(012). shadows

567 69 8
                                    

- VOCÊ NÃO SABE nada sobre mim! - Tedros vociferou, e em seguida jogou o travesseiro cheio de penas para o outro lado do quarto.

Maeve tossiu e depois revidou, batendo nele com outro travesseiro e lançando-o de encontro à moldura preta da cama enquanto penas voavam por todo lado e o encobriam.

- Eu sei até demais sobre você, esse é o problema! - rugiu Maeve, e agarrou a bandagem mal feita colocada ao redor do colarinho azul do príncipe.

- Se você me conhecesse, saberia que faço as coisas do meu jeito - Tedros bufou, ajustando os cordões da camisa.

- Você tentou assar o meu corvo! - replicou Maeve, com um tom furioso. Em um ato de desespero por carne, o garoto havia tentado prender Onyx no fogão e transformar a ave em um temperado corvo assado.

- Esse corvo é o Satanás - Tedros parecia não se importar com o comentário da garota. - E, se você me conhecesse, saberia que detesto aves.

Ela revirou os olhos. - Sem dúvida, você é o tipo de pessoa que gosta de cães, seres babões, sem graça e, agora que estou reparando, muito parecidos com você!

Tedros lançou-a um olhar raivoso. - Vamos começar com ofensas por causa de uma atadura?

- Três semanas se passaram e não está sarando, Tedros - pressionou Maeve, agora com um tom mais ameno, parecendo um tanto preocupada. - Vai infeccionar se eu não cuidar...

O príncipe negou. - Talvez o tratamento seja diferente em cabanas de bruxas escondidas na floresta, mas, de onde eu vim, uma simples atadura resolve.

- Uma atadura que parece ter sido feita por uma criança de dois anos de idade? - Maeve debochou. - Não sei se você percebeu, mas não estamos em Camelot.

- Tente ser ferida com sua própria espada enquanto está desaparecendo - afirmou Tedros, com um ar dramático. - Tem sorte por eu estar vivo... Mais um segundo e ele teria acabado comigo.

- Mais um segundo e eu teria me lembrado do pavão empinado que você é e o teria deixado para trás.

- Como se você pudesse encontrar algum menino melhor que eu nessa ratoeira de floresta.

- A essa altura, eu trocaria você por um pouquinho de espaço e silêncio...

- Eu a trocaria por uma refeição decente e um banho morno!

Por um breve momento, o príncipe e a bruxa trocaram olhares intensos, uma discussão silenciosa do que fariam em seguida, então por fim, Tedros suspirou, envergonhado. Ele tirou a camisa, abriu os braços e se sentou na cama.

- Vai fundo, bruxinha.

Durante os dez minutos seguintes, nenhum dos dois falou, enquanto Maeve limpava o corte de oito centímetros no tórax com óleo de rosa, aveleira de bruxa e uma pitada de peônia branca.

Pensar em como o príncipe adquiriu o ferimento, tão perto do coração, fez ela sentir um frio na barriga e então se obrigou a focar na tarefa. Não precisava pensar nisso, já que os pesadelos horrendos que tinha todos os dias já cumpriam bem essa função.

O Diretor da Escola rejuvenescendo, sorrindo para Tedros amarrado a uma árvore, os olhos faiscando em vermelho ao apunhalá-lo...

Maeve salpicou açafrão fervido no ferimento e Tedros cerrou os dentes, contendo os gemidos baixinhos. - Eu disse que não estava sarando.

Ele virou o rosto. - Nós estamos presos nessa casa há três semanas, bruxinha. Eu como toda a comida que você faz, sou uma droga na limpeza, e ainda não consegui caçar um único pássaro para nosso jantar.

✓ | DISENCHANTED ♰ sgeWhere stories live. Discover now