e um grito afogado, ele havia passado a faca que eu não tinha visto na mão dele, a fome foi mais forte do que minha raiva, soltei o homem e bebi o sangue dela até a última gota, os passos desesperados do homem pelo mato, os arranhões em sua pele com os galhos, eu podia ouvir e sentir, larguei o corpo da moça no pasto, e corri atrás do homem.

-Você pode até tentar, mas não vai escapar de mim!-Falei docemente a poucos metros dele.

-Vá embora!

O empurrei e ele caiu.

-Q-Quem é você?

-Humm... Esse cheiro de medo está me agradando pela primeira vez!

Ele se levantou e começou a recuar.

-O q-que vai fazer comi-migo?

-Vou fazer o mesmo que você fez com ela ué, você não achou divetido o que fez com ela?

-Misericórdia!

O joguei no chão mais uma vez, ele olhava em minha direção, mas não podia me ver, já eu via seu rosto com medo, ele se ajoelhou com as mãos juntas implorando.

-Você teve misericórdia por aquela moça?

-E-e-eu...

O peguei pelo pescoço o levantando do chão, ele tentou cravar uma faca no meu braço que, se torceu sobre a minha pele, olhei tudo parecia estar em câmera lenta, a lamina quebrou, apertei um pouco mais sua garganta, ele pegava meu pulso com as duas mãos.

-Você é um escroto!

Ele tentava falar, mas nada saia, eu sentia seu coração mais acelerado do que o da moça.

-Sabe eu poderia ser boazinha e quebrar seu pescoço, mas eu quero que você sinta esse medo até o final da sua vida miserável.

O larguei no chão, ele tentava respirar, mas ainda estava sufocado, o ajoelhei e fui para as suas costas.

-Hummm... Aposto que se eu morder bem aqui, posso sugar mais rápido!

-Eu pago!-falou ele sufocado. -E-Eu tenho dinheiro!

-Seu dinheiro sujo não me interessa, eu estou com fome, e quero que você sinta a morte chegando bem devagar!

Ele tentava segurar minhas mãos, lutando sem êxito, mordi o local que o sangue mais fluia em seu pescoço, meus dentes entraram com tanta facilidade, como morder uma pêra macia e suculenta, ele se urinou e arranquei um pedaço do pescoço dele cuspindo fora, e o sangue jorrou, ele tentava gritar, mas eu segurava sua boca igualzinho ele fez com a moça, se debatendo até lhe faltar as forças e ele se foi, joguei aquele corpo sem vida no chão e o chutei.

-Agora não vai mais atormentar ninguém! -falei.

Senti o cheiro do Adam a uma certa distância, que me observava de cima de uma árvore, ele sorriu pra mim, sorri de volta, olhei para minhas mãos cheias de sangue, eu estava me sentindo forte outra vez, minha fraqueza era de fome, agora senti o que é estar saciada, Adam estava do meu lado em um piscar de olhos.

-Gostei da nova Alexia!-disse Adam.

-Eu... Não sei... Estou confusa Adam!

-Está tudo bem!

Ele me abraçou, logo em seguida Adam me soltou.

-Precisamos fazer alguma coisa!?-falei.

-Bom podemos interra-lo ou deixa-lo ai, não demora muito algum chacal aparece e nos ajuda na cena do crime!

-Eu queria que todos soubessem o que ele fez com a moça... Eu... Eu não queria ter bebido o sangue dela, eu queria que ela tivesse tido uma chance, mas não vi a faca na mão dele...

Adam pegou minhas mãos para eu encara-lo pois não tirava os olhos das mesmas.

-Não foi sua culpa, provavelmente ele iria mata-la de qualque forma, e você precisava daquele sangue!

Assenti, voltei a olhar minhas mãos, Adam me levou para o carro.

meu anjo mauOnde as histórias ganham vida. Descobre agora