|UMA SEMENTE DE FÉ|

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Quando Louis foi retirado do meio dos escombros e levado para um dos poucos hospitais que ainda estavam funcionando. Em determinado momento algumas palavras que ele havia ouvido enquanto era cuidado por Janna ecoaram em seu interior:

‭" Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna."

Amor. Procurou por esse sentimento a sua vida toda, mas para onde quer que ele olhasse não conseguia enxergá-lo. Era por esse e outros motivos que ele acreditava que a Bíblia era um livro de contos e fábulas.

— Abram caminho!— Louis despertou de seu devaneio ao ver um homem deitado em uma espécie de leito improvisado sendo carregado por dois enfermeiros.— Trinta anos, sinais vitais baixos, suspeitamos de hemorragia interna.

Ao enxergar certa familiaridade no paciente o Duque se sentou na cama com certo esforço. Quando o corpo do homem foi colocado ao seu lado Louis o reconheceu imediatamente.

— Jonh Fernsby?— ele o chamou.

Ao ouvir seu nome o missionário abriu os olhos e o fitou. Recordando da fisionomia de Louis ele deu um pequeno sorriso.

— Sinto como se todo o trabalho para libertá-lo tenha sido em vão.— O Duque resmungou com uma risada curta e forçada.

— Eu já suspeitava... — Jonh falava com dificuldade.— Que o senhor estivesse envolvido no que aconteceu na prisão. Não imagina o quanto a nossa comunidade o estima por isso.

As feições de Louis se enrigeceram.

— Como estão todos?

— A maioria já voltou para casa, senhor.— Jonh respondeu antes de tossir algumas vezes.

O Duque franziu as sobrancelhas. Ele não entendia de que casa Jonh poderia estar falando.

— Eu quis dizer que quase todos já dormem no Senhor.

Louis o olhou como se Jonh estivesse enlouquecendo.

— Eles morreram no ataque.—Disse agora de forma objetiva.— Dos vinte só sobraram seis, dos quais eu sou um. Restam ainda mais comunidades em cidades vizinhas mas por lá as coisas estão mais calmas.

— E porque não os guiou para longe enquanto as coisas não estavam tão sérias?— Louis estava incrédulo.

— Ainda havia trabalho para ser feito aqui.— Jonh respondeu somente.

— Se a Princesa Janna souber disso ela...— Louis divagou mas logo se deu conta do que fazia e suspirou.— Ela vai ficar arrasada.

Jonh reparou que Louis tinha um semblante triste quando dizia aquelas palavras.

— Estou feliz que ela tenha encontrado alguém que se importe realmente com ela. Janna... quer dizer a Princesa Janna, é uma jovem de valor inestimável.— o missionário observou.

Os enfermeiros se aproximaram de Jonh e tiveram que rasgar o manto que ele usava para ver o local exato do ferimento em seu tórax.

— O senhor encontrou a coisa que estava procurando?

— Que coisa?— Louis o olhou confuso.

— É que... desde o dia em que me fez aquelas perguntas sobre minha fé e sobre Deus, percebi que tinha um grande vazio dentro do senhor.

— Olha, porque não deixa os enfermeiros fazerem o trabalho deles?— Louis riu mas por algum motivo sentia seu coração arder.

— Na sua infância e juventude o senhor se perguntou diariamente se era digno de receber algum amor.— Jonh falou com tanta convicção que Louis sentiu o impacto daquelas palavras.— O que não percebeu porém, foi como ELE esteve te guiando e protegendo em cada momento. Sendo consolo nos teus piores dias e força em suas conquistas.

Com Amor, Eu Creio.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora