Berlim, 08:18 - 20.02.2099.

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Após quarenta e oito horas passadas sem contato algum de nosso agente, assumimos oficialmente que havia sido capturado ou eliminado. Decidimos, então, declarar a missão como falha, para em seguida retomarmos ao nosso cronograma, revisando nossas estratégias em busca de erros a serem sanados e novas medidas táticas a serem tomadas. A sua captura resultaria-nos em um considerável atraso a longo prazo, de acordo com nossas metas, obrigando-nos à vergonhosa necessidade de admitirmos que havíamos subestimado os chefes da segurança interna da DCE e, que de agora em diante, teríamos de calcular nossas projeções com mais cautela.

Os dados que nos haviam sido enviados informavam que, de acordo com o sistema de controle de acesso interno, os chefes do DSI praticamente não estiveram presentes durante o dia de ontem, retornando apenas próximo do fim do expediente. Disso seguiu-se, então, outra ausência, visto que ainda ocorrera o seu retorno ao final da noite. Também segundo as informações posteriores a nós enviadas, os chefes da segurança interna da DCE haviam, na presente data, registrado sua entrada em um horário demasiadamente precoce, em relação aos seus horários antecedes e comumente praticados por eles. Toda essa movimentação indicava que, obviamente, algo estava sendo perpetrado.

As impossibilidades que agora enfrentaríamos pairavam sobre a oportuna vantagem estratégica que haviam adquirido os chefes do DSI.

Na noite anterior, pouco antes que os chefes da segurança interna deixassem as instalações da DCE, o Tenente Johansen questionou-os sobre a possibilidade de o grupo chegar mais cedo, no dia seguinte, e se encontrar na ala funcional do refeitório. Havia dito isso pouco antes de entrarem em seus respectivos carros, para em seguida deixarem o prédio.

Era exatamente essa a lembrança que a Tenente Moss tinha em mente, no exato momento em que o elevador abriu suas portas, dando-lhe acesso ao refeitório da Dan-ho Enterprises. O trânsito próximo ao centro da cidade havia lhe tomado mais tempo que o normal e questionava-se agora se novamente estaria chegando atrasada.

Rapidamente, verificou o horário local, agora em seu campo de visão, enquanto procurava por seus colegas em meio aos muitos funcionários que estavam tomando o seu café da manhã. Vários deles, enquanto caminhava pelo refeitório, cumprimentavam-na ao mesmo tempo em que sobre ela lançavam um olhar incógnito que a Tenente Moss preferia ignorar. Poucos instantes depois, ela avistou seus colegas, algumas mesas à frente, sentados com vários de seus subalternos da segurança interna. Caminhou então na direção da mesa, observando que a Tenente Lweiz parecia-lhe um pouco apática, enquanto apenas os tenentes Anderson e Johansen conversavam tranquilamente com alguns sargentos e agentes da segurança.

Porém, ao se aproximar, todos aqueles sentados à mesa lançaram sobre ela o mesmo curioso olhar que anteriormente a cobria, ao que então ela não foi capaz de conter-se, perguntando-lhes indignadamente:

- Qual é?!

- Que óculos maneiros são esses aê?! - perguntou-lhe o Tenente Anderson curiosamente.

O Tenente Anderson teve então a impressão de que a Tenente Moss o havia fitado por alguns segundos antes de lhe responder, mas não pudera ter total certeza devido ao fato de não poder ver os olhos de sua colega, que se encontravam escondidos por trás do curioso dispositivo que ela portava.

O visor dos supostos óculos era formado por uma única peça vítrea completamente negra, acompanhando a curvatura craniana à frente dos olhos e firmemente preso a uma moldura chanfrada. Essa moldura possuía uma base abaulada que lhe cobria completamente suas órbitas oculares, tendo o que parecia ser um confortável descanso sobre o nariz, além de largas e espessas hastes de apoio, que estavam sobre suas orelhas e que possuíam um formato que insinuava comportar algum tipo de circuito eletrônico.

NOVA Berlim 2099Where stories live. Discover now