QUARENTA E UM

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  ◇◇  ◇◇  ◇◇  Mila  ◇◇  ◇◇  ◇◇

— Foi muito ruim? — pergunto ao Ben.

— Já teve piores — suspira.

Ele acabou de trazer a Lily de volta para casa. Ela conseguiu fugir, e nos separamos novamente para encontrá-la. Ben foi o que a achou. Lily tem altos e baixos. Nós achávamos que ela estava melhorando, mas, quando ela melhorou em um aspecto, pirou em mais dois. Um passo pra frente e dois pra trás. É assim que estamos durante todo esse ano.

— Está apagada agora — informa a todos.

Nós escutamos um soluço estrangulado, e vemos Margot tapar a boca com as mãos. Ela sai rapidamente da sala, sendo seguida pela esposa. Estamos todos exaustos. Um cansaço mental tão grande, que está virando físico. São três da manhã, e ninguém consegue dormir, apesar das expressões cansadas. Nós voltamos à Los Angeles há algumas semanas. Lily já não estava mais se dando bem em South Lake Tahoe. Toda a família Cooper está na casa da Margot e da Liz. Quanto a mim, parece que voltei a morar com meus pais. Estou sempre na casa ao lado.

Na manhã seguinte, Lily demora para descer. Decido subir para ver se já acordou ou se está apenas deitada. Entro no quarto frio e escuro, vendo o volume do seu corpo deitado sob os edredons. Pelo silêncio do quarto, escuto sua respiração entrecortada. Me aproximo rapidamente, vendo sua testa suada. Toco sua testa, sentindo-a quente. Desço correndo as escadas até a sala.

— Lily está com febre.

Todos se levantam num rompante, já sabendo o que fazer. Josh sobe as escadas rapidamente, e o sigo para preparar uma mala pra ela. Quando saímos da casa, Ben já está com o carro ligado. Liz e eu vamos no banco de trás, segurando a Lily, enquanto Margot vai na frente com o Ben. No meio do caminho, vejo sangue começar a escorrer do nariz da Lily, e pego rapidamente um pano, tentando estancar o sangramento. Medo move meu corpo e faz meu coração bater rápido demais no peito.

Margot já tinha ligado para o oncologista da Lily, avisando que estávamos indo às pressas. Por isso, quando chegamos ao hospital, o Dr. Brown já estava nos esperando, junto com algumas enfermeiras e uma maca. Lily reclama de dor, sua respiração pesada indicando a fadiga, e o sangramento pelas vias nasais não para. Ela logo é levada pela equipe médica.

Me sento numa das cadeiras da sala de espera, querendo chorar. Quando ia apoiar a cabeça nas mãos, vejo que estão meladas de sangue. Me levanto rapidamente e vou até o banheiro mais próximo. Lavo minhas mãos até que o líquido vermelho manche a água cristalina, e desça pelo ralo. Respiro fundo várias vezes, sem querer entrar em pânico.

— Ela vai ficar bem. Lily é uma sobrevivente, e sobreviventes lutam. Ela vai lutar e vai vencer, assim como fez sua vida toda — murmuro para meu reflexo no espelho. — Não tem a menor chance daquela vadia perder meu casamento.

Saio do banheiro e me junto à família Cooper. Minha segunda família. Recebo uma mensagem no grupo onde apenas nós (Kayla, Cat, Nina, Lily e eu) estamos. Elas perguntam como a Lily está. Aviso que estou no hospital com ela. Todas dizem que estão a caminho. Mais ou menos depois de trinta minutos, a voz da Cat ecoa pela sala de espera.

— Teve uma recaída? — ela pergunta.

— Sim.

Seu queixo treme, e ela me abraça. As três fazem o mesmo com a família Cooper. Tortuosos minutos se passam até que o Dr. Brown volte. Ele nos entrega um dos seus sorrisos suaves, e logo começa a falar.

— A Lily já foi internada e examinada. Suas células cancerosas estão se multiplicando rapidamente novamente, e precisamos começar um novo ciclo de quimioterapia. Já iniciamos a terapia de indução. Vocês podem entrar no quarto, mas sem fazer muito alarde. A paciente não pode passar por esse tipo de estresse, tudo bem? Me sigam.

A Garota da Fita Vermelha Where stories live. Discover now