|O MOMENTO EM QUE AS MÁSCARAS CAEM|

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***

Sozinha em seu quarto Ayra lia em voz alta um poema:

" Como te amo? Deixa eu contar os modos.
Te amo do fundo e da largura e altura
A que a alma chega quando os fins procura
Do ser, da Graça ideal, sumindo a todos.
Eu te amo ao nível das necessidades
Serenas, seja ao sol ou luz de vela.
Livre te amo como quem luta pela
Justiça; pura te amo sem vaidades.
Te amo com a paixão que punha em uso
Na dor; com a confiança de menina.
De um amor te amo às vezes já confuso,
Pois, quando perde, a mais se determina.
Te amo rindo e chorando. E até me induzo
A na morte te amar, se Deus designa."*

Ao terminar a leitura Ayra pensou na irmã e novamente repassou em sua mente a conversa que tivera com Lohan. Repreendeu a sí mesma algumas vezes lutando contra a vontade que tinha que revelar tudo oque sabia.

Isso não é assunto seu, Ayra.

Mas alguém tinha que ajudar aqueles dois amantes! E foi com o pensamento de dar apenas um empurrãzinho na direção certa que ela deixou o livro na mesa mais próxima e saiu.

No momento em que Ayra entrou no quarto da irmã as portas se abriram com um forte estrondo. Rapidamente Janna saiu da sacada e caminhou para dentro do quarto a olhando com preocupação.

— Ayra! Está tudo bem?— perguntou com o olhar atento sobre a irmã.

Ayra respondeu com um pequeno sorriso e suas mãos deslizaram pelas rodas da cadeira até que ficasse diante da irmã.

— Você leu a carta?— Perguntou.

— Podemos não falar sobre isso?— Janna focou seus olhos pequenos e inchados no rosto dela..

Ela foi até a cama e se sentou na beira dela encostando seu rosto abatido na coluna do Dossel.

— Você precisa ler, e precisa fazer isso agora Janna!— O tom de Ayra era imperativo.

— Porquê isso agora Ayra? Por acaso você está tentando me ver ainda mais ferida do que já estou?— A voz de Janna era baixa e melancólica como se ela fosse se quebrar a qualquer momento.

— Onde está a carta?

— Eu a rasguei.

— Sei disso. Mas onde está?

Janna soltou uma risada incrédula e se irritou.

— Não vê que eu estou tentando esquecer tudo isso? Porquê parece determinada a zombar de mim? Eu não entendo!

Ayra avistou algo sobre a mesa de  cabeceira ao lado da cama e fez menção de ir até lá mas Janna foi mais rápida e pegou os dois pedaços do envelope primeiro.

— Você quer fazer isso, admita.— Ayra a desafiou.— Se não quisesse essa carta não estaria mais aqui.

Janna engoliu em seco sentindo suas mãos ficarem úmidas. Ela aproximou o envelope e olhou para dentro dele.

— Adiar isso só vai te trazer mais sofrimento. Confia em mim.

Impelida por um lampejo de coragem Janna rasgou o envelope com urgência. Quando leu as primeiras linhas ela caiu sentada no chão e começou a chorar. Trêmula ela juntou as duas partes rasgadas ao meio e voltou a ler.

Por favor me perdoe.

Nem todos os pedidos de desculpas parecem ser suficientes agora.

Eu só queria poder te dizer que independente de tudo, eu sinceramente, amo muito você.

Com Amor, Eu Creio.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora