Berlim, 11:02 - 18.02.2099.

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Ao entrar na sala de conferências da segurança, por meio do DataLink a Tenente Moss viu seus três colegas, em telas separadas, e imediatamente escutou o Tenente Johansen dizer:

- Então... podemos começar.

Olhou em seguida para a Tenente Lweiz, que aguardava com um olhar absorto, e para o Tenente Anderson, que lançava-lhe um sorriso sádico. Entendendo então a afronta sarcástica, no momento em que ela entrara no elevador - desvio de conduta inconveniente que havia se tornado frequente desde que o Tenente Anderson sobrevivera ao ataque terrorista ao posto militar americano em que serviu, localizado na costa Indiana, em 2089, no qual também perdera sua visão - lançou-lhe ela seu olhar de pura indignação e sussurrou-lhe:

- Palhaço.

- Então... - continuou o Tenente Johansen, inclinando-se para frente e retirando do bolso de seu sobretudo os documentos e cartões de crédito não nominais que havia encontrado com seu prisioneiro - creio que primeiramente temos de descobrir quem é esse cara. Ele não é um qualquer! Esse gerador criptográfico de senhas de segurança não me parece coisa de amadores.

Ao ver o Tenente Johansen colocando o aparelho à sua frente, sobre sua própria mesa, o Tenente Anderson observou-o e perguntou-lhe:

- Você é o especialista. Tem alguma ideia de onde e como ele pode ter conseguido isso aê?

Voltando então de seu horizonte distante, a Tenente Lweiz, que estava absorta, respondeu-lhe:

- Com aquela corja de fanáticos religiosos é que não foi.

- Fato! - concordou o Tenente Johansen. - O aparelho não possui logotipo algum. Seja lá como isso tenha sido desenvolvido, gastou-se muito tempo e dinheiro pra criar algo que pudesse ser usado contra nós, ou contra qualquer um.

- Certeza disso? - indagou-lhe o Tenente Anderson.

- Argh?! Qual é?! Acha mesmo que a Dan-ho ou qualquer outra concorrente iriam criar algo que pudesse ser usado contra eles mesmos?!

- Seja lá quem for, é um inimigo à altura - completou-lhe a Tenente Moss.

- Exatamente! - continuou o Tenente Johansen. - É por isso que vamos começar tentando descobrir quem é o otário que alvejei pra termos uma ideia de que inferno ele veio. Vou acessar o link que temos com a delegacia de polícia de Berlim e ver o que encontramos.

O Tenente Johansen então espalhou os documentos sobre sua mesa e acessou o sistema de segurança da Dan-ho Enterprises para, em seguida, conectar-se ao dispendioso link de dados que a DCE possuía juntamente à DP de Berlim. Ao que surgiu à sua frente a tela de pesquisa de fichas criminais e sociais, vinda do sistema externo, ele inseriu o nome que estava nos documentos que tinha em seu poder. Aguardou ele alguns segundos enquanto observava o ícone animado de busca, mas, confirmando sua infeliz suspeita, nada encontrou. Recostou-se em sua poltrona, afastando-se um pouco do teclado holográfico à sua frente, dizendo:

- Nada! Está realmente começando a ficar interessante!

- O que faremos agora, já que ele não possuí nenhum registro local? - perguntou-lhe a Tenente Moss.

- Nessa circunstância, é possível que ele não tenha nem mesmo um registro nacional - respondeu o Tenente Johansen. - Vamos ter de queimar alguns cartuchos. Falthouser já havia nos informado que, se algum dia fosse necessário levantar alguma informação mais sigilosa, nós deveríamos lhe enviar um e-mail com os dados e ele acionaria um contato na Interpol. Certamente algum cachorro que aquele velho comprou de lá!

- Então - perguntou-lhe jocosamente a Tenente Lweiz -, vai enviar um memorando para Vossa Excelência?

- Eu deveria era enviar um vírus pra aquele velho! Então... vou enviar um e-mail... sem vírus... com os dados e ele que se vire.

NOVA Berlim 2099Where stories live. Discover now