TRINTA E SEIS

289 19 3
                                    

◇◇  ◇◇  ◇◇ Rafael ◇◇  ◇◇  ◇◇

Esse é o ano das Olimpíadas. Lily não vai poder me acompanhar, pois ainda tem um filme para finalizar. Mais uma vez, vamos ficar separados. Não temos uma data específica para retorno. Voltaremos assim que fomos eliminados. Não tem como prever quando isso vai acontecer. Enfrento os times dos Cooper. Mesmo durante um jogo importante como esse, eles carregam aqueles sorrisinhos de canto na boca. São uns idiotas.

Estávamos na França, país sede dos Jogos, e já estamos na reta final. Essa não seria a primeira vez que eu ganharia os Jogos Olímpicos. Mas ainda me sinto nervoso pra caralho. A final vai acontecer amanhã na Alemanha, e vamos enfrentar o time do Josh. Eles ganharam ouro nos Jogos Pan-americanos, então todos estão com grandes expectativas que eles ganhem esse também. Tenho um sobressalto ao escutar meu celular tocar. Pequena.

Oi, amor — ela me cumprimenta alegremente.

Como que por mágica, relaxo completamente.

— Oi, pequena.

Quero saber como está. Não minta para mim — diz séria. Quase posso ver sua expressão agora. Ela deve estar com aquele biquinho que sempre faz quando está séria ou irritada. Sorrio.

— Eu estou bem. Apenas ansioso — ela fica em silêncio, e eu sei que ela sabe que tem mais. — Tive uma crise de ansiedade hoje. O Kevin estava do meu lado e me ajudou. Estou melhor agora.

Preocupada, ela começa a falar. Nós conversamos por mais uma hora, até eu precisar desligar. Ainda levo boas horas pra dormir, mas consigo descansar por um tempo. Na manhã seguinte acordo disposto a ter um ótimo jogo. Todos estão naquele ar de expectativa e nervosismo, mas parecem igualmente felizes por estar aqui. O maior problema foi que um dos nossos acabou se machucando no meio do segundo tempo. Houve uma pausa, o jogador foi levado pra fora, e seu substituto entrou em ação. Pelo menos não foi nada sério, e o substituto mantém o mesmo ritmo de jogo.

Sentindo o coração quase sair do peito, continuo.

   ◇◇  ◇◇  ◇◇  ◇◇  ◇◇  ◇◇  ◇◇

Tento ligar para a pequena, mas sem sucesso. Tento fazer a conta da diferença de horário entre os países, mas nem sei o fuso horário. Paro de prestar atenção no celular ao sentir um braço rodear meu pescoço.

— Qual é, cara! Acabamos de ganhar as Olimpíadas e você está no celular? — Kevin me olha como se eu fosse um alienígena.

— Estou tentando ligar pra minha pequena. Não está dando certo — resmungo, começando a ficar preocupado.

— Tenho certeza que a sua pequena está bem. Venha comemorar. Tente ligar depois — suspiro e assinto.

Pergunto ao Ben se ele sabe de alguma coisa e ele diz que falou com Margot, e a mesma disse que está no hospital com a Lily. Começo a entrar em pânico, mas Ben acrescenta rapidamente que ela teve um pequeno acidente e que machucou o pulso. Me acalmo um pouco ao saber que não tem nada a ver com o câncer, mas fico preocupado mesmo assim.

Depois de toda a bagunça pós-olimpíadas, chegou o momento de voltar pra casa. Estava ansiando para esse momento desde que sai da América. A primeira coisa que faço ao abrir a porta da minha casa, é jogar a mala longe e correr pro banho. Ben me informou o hospital que a Lily está, e eu dirijo até lá com o coração na mão. Uma enfermeira me informa o quarto e, como sou sortudo, é no último andar do hospital. Depois de infinitos minutos dentro da maldita caixa de metal, eu dou batidinhas na porta do quarto.

Margot e Liz estão no quarto junto com a Lily. Minha garota está sentada na cama, e ela desvia o olhar para mim.

— Essa é a nossa deixa, querida — escuto Liz sussurrar para Margot.

A Garota da Fita Vermelha Onde histórias criam vida. Descubra agora