Capítulo 15 - Magda Bosso

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Abraçada  a Pietro, pedi obrigado diversas vezes em seu ouvido, finalmente estávamos salvos. O que eu queria realmente era tocar seus lábios novamente, me embebedar de seu gosto. Mas, não sabia ainda quem estava indo nos buscar.

- Meg - ouvi a voz de Robson me chamando.

Me afastei de Pietro e parecia que tudo tinha congelado, nos olhos de Pietro pude reparar uma tristeza se abatendo, Robson correu em minha direção, me abraçando forte, quase chorando.

- Estava tão preocupado com você, você está bem? - ele perguntava.

- Estou bem - sussurrei.

Os bombeiros vieram atrás dele, cheios de perguntas, e percebendo que aparentemente estávamos bem, saímos caminhando com eles, nunca que aquele caminho fora tão fácil, tínhamos passado diversas vezes por ali, mas para quem está desesperado todas àquelas árvores eram parecidas e chegavam a nos confundir.

Robson não largou um segundo sequer de mim, estava me sufocando com seus braços em minha volta, eu estava gostando, me sentia segura, mas queria estar mesmo aos braços de outro, aquele que caminhava atrás de mim com a cabeça baixa.

Chegamos finalmente para fora do percurso, caminhamos mais um pouco e duas ambulâncias nos esperavam para fazer um atendimento prévio. Acabamos num hospital da cidade, a fim de fazer alguns exames e nos proteger de qualquer possível doença. Estávamos com a imunidade muito baixa, e um pouco desidratado e com fome, comer sempre regrado não dava todos os nutrientes que precisávamos.

Só tive tempo de falar com Pietro, quando já estávamos num quarto para descansar com um soro na veia.

- Está feliz? - ele perguntou, olhando para o chão.

- Estou, você não está? - perguntei cheia de dúvida pela pergunta dele.  

- É... - ele tropeçou nas palavras - Sabe aquele medo que você tinha comentado, agora sou eu que estou sentindo.

- Não precisa ter medo, o que tiver de ser, um dia será.

- E se eu não quiser esperar - foi a primeira vez desde que estávamos naquele quarto, que Pietro ousou a me olhar nos olhos, mas seus olhos não estavam como costumava ser, via-se uma tristeza sobre ele.

- Cada ação no seu tempo, nada é exatamente como queremos. Mas, quero agradecer por tudo que você fez nesses dias, se não fosse você eu tinha ficado louca - dei uma risada e percebi ele forçando para sorrir.

- E eu agradeço por você ter me suportado - dessa vez rimos espontaneamente.

Ficar aquele tempo com Pietro me trouxe lembranças boas de nós dois, ele sorria e eu retribuía, era a única coisa que conseguimos fazer com aquele soro no braço. Robson entrou no quarto, fazendo com que a fisionomia de Pietro mudasse bruscamente. Ele colocou uma cadeira ao lado da minha cama e sentou, disposto a não sair dali.

- Como foram esses dias naquele lugar? – ele perguntou, olhando para mim.

- Difíceis, mas tenho muito que agradecer ao Pietro, ele que cuidou de mim e não me deixou enlouquecer – respondi, quase exigindo que ele pedisse o mínimo de “obrigado” ao Pietro.

- Obrigado – ela falou sem ligar muito, apertando a mão de Pietro.

- Mas, e como você nos encontrou? – perguntei curiosa.

- Recebi uma ligação do chefe de vocês, quando ele me comentou que vocês não tinham comparecido ao evento, percebi que tinha alguma coisa errada, então, depois do plantão vim para o Rio e passei a manhã procurando por notícias de vocês e foi com o taxista que descobrimos o logo que vocês estavam e iniciamos a procura.

- Eu to precisando descansar – comentei para ver se Robson saía do quarto.

- Pode descansar que eu estou aqui - ele comentou me olhando.

Pietro continuava olhando para o teto, seus olhos voltaram a ficar tristes. Por mais que ele tentasse esconder sabia que ele estava magoado por tudo que tinha dito a ele na caverna. Aquilo não era cem por cento verdade, mas precisava criar uma briga para me afastar dele, realmente estava sendo um brinquedo para ele e agora veria tudo de verdade acontecer em nossa rotina.

Vê-lo daquela maneira, estava me incomodando. Nunca pensei que fosse passar a gostar de Pietro, mas ele estava realmente mexendo comigo, queria estar ao lado dele, fazendo carinho em sua cabeça, tocando seus lábios, unindo nossos corpos sem me preocupar com nada. Para tudo aquilo acontecer, precisava tomar a atitude certa, tinha minhas escolhas, dois caminhos, mas apenas um me faria feliz, sem me importar com as consequências.

Estava pegando no sono, quando o celular de Robson tocou, ele olhou surpreso para a tela, e disfarçou apontando para a porta. Pude ouvir ele dando satisfação a alguém, aguçando meu sexto sentido, quando ele voltou, se sentou sem dizer nada.

- Quem era? – perguntei fingindo não ter ouvido nada.

- Um amigo, que eu tinha pedido para assumir meu plantão.

- E você precisava dar tanta satisfação?

- Ei, desde quando você tem ciúmes assim? – ele mudou o rumo da conversa.

- Eu, ciúmes – gargalhei ironicamente.

- Por falar em ciúmes, você pensou em meu pedido? – a pergunta dele caiu como uma bomba na minha cabeça. Olhei para Pietro que focou em qualquer outro lugar da sala, menos em mim.

- Bem, ainda temos que conversar sobre isso.

- Eu queria anunciar uma coisa, aproveitando a presença de – ele tentou lembrar o nome de alguém – dele – apontou para Pietro.

- Que anúncio? – perguntei, sem entender.

- Você aceita ser o nosso padrinho? – ele perguntou se virando para Pietro.

Como assim? Queria gritar, Robson estava ficando louco, só podia. Eu não tinha nem aceitado seu pedido e ele tinha feito um convite para seu rival quando o assunto era amor. Aquilo era loucura, me neguei a encarar qualquer um dos dois, tudo naquela sala parecia ter parado no tempo. E, eu queria que tivesse parado, para fugir dali correndo. Isso só poderia ser castigo vindo do céu. Você foi uma menina má, traiu seu namorado e agora ele vai ser seu padrinho.

- Sem problemas – Pietro sussurrou.

- O que você acha? – Robson me perguntou.

Minha única resposta foi balançar a cabeça positivamente. E pedir encarecidamente aos céus que aquilo fosse um sonho, eu preferia acordar numa caverna, perdida na floresta a ter Pietro como possível padrinho do meu casamento.

Ficamos em silêncio, Pietro deu a desculpa que estava com sono se virando para o lado oposto que eu estava, comecei a ficar com sono também. Dormimos, e eu queria acordar na caverna, agarrada ao corpo de Pietro e com nossas roupas o mais longe de nossos corpos.

PE-SA-DE-LO

Rendidos de Amor 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora