Capítulo 10

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Não consigo escapar do educado convite do senhor Klaus. Ele parece tão cortês e simpático que simplesmente não posso dizer não. Além do mais, eu realmente não tenho um par e não quero ir à noite de música sozinha. E talvez Reidi e Vega gostem de ser apresentadas a meu novo amigo.

– Bem... – meus lábios estão secos -, não posso recusar tal convite, senhor.

Klaus abre um sorriso radiante e seus olhos faíscam.

– Fico feliz por aceitar. Vejo a senhorita mais tarde, então?

– Certamente.

Ele beija minha mão e eu o deixo na companhia de Kai. Quando já não posso ser vista nem ouvida, ergo minha saia e corro escadaria acima, tropeçando uma ou duas vezes. Preciso encontrar o vestido perfeito para esta noite e isso levará algum tempo, pois madame Daisy não está aqui para me ajudar.

Assim que entro em meu quarto, encontro lady Lana em minha cesta de costura, toda embolada em novelos, linhas e retalhos.

– Ora, vejam só – rio, pegando-a em meus braços. – Não posso deixar você sozinha nem por um momento sem que vire minhas coisas ao avesso?

Ela ronrona e salta para o chão, correndo a deitar-se em minha cama. Gata preguiçosa.

– Muito bem, milady, já que não vai me ajudar a encontrar um vestido, terei que fazer tudo sozinha.

Abro meu imenso guarda-roupa abarrotado de vestidos de passeios e de festas e vestidos comuns. Madame Daisy sempre diz que uma boa moça mantém suas vestes sempre muito bem organizadas e aqui está tudo em seu devido lugar, mas mesmo assim parece uma bagunça. Mal sei por onde começar.

Ouço três batidas na porta e viro-me para ver quem é.

– Parece ocupada, Anna.

Devolvo o vestido que havia acabado de tirar do guarda-roupa e olho para ele.

– Procuro um vestido bonito – digo.

– Está certa disso tudo?

– Disso tudo o quê?

Kai suspira.

– Seu pai chegou agora mesmo. Está conversando com o senhor Klaus no escritório e não parece nada contente em vê-lo.

Franzo a testa.

– Por que não?

– Tentei fazer com que entendesse, Anna. A família de Klaus é do Sul e não tem um histórico muito bom. São todos trapaceiros e oportunistas, sempre preparando-se para conquistar o que não lhes pertence.

– Mas o senhor Klaus é tão gentil, Kai... Tenho certeza disso. Você ouviu o que ele disse...

Ele revira os olhos.

– É apenas uma fachada, Anna. Deve ser mais esperta daqui em diante quando fizer parte da sociedade de verdade.

Estou confusa.

– O que isso quer dizer?

– Quer dizer que nem todos que sorriem, dizem palavras agradáveis e lhe dão presentes são boas pessoas. Deve ser cautelosa o tempo todo.

Crispo os lábios. Kai está usando aquele tom condescendente comigo, como se eu fosse uma criança recebendo um sermão.

– Deixe-me sozinha – peço e meu pedido soa como uma ordem fria. – Preciso me arrumar.

– Anna... – ele dá um passo em minha direção, a mão estendida.

– Não, Kai.

Não vou permitir que ele me trate como uma menina ingênua que não sabe nada da vida. Tomarei minhas próprias decisões, seguindo minha intuição. E, agora, ela diz que Klaus não é mau como sua família. Ele mesmo disse que queria uma chance de mudá-los para melhor. Acredito nele.

Amor e Liberdade #1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora