(009.) nemesis

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DEPOIS QUE TEDROS foi embora, Maeve continuou no banheiro por um bom tempo, pensando no que havia acontecido.

Pela primeira vez, eles haviam conversando de forma pacífica, sem trocar ofensas ou xingamentos. A bruxa sabia que devia esquecer aqueles momentos, porém só conseguia pensar no quão triste Tedros parecia ao ir embora.

Talvez fosse a voz magoada dele quando perguntou se deveria sair, e Maeve havia respondido que sim. De qualquer forma, ela não deveria se importar, então ocupou a mente pensando em como sair daquele castelo sem ser vista por alguma das fadas ou os príncipes de patrulha.

Vendo uma trilha de pedaços de chocolate no chão, Maeve seguiu até a última cabine do banheiro, onde encontrou um quadro torto, e ao empurrar a moldura, viu um caminho escuro com cheiro de lodo.

"Uma passagem secreta", pensou ela, sorrindo.

O rio que rugia através das tubulações percorria o longo túnel do Bem para o Mal, interrompido somente pela Sala da Condenação, que ficava no ponto central entre as duas escolas.

Por muito tempo, a Fera havia guardado o ponto central, no qual a água límpida do lago transformava-se no lodo turbulento do fosso.

Com certeza, era por aquele caminho que Sophie e suas colegas de quarto conseguiam ir até a Escola do Bem e planejar seus ataques.

À medida que Maeve agarrava-se às paredes do túnel e aproximava-se da Sala de Condenação, conseguia ver sombras se movendo ao redor e algumas vozes.

— Espere até que estejam a ponto de matá-lo — sussurrou Anadil. — Tedros tem que pensar que você o salvou da morte.

Em silêncio, Maeve seguiu abrindo caminho junto à parede da tubulação, até que viu três sombras agachadas na frente da grade enferrujada do calabouço.

— Todos os Sempre pensarão que foi um ataque de Anadil, não seu — disse Hester, com a voz ressoando acima do barulho do rio. — Tedros vai pensar que você o salvou. Vai achar que você salvou sua vida.

E então ele vai me amar? —perguntou a terceira sombra, com um tom melancólico.

Maeve deu um passo para trás, surpresa.

Hester virou-se rapidamente. — Quem está aí?

Maeve saiu das sombras, então Hester e Anadil pularam, ficando em pé, ambas com expressões horrorizadas. A terceira sombra virou-se lentamente.

Sob a luz fraca, Sophie parecia abatida e bem mais magra. — Minha querida, querida Maeve.

— O que está fazendo? — perguntou Maeve, com a garganta seca.

— Estamos ajudando um príncipe a cumprir sua promessa — respondeu Hester, séria.

Ela arqueou uma sobrancelha. — Armando um ataque?

— Mostrando a ele quanto eu o amo — disse Sophie, sorrindo, e da Sala da Condenação veio um clamor de guinchos e grunhidos ruidosos. — Anadil vem ensaiando para o Circo de Talentos.

Maeve fez a menção de ver o que havia na cela, mas Hester impediu-a. Por cima de seu ombro avistou três focinhos pretos enormes, sobressaindo sobre a grade, mostrando dentes afiados como lâminas.

Eles estavam farejando algo fora de seu alcance. A gravata de um Sempre com um "T" bordado.

— Não enxergam direito, pobrezinhos — suspirou Sophie, balançando a cabeça. — Captam o alvo pelo olfato.

Maeve franziu a testa, confusa. — Você quer matá-lo ou conquistá-lo?

A loira riu baixinho. — Vou parar antes que lhe causem algum dano, é claro. É só pra dar um bom susto nele.

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