TREZE

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  ◇◇  ◇◇  ◇◇ Lily ◇◇  ◇◇  ◇◇

Hesito antes de começar a ler a primeira página do meu primeiro livro. Respiro fundo e inicio a leitura. Esse foi o único livro onde escrevi sobre o que eu sentia. Leio as palavras que transparecem a minha antiga dor. Eu podia sentir o que a autora quis dizer, o que eu quis dizer. Olhando agora é que eu percebo o quão intensa era a minha agonia. Acho que nem eu percebia a dimensão de tudo que estava sentindo naquela época. E foi só há alguns anos atrás. Um piscar de olhos.

— Lily! — acordo dos meus pensamentos ao escutar a Mila me gritar. — Faz uns quinze minutos que estou te chamando.

— Ah, foi mal. Estava viajando. O quê foi? — coloco um caderno sobre os papéis e os olhos negros da Mila migram para ele.

— Está bem? — pergunta ela, cautelosa.

— Sim, tudo bem. Agora, me diga o que sua fada madrinha particular pode fazer por você hoje.

Nós duas logo fomos para a faculdade. As férias estão se aproximando e logo meu último ano chegará ao fim. Estou muito ansiosa para a formatura. Mas também estou com medo da nova fase que da minha vida que dará início em alguns meses. As aulas ocorrem tranquilamente como sempre. Agora que a Mila está namorando, algumas coisas mudaram. Mesma nós três nos dando muito bem, eu me sinto uma intrusa às vezes. Então, como a Mila e eu passamos muito tempo juntas fora dos muros da faculdade, eu decido deixar que ela fique apenas com o Peter dentro deles.

— Oi, Lily — Jake toca meu ombro e eu me viro surpresa para ela.

— Você não devia estar a caminho de Nova York?

— Meu voo mudou e eu decidi vim me despedir pessoalmente. Eu já encontrei   com os outros e só falta você — ele parece meio sem jeito agora.

Sorrio e me levanto. O abraço apertado e desejo toda a sorte do mundo para ele. Ordeno que Jake me mande mensagens e ligações toda semana e que se ele não fizer isso eu vou atrás dele. Ele ri e concorda. Como estava na hora do meu almoço na faculdade, eu acompanho o Jake até a saída.

— Lily, não precisa chorar. Eu não vou morrer.

— Para de ser insensível. Eu aqui chorando porque vou sentir saudades, e você aí nem ligando. Quer saber? Você não é digno das minhas lágrimas.

Ele logo me abraça rindo.

— Claro que sou digno. Me sinto lisonjeado por isso, a propósito. Não se preocupe, vou te ligar sempre. E você também vai fazer a mesma coisa.

— Vou mesmo.

Jake logo entra no seu carro e sai até o aeroporto. Me sinto feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz por ele está realizando seus sonhos, mas triste por esse sonho estar se realizando em outro Estado.

Ao voltar para casa no meio da tarde, eu corro diretamente para o meu livro. Estou escrevendo meu novo livro e estou no início ainda. Deixo meu caderno ao meu lado, escrevendo as ideias de capítulos futuros e anoto alguns trechos do meu primeiro livro que me inspiram a criar novas cenas. Passo o resto da tarde fazendo isso: lendo meu antigo livro e escrevendo o novo. Tenho que admitir que alguns trechos em específico me deixaram um pouco abalada. É como reviver os meus piores momentos.

Por causa da grande carga emocional que aquelas frase carregam, eu decido fazer uma pausa. Ao olhar pela janela, vejo que já está escuro. Olho ao redor confusa e vejo que a luz do meu quarto está acesa, assim como a luminária em cima da escrivaninha. Alguém deve ter feito isso e eu nem notei. Ou então eu mesma fiz isso e não me lembro.

A Garota da Fita Vermelha Kde žijí příběhy. Začni objevovat