Capítulo 14

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Sofia
Um mês depois do meu fatídico tombo, eu tinha, finalmente, acabado de tirar o gesso do meu pé. Chris já havia retirado os pontos do meu braço umas duas semanas antes, na minha casa mesmo. Porém, retirar um gesso era um pouco mais complicado do que retirar pontos e isso me fez ter que parar no hospital no primeiro dia da pausa de fim de ano das gravações.

- Sente alguma dor? - A médica perguntou, mexendo meu tornozelo devagar e com cuidado.

- Nenhuma. A única coisa que sinto é alívio por ter tirado esse gesso. - Confessei e ela riu.

- Eu sei que é péssimo, mas olhando pelo lado positivo, pelo menos você não teve que operar.

- Ainda bem! Serei eternamente grata por isso. - Brinquei e ela riu mais uma vez. A porta do consultório se abriu e a secretária da médica entrou no local, indo até ela e falando algo que eu não escutei.

- Sofia, parece que que eu tô  recebendo uma ligação urgente da escola da minha filha e eu preciso atender. Você se importa de esperar uns dez minutinhos?

- Claro que não.

A mulher agradeceu e se levantou, saindo da sala com a secretária. Mexi meu pé com todo o cuidado do mundo, suspirando de felicidade por estar livre daquele gesso, mas parei quando ouvi uma risadinha ao meu lado. Desviei o olhar do meu tornozelo e me virei na direção do som, encontrando Philipe com a mão sobre a boca, como se estivesse segurando o riso.

- Posso saber o motivo da risada? - Perguntei e meu amigo riu ainda mais.

- Desculpa, amiga, mas seu pé está tão branco que parecendo um palmito. - Alinhei os meus dois pés, vendo que, de fato, o que havia sido engessado estava mais branco, e acabei dando uma risada também.

- Realmente. E eu só fiquei um mês com o gesso, hein, imagina se tivesse ficado mais tempo. - Philipe pareceu pensar um pouco e soltou uma gargalhada alta.

- Ia ficar tão branco que a gente não ia saber o que era seu pé e o que era o gesso.

- Por que é que eu deixei você vir? - Reclamei, brincando, e ele sorriu.

- Porque você ama a minha companhia. - Revirei os olhos.

- Não se iluda, Phil. - Falei e meu amigo, sendo o homem maduro que era, me mostrou a língua.

Philipe tinha, na verdade, se oferecido para vir quando eu comentei que Helena estava trabalhando e não conseguiria me acompanhar. Ele sabia do meu medo de hospitais e quis vir comigo para que eu não ficasse sozinha. Eu achei uma atitude fofa e não neguei, principalmente porque eu realmente estava apavorada. Chris estava de plantão e tinha me prometido que tentaria vir na consulta, mas como ele trabalhava em emergência, eu sabia e entendia que ele poderia não aparecer. E eu já estava achando que realmente não o veria quando duas batidas de leve ecoaram no consultório e a porta do mesmo se abriu, revelando Chris. Ele entrou no cômodo e fechou a porta atrás de si, cruzando o pequeno caminho até mim. O homem estava de jaleco , era a primeira vez que eu o via assim e eu mordi o lábio ao perceber que ele conseguia ficar ainda mais bonito e mais atraente do que ele já era normalmente.

- Não acredito que eu perdi a retirada do gesso. Você gritou?

- Óbvio que não, Chris. - Me fingi de ofendida.

- Ela realmente não gritou, mas chorou igual criança. Eu filmei, posso te mostrar depois. - Philipe chamou nossa atenção e Chris o olhou, franzindo de leve o cenho ao ver o outro homem parado ali. - Eu sou Philipe, colega de trabalho e amigo da medrosa aí.

Philipe estendeu a mão na direção de Chris e eu fiquei observando os dois atentamente, sem piscar, tentando prever qual seria a reação do médico. Nós dois nunca tínhamos passado por essa situação de termos que apresentar alguém das nossas vidas para o outro durante esse mês juntos. Não sabia o que ele ia fazer ou o que ele iria falar, como ia se apresentar, e confesso que estava curiosa e levemente preocupada. Porém, mostrando-se a pessoa incrível que Chris era, ele sorriu para o meu amigo e levou sua mão até a dele, apertando-a.

Esse tipo de amor...Where stories live. Discover now