Berlim, 21:14 - 20.02.2099.

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Durante cerca de dez minutos, os três motoristas que retornavam agora para a DCE trocavam, pelo canal de comunicação que os interligava, vários berros na tentativa de atribuírem as razões pelas quais haviam falhado em sua missão, além do fato de uma integrante da equipe ter sido gravemente ferida. Apenas no momento em que se aproximaram do pátio da Dan-ho Enterprises, os chefes da segurança interna tentaram se concentrar na atual situação, conectando assim seu canal de comunicação diretamente com o DSI, que escutou aos berros:

- Atenção, segurança interna! Aqui é o Tenente Anderson! Estamos retornando à DCE transportando a Tenente Lweiz gravemente ferida. Alertem a enfermaria de que se preparem pra recebê-la imediatamente. Isso é uma ordem!

- Aqui é o Tenente Johansen! Ordeno que enviem imediatamente uma equipe de segurança pro portão do estacionamento subterrâneo e mantenham-no aberto pra nossa chegada de emergência. Instruam a equipe de vigilância pra aguardarem no portão até a chegada do carro da Tenente Lweiz, que foi programado pra voltar automaticamente pra DCE, entendido?!

Após alguns segundos - que a equipe de plantão do DSI usou para confirmar os códigos de ID que lhes haviam sido automaticamente enviados quando o canal de comunicação fora aberto -, o desenfreado grupo, que agora avançava em direção ao portão da garagem da DCE, escutou em afoito tom:

- Sim, senhores! Entendido perfeitamente!

- Me deem espaço pra manobrar na garagem! - berrou a Tenente Moss para os dois colegas que a seguiam, logo após terem encerrado sua comunicação com o DSI.

- Beleza!

- Ok - responderam-lhe então, respectivamente, os tenentes Anderson e Johansen para, logo em seguida, começarem a diminuir a aceleração de seus veículos, deixando assim que a Tenente Moss avançasse sozinha na direção do portão que estava sendo aberto. Não obstante, a Tenente Moss continuou a avançar na velocidade em que já se aproximava, reduzindo apenas no momento em que estava à beira da rampa que descendia até o portão de acesso, para que seu carro não fosse projetado no ar e acertasse o portão que ainda não havia sido completamente erguido.

Os membros do grupo avançado de vigilância - que ainda corriam em direção à entrada do estacionamento, com o objetivo de se posicionarem ao lado dela - podiam escutar os insanos e desesperados roncos dos motores que se aproximavam até que, de repente, tiveram de jogar-se para os lados, na tentativa de desviar-se abruptamente da direção da entrada da garagem, ao verem que o primeiro veículo aproximara-se de tal forma que quase acertara o portão que ainda ascendia à sua posição final. Observaram então a continuação da ousada manobra, que somente terminou após um cavalo de pau para a esquerda, que projetou o veículo lateralmente na direção dos elevadores.

Os curiosos agentes da segurança interna, que assim continuaram a observar o veículo, viram então que dele desesperadamente saíra a Tenente Moss, que correra para o painel de acesso dos elevadores, chamando por qualquer um deles, antes que retornasse para o lado do passageiro de seu carro, de onde, após quase arrancar a porta, retirou a Tenente Lweiz. Em seus braços, sua colega ferida jazia inconsciente, com o que restara de seu braço direito sobre seu colo, que estampava agora vários tons de vermelho resultantes da mescla do sangue que lentamente vertia de um curativo improvisado em contraste com o vestido que usava.

Enquanto a Tenente Moss carregava rapidamente a Tenente Lweiz até o elevador que abrira suas portas, requisitando, com dificuldade, o andar da enfermaria da DCE, usando seu cotovelo direito, o grupo de vigilância então escutou outros dois carros ferozmente mergulharem na garagem por meio da rampa de acesso. Focando agora esses dois veículos, o grupo presente pôde observá-los enquanto avançavam violentamente na direção do elevador que acabara de fechar suas portas e levava as tenentes Moss e Lweiz para o andar da enfermaria.

NOVA Berlim 2099Where stories live. Discover now