Jaipur Índia, 23 anos depois.
O som do Pungi* retumbava de forma estridente pelo amplo salão. O rei e a rainha estavam sentados em seus tronos assistindo encantados a apresentação. Entre os ilustres convidados Louis, o Duque de Savoie mantinha os olhos fechados.O Palácio da cidade de Jaipur era imenso e imponente, feito em mármore e pedras coloridas, paredes com milhares de mosaicos e portas esculpidas pelas mãos de exímios artistas.
Naquela noite o Palácio se encontrava em festa. Pessoas de diferentes regiões do mundo todos da mais alta nobreza haviam comparecido para prestigiar a realeza indiana. Quando um dos malabaristas fez uma manobra ousada equilibrando um grande número de peças de porcelana na cabeça o público foi ao êxtase soltando uma salva de Palmas misturadas à uma onda de exclamações. Naquele momento uma linha rígida traçou o maxilar de Louis.
— Deseja se retirar, alteza?— Um distinto cavalheiro perguntou inclinando-se levemente na direção do homem.
O duque respondeu franzindo as sobrancelhas. Com um mínimo movimento de cabeça se fez entender. O outro se afastou tornando a adotar uma postura impecável ao lado de sua alteza real.
A movimentação não passou despercebida aos olhos dos anfitriões que haviam colocado seus esforços naquele evento e na impressão que queriam causar no maior benfeitor de seu país. O rei ficou de pé e bateu as mãos fazendo com que todos os artistas se dispersassem.
— E agora como um presente de boas-vindas e deleite vosso — o monarca dizia as palavras de maneira lenta e pausada— que venha a jóia mais rara e reluzente desse reino.— fez uma pausa procurando aumentar o suspense.— Que entre a Princesa Herdeira de Jaipur!
Houve um momento de silêncio absoluto até que uma jovem deslumbrante entrasse no salão. Sua aparição causou um enorme burburinho. Era a segunda vez desde seu nascimento que a Princesa Herdeira era vista publicamente, e por um número elevado de pessoas. Ela trajava um Sári de um amarelo vivo cravejado de pedras preciosas e bordado com fios de ouro. Seus longos cabelos castanhos emolduravam o rosto com traços exuberantes.
A moça caminhou com leveza até os convidados mais importantes e quando estava diante deles se curvou em uma perfeita reverência.
— Seja bem-vinda, minha filha.— O rei disse tomando-a pela mão e a trazendo para junto de si.
Era nítido o quanto o ego dele estava inflado pelos olhares de admiração que a Princesa recebia dos principais líderes do reino. Mas quando o monarca se virou para ver aquele a quem mais buscava impressionar seu sorriso murchou. Imediatamente suas feições enrigiceram. Louis permanecia de olhos fechados. A temperatura elevada de seu corpo o levando a ter vários calafrios.
— Senhor...— o homem que acompanhava o Duque chamou em voz baixa temendo um conflito eminente.
Louis soltou um suspiro resignado. O som do ar saindo de sua boca porém, se misturou a uma crise de tosse que não pode ser contida. Por fim abriu os olhos de uma vez com uma expressão ameaçadora. Seu olhar focou na pessoa que estava à sua frente.
— Você é a Princesa Herdeira?— Ele indagou com um sorriso insolente. A jovem fez uma mesura.— Você até que é bonita.— Ele soltou dando uma boa olhada nela. — Agora vamos ao que interessa— falou as palavras pausadamente.— onde está a sua irmã?
Ao ouvir aquilo o rei ficou perplexo. Seus príncipes e líderes de governo compartilhavam olhares de espanto e exclamações contidas. O Duque de Savoie revirou os olhos e estendeu o braço esquerdo ao seu assistente pessoal que prontamente o apoiou. Fazendo um enorme esforço Louis ficou de pé e caminhou devagar, quase que se arrastando até sua majestade.
Quando estavam próximos o suficiente ele acenou com a mão para ele se aproximasse.
— A sua festinha até que estava divertida, embora o pouco de audição que me resta quase tenha sido desperdiçada.— Falou ele em voz baixa. As palavras pareciam flutuar sobre a pele agora avermelhada do monarca.— Agora, onde está a minha noiva?
O Primeiro-ministro que ouvia a conversa bem de perto resolveu intervir:
— Deve... haver algum engano, sua alteza.— Disse com o corpo inclinado em uma reverência.
— Engano?— a voz de Louis se elevou e ele ergueu a cabeça de maneira brusca.— Você ouviu o mesmo que eu Lohan? o Primeiro-ministro disse que deve haver um engano.
Naquele momento um grupo numeroso de homens armados surgiu entre a multidão. Eram soldados disfarçados que estavam ali para fazer a escolta do Duque.
— Vocês me tem por idiota?!— Louis gritou exaltado.
Lohan, seu insigne assistente se adiantou em direção ao seu amo procurando acalmá-lo. Os convidados ficaram de pé, e uma tensão apoderou-se de todos. De um lado a guarda do palácio de Jaipur estava posicionada e armada e do outro os soldados de Annecy, todos com armas de alto calibre.
Quando o chefe da guarda real viu aquelas armas desconhecidas temeu sobremaneira. Fazendo sinal com a mão ele informou que queria falar com o acessor real imediatamente. O rei Amir foi rápido em perceber que eles estavam em desvantagem e engolindo seu orgulho foi rápido em tomar uma decisão:
— Pois muito bem, excelência!— Ele anunciou em voz alta.— O senhor diz querer a Princesa Janna, e é ela mesma que terá!— A expressão no rosto do monarca era de puro ódio.
A afirmação do rei pegou a todos de surpresa mas acalmou o Duque de Savoie e sua comitiva pois todos abaixaram e guardaram as armas.
O rei de Jaipur se retirou primeiro, estava indignado. Nunca em toda a sua vida tinha sido enfrentado daquela forma.
— Todos estão convidados para ir à sala do banquete! O jantar será servido em seguida.— As palavras do Porta-voz real dispersaram a multidão.
(***)
O Pungi*- flauta indiana usada pelos encantadores de serpentes.
🤯
Louis já chegou pondo banca... 😂
Essa foi uma cena bônus como uma apresentação.
Bem-vindas!!! 🥳🥳🥳
Estamos trabalhando para melhor atendê-las, sem previsão de atualização por enquanto...
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Com Amor, Eu Creio.
Spiritual|ROMANCE CRISTÃO| CONCLUÍDO* Jaipur é um reino cercado de guerras e inimigos implacáveis. Em meio à esse cenário Janna uma princesa indiana tem que enfrentar um desafio ainda maior: casar-se com um desconhecido à beira da morte.