Capitulo 8

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Sofia
- Ok, então agora eu preciso de salsinha. - Falei, checando a lista que Helena havia me mandado, e fui andando até o local onde vários alimentos verdes estavam. Parei de frente para eles e franzi o cenho, perdida no meio daquilo tudo. Me estiquei um pouco, pegando um pacotinho, e estava prestes a colocar no carrinho, mas Chris me parou.

Sim, ele realmente tinha vindo me acompanhar no supermercado. Sim, ele era lindo, gentil, respeitoso e prestativo ainda. E nesses dias em que havíamos passado conversando, eu descobri que, diferente do que eu tinha pensado inicialmente, ele era solteiro, o que era péssimo para mim que queria arranjar desculpas para ser somente sua amiga. Além disso, ele já tinha dado a entender, mais de uma vez, que estava interessado em mim. Vez ou outra ele soltava uma cantada ou iniciava uma paquera de leve, mas eu sempre fugia. Porém, por mais que eu quisesse, eu não podia dizer que não estava gostando da companhia dele e de seus elogios, porque isso seria mentira. Eu estava adorando, mas ainda estava conseguindo me manter forte e esperava continuar assim até essa atração passar.

- Isso é hortelã, Sof. - Ele disse, dando um sorriso levemente divertido e eu gemi, enquanto via ele pegar o pacotinho correto e jogar no carrinho.

- Pelo amor! Quando foi que inventaram tantas folhinhas diferentes? - Perguntei e ele riu.

- Elas sempre existiram. Você realmente não entende nada de comida, né?!

- Eu entendo de comer só.

- Nunca quis aprender a cozinhar?

- Até quis, mas aconteceu um pequeno acidente e eu fui banida da cozinha lá de casa para sempre. - Comentei, dando aquele sorriso estilo criança que fez bagunça, e Chris levantou a sobrancelha, curioso. - Tomates. - Apontei e ele assentiu, indo escolher alguns.

- Qual a loucura que você fez na cozinha, dona Sofia?

- Eu meio que posso ter colocado um arroz para cozinhar e deixado ele no fogo, enquanto fui para o meu quarto, coloquei uma música e estava me divertindo, arrumando minhas malas para viajar no dia seguinte. Uma hora se passou, a água secou, eu não coloquei mais, também não vi ou ouvi nada de estranho. Quando a minha mãe chegou em casa, estava tudo cheio de fumaça e a panela estava pretinha. Esse não tinha sido meu primeiro desastre, então minha mãe me proibiu de chegar perto do fogão. - Quando terminei de contar, Chris tinha lágrimas nos olhos de tanto rir. Algumas pessoas o olhavam estranho, mas ele não ligava.

- Como você fez isso? - Ele perguntou, ainda rindo, e eu dei de ombros.

- Eu só esqueci, ué. E talvez, mas bem talvez, eu não soubesse que precisava colocar mais água. - Chris riu alto, me fazendo rir também. Na época, tinha sido trágico, pois o fogo poderia ter até se espalhado, mas agora que já haviam se passado alguns anos era engraçado.

- Quantos anos você tinha?

- 17?! - Perguntei e ele negou, rindo.

- Meu Deus! Não acredito nisso. Vou ter que dar umas lições de culinária para você.

- Boa sorte com isso. - Brinquei e ele riu mais uma vez, colocando a mão no peito e tentando recuperar o fôlego. - Pimentão. - Falei e nós seguimos até os pimentões. Chris escolheu alguns e me olhou.

- Mais o quê?

- Acabamos. - Falei, feliz, e ele sorriu, empurrando o carrinho na direção dos caixas.

- Meu maxilar chegou a doer de rir. Eu estava precisando disso. - Olhei seu perfil, percebendo, não pela primeira vez naquele dia, que ele parecia um pouco desanimado, talvez até triste.

- Posso perguntar o que aconteceu?

- Acho que fui um péssimo amigo hoje. - Suspirou, enquanto eu começava a colocar as coisas sobre o caixa. - Encontrei minha melhor amiga mais cedo e, enquanto ela estava me contando sobre o trabalho dela, meio que me distraí e acabei deixando ela falando sozinha. Ela disse que estava tudo bem, mas acho que ficou chateada.

Esse tipo de amor...Where stories live. Discover now