Capítulo 13 - Magda Bosso

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Eu não queria ter pensado em tudo aquilo, tinha escolhido aproveitar tudo que estava acontecendo com Pietro, sem me preocupar com exatamente nada. Até ele falar o nome de Robson, por mais que tivesse dito que iria dar uma basta na nossa história assim que encontrasse ele, realmente Pietro me lembrou de uma coisa... Eu tinha um compromisso com ele, quando sai de Salvador e vim para o Rio de Janeiro, deixei-o lá com a esperança que traria uma resposta, mas a traição não era a melhor delas.

Robson não merecia a mulher que eu estava sendo, ele sempre me ajudou em tudo que pode, me deixava para cima e me apoiava em todas as decisões e agora o que dei de retorno para ele? Um par de chifres que ele nunca me deu motivos para fazer isso, mas de alguma forma Pietro conseguiu mexer com meus desejos mais íntimos e todas as mulheres têm esses desejos guardados e eu encontrei uma pessoa que pude sem extravasar.

O que me incomodava era o silêncio de Pietro, que mania os homens têm de achar que com silêncio ajudarão enquanto nós estamos com os pensamentos fervilhando, gostaria de ouvir alguma palavra de conforto dele que me fizesse não ter tanta culpa. Não me imaginava olhando para a cara de Robson, sem que as imagens com Pietro possuíssem minha cabeça.

- Está tudo bem com você? - ele perguntou enquanto estava deitada para dormir.

- Estou bem, só um pouco preocupada por ninguém ter nos procurado, estou cansada de tudo isso - comentei.

- Cansada de tudo isso ou cansa de mim e preocupada com o futuro.

- É exatamente isso que estou pensando, troquei minha vida por uma aventura, porque é isso que estou sendo pra você. Você não é o tipo de homem que quer um compromisso, e isso é algo que prezo em minha vida.

- Talvez, você esteja tirando conclusões precipitadas, nesse tempo que estamos aqui, você conheceu o verdadeiro Pietro, e não estou te tendo como uma aventura. Fiz o que você mesmo disse, estávamos aproveitando juntos.

- E se eu te falar em futuro?

- Vamos descobrir quando voltarmos a nossa rotina - ele respondeu friamente.

Fiquei em silêncio, estava esperando muito de Pietro, logo depois ele estava ao meu lado me pedindo desculpa e falando que realmente não sabia o que ia acontecer e ficou deitado com seu corpo colado ao meu. Naquela noite não fizemos nada, até porque ele tentou, mas não estava com cabeça pra nada.

Não queria estar me sentindo culpada, tampouco dizer que estava arrependida de tudo que tinha acontecido, porque não estava. Pietro tinha me mostrado outro lado da vida, um sexo com tudo que tinha pra acontecer, diferente das decisões de Robson que era sempre a mesma conversa.

As duas vezes que tentei pregar os olhos, tinha pesadelos. Primeiro, que estava indo me casar e que Robson descobria tudo e falava a todo mundo na frente do altar. No segundo, eu estava casando e quando olhava para o lado, era Pietro que estava lá.

Passei a noite, agarrada a Pietro, mas com os pensamentos longes, esperava ansiosamente para o dia clarear, não suportava mais aquela noite longa e rezava para que alguém nos encontrasse, estava me sentindo mal fisicamente e psicologicamente. Não é fácil se ter tudo na vida e de repente não ter nada e se ver perdida em uma floresta.

Queria voltar pra casa, estava cansada realmente. Os primeiros sinais de sol começaram a aparecer, contava ansiosamente os minutos para Pietro acordar e assim que ele acordou, me deu mais um pedido e me deu um beijo que retribuiu sem medo, aquela noite me fez pensar melhor e não deveria me culpar.

Sentamos para tomar café com mais frutas, já estava cansada daquilo e não estava disposta a andar mais, então pedi a Pietro para não sairmos naquela manhã. E começamos a conversar sobre futuro. Queria descobrir os desejos dele e não que fosse difícil, mas queria ouvir de seus lábios, as suas verdades e tentar entendê-lo.

- E você já pensou em ter filhos, vários Pietrinhos correndo pro dentro de casa?

- Esse é o meu sonho, mas não sei se é o momento certo. Mas, um Pietrinho estaria bom e você? – ele me perguntou sorrindo.

- Quero um casal, acho tão bonito – sorri.

- Se for tão linda quanto você, vai fazer sucesso.

- Você é mesmo bobo – gargalhei.

- É acho que me torno bobo, quando estou com você e isso não é bom.

- Será que estou conseguindo balançar o coração de Pietro Vargas – me fingi de emocionada.

- Será? – ele sorriu, me dando um beijo estalado.

- Que mania de ficar me beijando toda hora.

- Quem manda ser linda e ter essa boca gostosa.

Ele ainda mexeu comigo por alguns minutos, me dando beijos estalados só porque percebeu que me incomodava, odeio me sentir sufocada e ele estava me pirraçando. Já que não quis caminhar, Pietro foi buscar água, sozinho, falei que tomaria banho mais tarde, porque não sei como explicar, mas naquele dia acordei sentindo que aquela era nossa última noite naquela floresta. Sentia em meu coração que aquele pesadelo estava chegando ao fim.

Mesmo assim, estava vivendo o dilema, ao mesmo tempo em que queria estar em casa e resolver meus problemas, queria continuar ali perdida, só para ficar com Pietro sem pensar em nada, queria curtir ainda mais.

Deveria realmente me entregar a Pietro e não ligar pra mais nada? Dúvida cruel.

PEN-SA-MEN-TOS

Rendidos de Amor 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora