Capítulo 17 - Magda Bosso

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Era insônia? Pelo menos era o que eu queria acreditar, Robson tinha dormido me abraçando, estava na realidade roncando e eu acordada, pensando em tudo que tinha passado com Pietro, na realidade queria estar naquela caverna ao lado dele. A realidade é que eu não queria ter sido encontrada, mas uma hora isso aconteceria e agora tinha que decidir o que queria da minha vida, ou ver o que Pietro realmente queria.

Levantei para me sentar na sala, joguei o travesseiro e fiquei deitada, procurando o que assistir na televisão, ninguém merecia só assistir romance. Desliguei a televisão e fiquei ali pensando no quanto seria interessante uma história com Pietro.

Depois de horas imaginando tanta bobagem... Adormeci sem perceber.

Fui acordada naquela manhã por um beijo de bom dia, sentir seus lábios nos meus, me fez abrir os olhos, imaginava ainda estar naquela floresta e que aqueles lábios eram os  de Pietro, mas ao abrir os olhos encarei a face de Robson.

- Bom dia – ele sorriu.

- Bom dia – tentei fingir que não estava surpresa, mas queria outro ali.

- Porque você veio dormir na sala? – ele perguntou, sentando no braço do sofá.

- Estava com um pouco de insônia e não queria interromper seu sono.

- E quanto ao meu pedido de casamento?

- Estarei pensando um pouco, quero que você me mostre ser diferente daquele ataque que você fez antes da viagem, não posso viver com um cara assim.

- Eu já te pedi desculpas, foi um momento de desespero, não vai voltar a acontecer.

- Não posso confiar apenas em palavras, quero atitudes diferentes!

Robson olhou para longe, surpreso com minha atitude, não poderia confiar nele daquela maneira, ele quase tinha me agredido, por uma simples viagem.

- Seu chefe pediu que você ligasse para ele assim que chegasse – ele comentou, voltando para o quarto.

E eu tinha esquecido porque estava no Rio, tinha que me preparar para ouvir poucas e boas do meu chefe e para Pietro ainda ia ser pior. Peguei meu celular, e olhar para aquela bolsa me fez lembrar de toda comida que estava ali dentro naqueles dias na caverna. Coloquei no carregador e disquei o número do grande chefão.

- Bom dia Magda – foi a primeira coisa que ele falou.

- Bom dia – respondi rapidamente e surpresa.

- Como assim, você e Pietro não compareceram ao evento, vocês estavam no Rio para isso, o nosso nome vai para o buraco com uma falta como essa.

- Desculpe, mas tivemos um problema grave no Rio, ficamos perdidos numa floresta.

- Como assim? – ele perguntou bravo do outro lado da linha.

- As notícias estão na internet – comentei.

- Segunda-feira temos uma reunião, descanse nesses dias.

- Obrigada – agradeci, já esperando o que aconteceria.

Entrei no quarto e Robson já estava se arrumando para ir para mais um plantão. Agradeci e disse que estaria indo para casa, precisava pensar nas próximas decisões, ainda mais agora que estava quase sendo demitida.

Peguei um ônibus e fui pra casa. Depois de conversar com minha mãe e contar tudo que tinha acontecido, menos a história com Pietro, me joguei na cama no quarto, parecia uma adolescente boba com dúvida em um namoro, mas não era isso, estava prestes a aceitar um pedido de casamento e querendo estar com outro. Que indecisão, pensei deitada.

Meu celular tocou e o nome de Pietro brilhou, não queria atender, mas queria atender. Sabe aquela indecisão, então era assim que eu estava. Respirei fundo colocando o celular no ouvido e apertei o botão para atender.

- Bom dia – ele falou com a mesma voz doce que costumava me acordar.

- Bom dia – sorri, me lembrando daqueles “bom dia” e que “bom dia”

- Então, liguei para saber como você estava, dormiu bem?

- Deu para descansar mais um pouco, eu estou bem. E você dormiu bem?

- Digamos que senti a falta de alguém na minha cama – ela falou para minha surpresa.

- É, foi diferente essa noite para mim também.

- Isso poderia mudar né? – ele comentou sugestivo como sempre.

- Tenho que pensar nisso – respondi defensivamente, mas que loucura era aquela, a quem eu estava enganando, me manda seu endereço que eu apareço ai agora, era isso que eu queria falar.

- Porque você é tão boa assim? Precisa aprontar um pouco, deixar de pensar muito em tudo, nem tudo merece ser tratado com um projeto de trabalho.

- E porque você é tão mal e sugestivo assim?

- Porque eu sei o que você quer e não precisa ficar mentindo.

- E o que eu quero? – perguntei, segurando uma mecha do cabelo, enrolando no dedo.

- Viver tudo que vivemos todos esses dias, e pode ter certeza que de uma forma diferente como você me pediu.

Putz. Aquele cara sabia como mexer com meus pensamentos, tinha que desligar aquela ligação ou cometeria mais uma loucura, ia parar na cama com ele e não seria uma má chance.

- Prefiro pensar bem – falei friamente, para cortar logo aquele clima.

- Então pode pensar, meu número você já tem. Vou estar te esperando, de preferência só de cueca, pra você tirar novamente voraz.

Desliguei a ligação sem responder. Ele era um especialista com as palavras e fazia você se sentir atraída, ao mesmo tempo em que culpada por querê-lo tanto assim. O que podia me ajudar agora, era um banho frio, me joguei debaixo do chuveiro para esquecer tudo aquilo.

ES-FRI-AR

Rendidos de Amor 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora