Berlim, 13:18 - 18.02.2099.

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A disposição da enfermaria - uma avançada ala hospitalar que ocupava quatro andares da DCE, incluindo um centro cirúrgico para a implantação de próteses e cirurgias delicadas - era bem diferente do resto dos outros departamentos do prédio. Caminhando a esmo por corredores nos quais nunca haviam estado antes, logo após terem saído do elevador para o andar que haviam requisitado, procuraram então por qualquer indicativo que poderia lhes revelar onde estaria seu prisioneiro.

Após dobrarem um outro corredor à direita, avistaram um agente de segurança, armado com um rifle de assalto, em guarda à frente de um quarto da enfermaria. Caminharam na direção de seu subalterno, deduzindo o óbvio, mas acabou que, ao se aproximarem, o Tenente Anderson perguntou, após trocar continências com o agente em guarda:

- Soldado, é aqui que se encontra nosso prisioneiro?

- Sim, senhor!

Dando um passo à frente, aproximando-se então da janela do quarto de recuperação, o grupo avistou um homem sobre a cama, com vários tubos e aparelhos ligados a ele. O paciente parecia estar inconsciente e, ao que observaram com mais atenção, perceberam que o volume abaixo dos lençóis era bem menor do que o de um homem íntegro. Nesse instante, pasma, a Tenente Lweiz indagou-lhes:

- Mas que diabos é isso?! Vocês mandaram esquartejar o homem?

- Bom... não seria uma má ideia! Mas infelizmente eu não fui o autor! - exclamou com satisfação o Tenente Anderson, lançando então seu olhar interrogativo para o Tenente Johansen, que apenas balançou negativamente sua cabeça. Ambos lançaram assim olhares incisivos e inquisidores diretamente nos olhos azuis naturais da Tenente Moss, que, indignadamente, respondeu-lhes:

- Argh... nem vem!

- Soldado, sabe dizer o que aconteceu com o nosso prisioneiro?! - perguntou-lhe a Tenente Lweiz rispidamente.

- Não, senhora. Quando cheguei pra render o turno do agente anterior, eu já havia encontrado nosso prisioneiro neste estado.

- Humpf... teremos então de encontrar o açougueiro que manda nesta birosca - afirmou o Tenente Johansen para, em seguida, lançar seu olhar sobre seu subalterno, perguntando-lhe: - Sabe onde se encontra o responsável por este setor?

- Senhor, siga o corredor em frente e depois dobre à direita, o escritório do médico-chefe se encontra no final do mesmo.

Antes de começar seu percurso em direção ao próximo corredor, o Tenente Johansen tirou de seu bolso esquerdo a sobremesa que havia levado consigo do refeitório e entregou-a ao agente em guarda, dizendo-lhe:

- Aqui está, rapaz. Mantenha o bom trabalho.

- Obrigado, senhor.

O grupo que então já seguia em direção ao próximo corredor estranhou o gesto do Tenente Johansen e, ao dobrarem à direita, o Tenente Anderson perguntou-lhe jocosamente:

- Procurando agradar as tropas, Napoleão?!

- Conquisto a moral de meus homens respeitando-os, não sodomizando meus prisioneiros à frente deles - respondeu-lhe seriamente, mesmo ainda olhando para frente.

- Aahh... mil perdões! Eu não quis ofender sua idoneidade.

- Deixa de onda! - respondeu-lhe o Tenente Johansen, agora olhando curiosamente para o que parecia ser um enfermeiro que se encontrava quase ao final do corredor e que deveria estar pedindo para ser demitido.

O indivíduo caucasiano encontrava-se desleixadamente jogado em uma das cadeiras de espera. Seu jaleco médico estava completamente aberto, revelando que, por baixo, trajava o que parecia ser uma camiseta de uma banda de power metal. Usava também uma calça jeans surrada e a réplica de um par de tênis que parecia pertencer a algum modelo muito vendido no final do século passado. O que havia de mais impactante nesse projeto de enfermeiro era o fato de estar com a barba por fazer, cabelos pretos semilongos, na altura da base da orelha, totalmente ouriçados e desengrenhados, finalizando com um cigarro aceso em seus lábios.

NOVA Berlim 2099Where stories live. Discover now