(016). rafal

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ASSIM QUE as três bruxas empurraram Jack e Lynn para dentro de seu quarto queimado e fedorento no alojamento, Hester trancou a porta e olhou de cara feia para Lynn.

- Tedros, seu cabeça de frango! Por que você ficou tão próximo da Maeve?! Quase fez com que fôssemos descobertos! - exclamou ela.

Sem prestar atenção para a bruxa, Tedros olhava para baixo, para seu corpo feminino cheio de curvas. - Você viu o jeito como aqueles meninos Sempre ficaram me olhando no corredor?

- Acalme-se, príncipe encantado. Tem tanta gente nesse castelo que ninguém mais sabe quem é quem - zombou Hester, arrumando a fotografia de sua mãe na parede, diante de uma casa de pão de gergelim.

- Vocês dois estarão a salvo em nosso quarto até essa noite - acrescentou Anadil, vendo dois de seus ratos cheirando o terceiro, que estava fraco. - Se bem que se o Tedros falar mais com esse sotaque horrível, talvez eu corte a sua garganta.

- É o único jeito que consigo manter a voz alta! - respondeu Tedros, puxando os shorts do uniforme do Mal, achando desconfortável demais aquela roupa.

- Faz com que você pareça uma leiteira de Maidenvale - disse Dot, distraidamente, remexendo em seu armário. - O papai gosta de leiteiras. Ele mantinha uma em nosso porão.

Todos do quarto olharam para ela.

- Que bom que você acha isso engraçado - Tedros vociferou, ainda puxando o short. - Nem consigo pensar nesse corpo! O feitiço que Merlin usou para tingir meu cabelo está coçando, meu traseiro não cabe nas minhas calças, minhas pernas estão congelando e toda hora eu tenho que fazer xixi!

Maeve bufou, irritada. - Pelo menos uma coisa não mudou.

Tedros lançou-lhe um olhar nocivo. - E quem foi que arranjou esses nomes idiotas? Jack e Lynn, como se nós fôssemos uma dupla de comédia circense.

Dot corou, parecendo magoada. - Passei todas as nossas aulas tentando pensar em nomes legais para vocês, foi por isso que tirei notas baixas, e eu achei que se orgulhariam de mim, por ter feito um trabalho tão bom.

Ela assoou o nariz no corpete, prestes a chorar.

Hester, Anadil e Maeve fuzilaram Tedros com o olhar.

- Ponha-se no meu lugar, Dot - disse Tedros, sentindo-se culpado, coçando o cabelo. - Sou o príncipe de Camelot, em breve serei rei, se eu não morrer primeiro. Se algum dos meus amigos me vir assim...

- Estou bem certa de que eles acabaram de vê-lo no corredor - exclamou Maeve, com os hormônios masculinos fervilhando. - Acho que o Chaddick até piscou para você.

Tedros ficou boquiaberto.

- Essa é a velha Maeve - Hester deu um sorrisinho malicioso, orgulhosa da antiga colega de quarto.

- Finalmente, de volta ao grupo! - riu Anadil, contente que a bruxa continuava com seu comportamento difícil.

- Meninos ficam zangados e famintos o tempo todo? Eu poderia comer esse travesseiro - Maeve se esparramou no colchão da cama, revolvendo a fuligem.

O travesseiro se transformou em chocolate, graças ao feitiço de Dot. Maeve agradeceu pelo doce e atacou o travesseiro, enchendo a boca de chocolate, quase desesperada pela sobremesa.

Tedros ficou olhando sua companheira, agora um menino esfomeado e briguento; as três bruxas do Mal, ainda rindo às suas custas; a sua própria silhueta delgada, o queixo suave e as pernas lisas, refletidos numa moldura de vidro...

O príncipe começou a suar.

- Não consigo fazer isso... Simplesmente não consigo... - a ponta de seu dedo começou a reluzir em dourado de magia. - Vou fazer um contrafeitiço e reverter a poção.

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